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Publicado em: 28/05/2009
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Projeto pretende diminuir casos de acidente de trabalho no estado

Danielle Kiffer

Divulgação/UERJ 

         
    O Datatrab mapeia os pontos com maior incidência de 
    acidentes de trabalho para implantar ações preventivas
 

No início de maio, dois operários que limpavam as janelas de um edifício em São Paulo, num andaime a 30 metros de altura, foram surpreendidos por rajadas de ventos de 80 quilômetros por hora. Lançados contra a parede do prédio, presos ao andaime arrebentado, eles ficaram pendurados por mais de 10 minutos, entre a vida e a morte. Por sorte, foram salvos, apresentando apenas ferimentos leves. Esta semana, outro acidente em São Paulo, desta vez com guindaste, chamou a atenção da mídia. Tudo isso ilustra os muitos acidentes de trabalho que poderiam ser evitados. Para mapear essa situação, Maria Christina Menezes, médica e superintendente de Saúde, Segurança e Ambiente do Trabalho, da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, se uniu ao médico e pesquisador da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Thales Pontes Luz, e à Maria Alice Machado de Carvalho, membro da diretoria executiva da Fundação Cide (Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro). Juntos, e com apoio da FAPERJ, eles desenvolveram o projeto Datatrab – Informações sobre saúde e segurança do trabalho no estado do Rio de janeiro, em que fazem um levantamento de doenças e acidentes de trabalho por cada município do estado. "Com base nos dados existentes e registrados, sabemos o que pode acontecer em cada localidade e implantar ações preventivas", diz a médica.

Composto por um CD e uma planilha, o Datatrab reúne informações que possibilitam a investigação e a identificação dos riscos que cercam o trabalhador. Com ele, pode-se minimizar, reduzir e até eliminar riscos desnecessários que provocam acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, pois a maior incidência de determinada doença numa localidade pode ser o indicativo de um problema de segurança. "Miguel Pereira, Paty do Alferes e a região do Paraíba do Sul, por exemplo, apresentam índices elevados de neoplasia. Como a agricultura é a atividade econômica predominante nessas áreas, o uso de agrotóxicos também é muito frequente. E, entre outras enfermidades, causa câncer de esôfago em quem trabalha diretamente com eles. Nem sempre as pessoas entendem que certas doenças estão diretamente ligadas ao trabalho exercido", diz Maria Christina.

Os números relativos aos acidentes de trabalho não são muito animadores. Para se ter uma ideia, no curto espaço de tempo em que você leu estes dois primeiros parágrafos, cerca de 150 acidentes aconteceram no Brasil. A média é de 30 a 40 acidentes por minuto nos ambientes de trabalho do país. "Essa é uma realidade que precisa ser mudada. Consumimos 4% do PIB brasileiro só neste tipo de acidentes. São R$ 32 bilhões que poderiam ser gastos em desenvolvimento. Em 2007, 35.741 acidentes tiveram lugar apenas no estado do Rio", complementa a médica. Os números são dos anos de 2006 e de 2007, porque, de acordo com Maria Christina, há sempre uma demora de atualização de dados a partir da ocorrência de um acidente de trabalho.

O transtorno mental também está na lista dos agravos recorrentes em ambientes de trabalho. "Geralmente, os profissionais que mais sofrem com este tipo de doença são aqueles que trabalham com o público e sob forte pressão, como policiais, operadores de telemarketing e professores. Há muito preconceito em relação a essas doenças no mercado de trabalho. O Datatrab ajuda muito na identificação desses casos. A reinserção desses profissionais é ainda mais difícil do que para alguém que teve a perna mutilada, por exemplo", diz. Para reabilitar os trabalhadores que sofrem com esses transtornos, Maria Christina cita o Núcleo de Saúde Mental de do Trabalho, porque acredita que a melhor forma de controle ou de tratamento inclui a ocupação como uma potente ferramenta de inclusão e a elevação da auto-estima.

O próximo passo do projeto é a distribuição do banco de dados por todos os municípios do Rio. "Quando for feito o lançamento do Datatrab, previsto para o início de junho, poderemos estabelecer um consórcio regional de acordo com o perfil econômico e os polos ocupacionais de cada município, para trabalharmos com estratégias de intervenção, criando comitês de saúde e segurança", afirma Maria Christina. Mais tarde, será criado um novo Datatrab, que deverá conter, além das informações já citadas e atualizadas, a inclusão de novos dados e o aprofundamento das questões através de seminários regionais, grupos de trabalho e cooperação técnica com o público-alvo do projeto (as secretarias de saúde do estado e dos municípios, as secretarias de trabalho e renda dos municípios as universidades, sindicatos, fundações, instituições governamentais e não-governamentais). "No futuro, ainda pretendemos ampliar o Datatrab conjugando esforços para remeter a uma ação nacional com a intenção de alimentar a base de dados com outras informações integradas ao sistema de gestão em saúde e segurança do trabalho", finaliza a médica.
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