Débora Motta
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Spiromatic é o primeiro programa desenvolvido para o exame de espirometria que apresenta tecnologia totalmente brasileira |
A prova de função pulmonar – que avalia a função respiratória e permite classificar os tipos de insuficiência respiratória, seguir a evolução do tratamento e avaliar sua eficácia – consiste na medida de volumes e fluxos do pulmão, através de respirações rápidas e lentas em um aparelho chamado espirômetro, disponível em vários hospitais, consultórios e clínicas. Um microcontrolador acoplado ao espirômetro envia as informações ao Spiromatic, que apresenta automaticamente o registro gráfico e o cálculo dos parâmetros de volume e fluxo. "O espirômetro é acoplado no sistema por um conversor microcontrolado que converte os dados analógicos para digitais. Daí, o software apresenta em tempo real os gráficos e os cálculos efetuados, referentes aos exames. O Spiromatic fornece diagnósticos predeterminados e permite ao médico a edição de seu laudo", explica Abel.
O Spiromatic já existia para o ambiente DOS, criado pela Engelógica Engenharia de Sistemas em 1989 e amplamente difundido no país. Uma das novidades do projeto é a migração da antiga versão, exclusiva para microcomputadores que utilizavam o MS-DOS, para o atual sistema operacional Windows, o mais popular do mercado. "A migração começou há dois anos. É um trabalho constante, que envolve atualização permanente do programa e conta com uma equipe de cinco pessoas, entre elas um médico e quatro engenheiros", diz o especialista, ressaltando a complexidade do sistema, que mantém uma base de dados para armazenar as informações sobre os pacientes. O projeto contemplou ainda a incorporação de novas funcionalidades ao sistema, com destaque para a possibilidade de uso em notebooks (graças à compatibilização com um conversor externo) e a adoção de novos valores teóricos de trabalhos estatísticos sobre a população brasileira.
O programa – que é acompanhado por manuais de instrução para uma instalação rápida, que pode ser feita pelo próprio médico – passou por uma série de testes e foi aprovado pelo pneumologista Ricardo Marques, do Hospital Gaffrée Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). "Houve uma grande mudança no modo de se fazer espirometria depois da incorporação do Spiromatic no hospital. Antes dele, o exame era bem demorado porque os cálculos eram feitos manualmente. Para se ter uma idéia, uma equipe de três médicos e quatro técnicos conseguia fazer apenas uma média de dois exames por dia. Com a automação, fazemos um exame a cada meia hora", destaca Marques.
Para Marques, a qualidade do exame também deu um salto: "Não só o tempo de realização da espirometria diminuiu, mas o número de erros também. Os resultados informatizados são bem mais precisos." O médico ressalta que o uso de um sistema nacional contribui para a melhoria do programa. "O Spiromatic é um equipamento de trabalho muito utilizado e vem sendo apurado ao longo desses 20 anos. Por ser brasileiro, as solicitações de melhorias no sistema são atendidas com mais rapidez. Novas funções de avaliação estão ganhando espaço no sistema, como a broncoprovocação, para pacientes com problemas nos brônquios."
De acordo com o pneumologista, o apoio da Fundação foi essencial para realizar a migração do software. "Esse impulso foi muito importante para mostrar que o Rio de Janeiro também é um pólo de tecnologia", assinala Marques. O engenheiro Abel Fernandes engrossa o coro. "Sem a FAPERJ, não teríamos recursos para levar adiante esse trabalho", completa o coordenador do projeto, revelando que a próxima meta é fazer com que o Spiromatic seja registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, em seguida, adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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