Vilma Homero
Roberto Conduru |
Na escola de Quintino, jovens alunos participam de oficina de imagem para aprender a produzir vídeo |
Nas imagens do vídeo, integrantes das velhas guardas contam histórias do samba e de suas experiências nas escolas a que pertencem. Afinal, eles são a memória viva de uma parte de nossa cultura, e foi isso exatamente que motivou os alunos do Colégio Estadual Professor Souza da Silveira a querer documentá-los. Em "Patrimônio artístico-cultural, (re)construção identitária e afro-brasilidade", o professor Conduru teve um papel especial. Seu objetivo foi o de passar questões conceituais e procurar capacitar os estudantes na linguagem audiovisual. Foi como eles aprenderam a lidar com as várias etapas da produção de um vídeo, desde as pesquisas iniciais e criação do roteiro à direção, filmagem e edição. E principalmente a refletir sobre os temas da cultura, memória e afro-brasilidade.
Paralelamente a essas reflexões, Conduru vai bem além. A idéia da equipe do projeto, composta também por Carla Lopes e George Araújo, era a de tornar real o significado da palavra "empoderamento". Na prática, isso equivaleria a não só oferecer as oficinas, mas ensinar os alunos a dominar técnicas de uso de um tipo de equipamento simples a que eles sempre possam ter acesso, como celulares e câmeras fotográficas. Em outras palavras, um aprendizado que não se limitasse a uma única obra e fosse depois esquecido pela dificuldade de acesso a equipamento.
"Usamos tecnologia de baixo custo para as filmagens, como câmeras fotográficas e de vídeo digitais, e celulares que filmam e fotografam. Queríamos que, além desse curta-metragem, eles aprendessem a dominar um tipo de mídia que pudesse ser usada a qualquer momento", fala Conduru. À medida que o projeto ia caminhando, as necessidades que surgiram foram sendo resolvidas por meio de contatos que resultaram em novas parcerias. O Comitê para a Democratização da Informática (CDI), por exemplo, interessou-se em transformar sua experiência e equipamento em
workshops para passar aos alunos do Souza da Silveira o trabalho de edição de imagens. Contactada em São Paulo, a Pinacle não se furtou a oferecer uma oficina sobre um software que permite a edição nesse tipo de mídia – celulares e câmeras fotográficas. "Todo o equipamento doado passará a fazer parte do acervo da escola", diz o pesquisador.
Reprodução |
As imagens de membros das velhas guardas no Carnaval foram gravadas no vídeo do projeto |
"Patrimônio artístico-cultural, (re)construção identitária e afro-brasilidade" não se limita apenas ao vídeo. A parceria entre Conduru e os alunos do Souza da Silveira renderá ainda um livro em que se documentará toda essa história. "Haverá depoimentos e textos com a fala dos participantes. São depoimentos ricos, interessantes. Neles, os estudantes falam da descoberta de outras dimensões da afrodescendência, contam como perceberam que a memória do pessoal das velhas guardas fazia parte do patrimônio imaterial cultural." Tão importante quanto, Conduru fala que é visível a mudança de postura desses alunos. "Percebe-se neles um outro vigor. Até porque, além das questões conceituais que passaram a discutir, eles também começaram a dominar técnicas de pesquisa, escrita e audiovisuais. Tudo isso pode ser o início de novos horizontes", entusiasma-se o pesquisador. A expectativa é que até novembro o vídeo esteja concluído.
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