Vinicius Zepeda
Fotos de Alvaro E. Migotto |
Lychnorhiza lucerna foi a espécie mais comum encontrada durante as coletas |
Com apoio da FAPERJ André Morandini estuda, desde setembro do ano passado, a incidência e a diversidade das espécies de águas-vivas no Norte Fluminense. Desta forma, o biólogo procura traçar um detalhado mapeamento local. “Inicialmente nossa proposta era coletar águas-vivas no arquipélago de Santana, na cidade de Macaé. Mas como aquela é uma área de proteção ambiental, tivemos que escolher outro local. Escolhemos então a foz do rio São João, em Casimiro de Abreu, distrito de Barra de São João, também no norte fluminense, que têm as mesmas condições ambientais, e também por constar dos relatos que indicam a presença desses animais”, conta o pesquisador.
Um ponto que chamou a atenção do biólogo foi a falta de estudos no país sobre as águas-vivas. “Aqui no Brasil não há muitas pesquisas sobre o assunto. Mas em países que se preocupam em estudar e entender esses animais, como o Japão e a China, por exemplo, os estudiosos têm demonstrado que o crescimento da atividade pesqueira mundial vem causando aumento do número de medusas”, explica. “Isso ocorre porque muitas delas competem diretamente com os peixes pelos mesmos alimentos; com a redução do número de peixes, elas encontram mais alimento disponível e seu número aumenta”, acrescenta o biólogo.
Até o momento, foram feitas dez coletas de águas-vivas por redes de arrasto na foz do rio São João entre os meses de janeiro e novembro deste ano. Diferente das coletas realizadas por pescadores, que levam em torno de uma hora, as feitas pelo biólogo e pesquisador do Nupem levam apenas cinco minutos. “Ao contrário do que ocorre quando são capturadas durante a atividade pesqueira, procuro levar o menor tempo possível para que as medusas sofram o mínimo de dano. Ainda mais que, no nosso caso, temos que capturá-las e levá-las ainda vivas ao laboratório para serem identificadas e estudadas”, explica.
A Chiropsalmus quadrumanus apresenta tentáculos com alto grau de urticância |
Outra espécie encontrada foi Chiropsalmus quadrumanus, com 60 exemplares coletados. Medindo até 14 cm de diâmetro e 12 cm de altura, chega a pesar 200 g. Ela apresenta quatro projeções do corpo onde ficam presos os tentáculos, bastante urticantes. Também foram coletados 43 exemplares de Olindias sambaquiensis, que pode medir até 20 cm de diâmetro e é mais comum no período de inverno no Brasil. Exemplares de 10 cm chegam a pesar 50 g, apresentam tentáculos amarelados e avermelhados e são muito urticantes. A última espécie encontrada foi Chrysaora láctea, que pode chegar a 25 cm de diâmetro. As que medem 15 cm pesam em média 140 g. Têm uma boca no meio dos braços orais, se alimentam de outras águas-vivas e zooplâncton, e causam leves queimaduras.
André Morandini destaca que o trabalho de coleta, estudo e identificação das espécies começou a menos de um ano. “Precisamos de pelo menos dois anos para identificar com mais precisão a incidência desses animais na região em determinados períodos. Ao final do trabalho, esperamos obter conhecimento suficiente para orientar a pesca e diminuir os possíveis prejuízos que as águas-vivas causam à atividade”, conclui.
Além deste estudo, o biólogo vem desenvolvendo um projeto que prevê a construção de um biotério de espécies marinhas nas dependências do Nupem. O trabalho, realizado em conjunto com outros pesquisadores, também conta com o apoio da FAPERJ. André Morandini obviamente contribuirá com a identificação e estudos da biologia das águas-vivas.
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