Roni Filgueiras
Vinicius Zepeda |
Modelo em tamanho natural do M. arrudacamposi |
O réptil está sendo considerado o elo perdido dos crocodilomorfos, classificado como o responsável pela revisão da história da espécie e também por jogar luzes sobre a paleontologia brasileira. “A relevância do M. arrudacamposi é enorme por apresentar características morfológicas que possibilitam traçar as conexões das espécies extintas e as espécies viventes”, definiu Ismar de Souza Carvalho, junto com Felipe e a bióloga Sandra Aparecida Simionato Tavares, um dos autores da pesquisa. Diferentemente de seus descendentes aquáticos, o M. arrudacamposi era um predador totalmente terrestre, que media até 1,70m, pesava entre 25kg e 50kg e se alimentava de carcaças de animais mortos. Ele viveu há cerca de 80 ou 85 milhões. Era altamente adaptado às condições de clima árido do interior de São Paulo durante o Cretáceo Superior. Possuía longas patas, uma carapaça flexível e cauda que permanecia na vertical, um tipo de proteção contra os predadores naturais.
Vinicius Zepeda |
Ismar e Sandra exibem fóssil do crânio do réptil |
O estudo de Ismar de Souza Carvalho e Felipe Mesquita de Vasconcellos, ambos do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFRJ, e Sandra Aparecida Simionato Tavares, do Museu de Paleontologia de Monte Alto (interior de São Paulo, a 360km da capital) lançou mão de métodos pouco comuns numa pesquisa clássica anatômica, como a criação de um modelo virtual, a partir de uma tomografia de alta resolução, feita numa clínica do Leblon. “Esses raios-X seqüenciais possibilitaram recriar um modelo virtual”, disse Vasconcellos. “E o resultado em 3D ajudou a reconstituir as estruturas internas e externas do animal, como a topologia do cérebro, a fixação muscular, que permitiu aprimorar os estudos biomecânicos, e a extensão da abertura da mandíbula”, explicou Vasconcellos.
Divulgação |
O M. arrudacamposi conviveu com os dinossauros |
O M. arrudacamposi pertence à família Peirosauridae e o nome homenageia a cidade de Monte Alto e o professor Antônio Celso de Arruda Campos, responsável por importantes descobertas no estado paulista. Trata-se de um fóssil com aproximadamente 80% do esqueleto perfeitamente preservado. Fósseis desta espécie são raros, sendo apenas encontrados em rochas do Cretáceo Superior da Bacia Bauru, no interior de São Paulo. O artigo Montealtosuchus arrudacamposi, a new peirosaurid crocodile (Mesoeucrocodylia) from the Late Cretaceous Adamantina Formation of Brazil, que apresentou o fóssil ao mundo foi publicado na ZooTaxa, importante publicação da área.
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