Débora Motta
Divulgação |
Ratos são submetidos a testes de esforço físico realizados em esteira durante experimentos em laboratório da UFF |
De acordo com o pesquisador, as atividades físicas são indicadas como uma alternativa não-farmacológica para reduzir a pressão alta. "Sabemos que, ao aumentarem a função vascular, os exercícios físicos têm capacidade de reduzir a pressão arterial. Esse efeito hipotensor é observado na fase pós-exercício, relativa ao período, de minutos ou horas, que se passa logo após o término de uma sessão de atividade física", explica Pedro Paulo Soares. "Em humanos, uma sessão de exercício físico de máxima intensidade provoca o aumento da reatividade vascular e do fluxo sanguíneo periférico, no pós-exercício", completa.
O sangue bombeado pelo coração para irrigar os órgãos exerce uma força contra a parede das artérias. Quando essa força está aumentada, ou seja, quando as artérias oferecem resistência para a passagem do sangue, ocorre a hipertensão arterial, conhecida popularmente como pressão alta. Já a pressão arterial baixa (hipotensão) é a situação na qual existe uma diminuição dos valores da pressão arterial. A pessoa é considerada hipertensa quando a pressão arterial estiver maior ou igual a 140/90 mmHg ou (14 por 9) em várias medidas, realizadas de forma correta, por meio de aparelhos calibrados e por um profissional capacitado.
A partir do esforço físico realizado com intensidades e durações variadas, o projeto tem como objetivo avaliar os efeitos dos exercícios no sistema cardiovascular e na redução da pressão arterial. "Investigamos a hipótese de que o efeito hipotensor provocado por uma única sessão de esforço físico possa resultar, com treinamentos regulares realizados a longo prazo, num efeito hipotensor global. Procuramos observar a durabilidade desses efeitos relacionados ao esforço físico realizado em uma ou mais sessões de exercícios", diz Pedro, lembrando que embora diversos estudos mostrem associações entre a atividade física e uma melhor modulação autonômica cardiovascular, a intensidade e o volume de treinamento ideais para promover adaptações positivas nos mecanismos de controle neural cardiovascular ainda são motivo de controvérsia.
Divulgação |
Animais têm pressão arterial monitorada antes, durante e depois da prática de exercícios com diferentes intensidades |
Divididos em grupos de estudo, os animais estão sendo submetidos a diferentes níveis de esforço físico, realizados durante a prática de natação em um tanque e de caminhada e corrida na esteira. Eles são observados antes, durante e depois dos exercícios, após a realização de uma medida invasiva para o monitoramento da pressão arterial e a aplicação de eletrodos para o eletrocardiograma. "O primeiro grupo é o S, que reúne cerca de 15 ratos e camundongos sedentários. Ele realiza sessões de exercícios com intensidades e durações variadas. São de uma a quatro sessões por dia, de 40 minutos, ou de apenas 10 minutos, mas com intensidades mais altas. O segundo grupo é o T, formado por cerca de 15 animais que ainda vão passar por um treinamento físico de 12 semanas antes de serem submetidos aos testes. Em outros grupos, serão testados animais com peso normal e com sobrepeso", diz.
Depois que os grupos forem submetidos a atividades semelhantes, será possível comparar a diferença dos efeitos dos exercícios aeróbicos nos animais sedentários e nos animais que já praticavam atividades físicas regulares. "Provavelmente, os ratos e camundongos treinados terão adaptações benéficas mais intensas à atividade física, apresentando melhor controle da frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo. Seria um resultado ótimo, porque o sedentarismo é um grande fator de risco para a hipertensão, especialmente se associado ao sobrepeso. Se mostrarmos que sessões de exercício de duração mais curta, ou de séries fracionadas, promovem as mesmas adaptações que sessões de treinamento mais longas, isso poderá se tornar mais atraente e viável à população", conclui o professor, que inaugura com o projeto a linha de pesquisa experimental em controle cardiovascular e exercícios na UFF.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes