Vinicius Zepeda
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Etapas de replicação do HIV nas células onde o coquetel atua |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que seja feito o teste de genotipagem – que identifica a quais drogas presentes no coquetel de medicamentos de combate à Aids, o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) oferece resistência – quando a população infectada tem mais de 5% de resistência primária. Nos países desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos, onde os índices de resistência primária são bem maiores – em torno de
Os vinte centros de pesquisa e atendimento a portadores de HIV/Aids que tiveram pacientes envolvidos no levantamento foram distribuídos nas seguintes cidades: Ribeirão Preto, Santo André, Santos, Campinas (2), São Paulo (6), Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre (2), Salvador e Brasília. O resultado do estudo gerou um artigo, publicado no volume 25, n 9 da revista científica americana de renome internacional Aids Research and Human Retroviruses, destinada exclusivamente à publicação de artigos científicos sobre pesquisas relacionadas à doença e retrovirus. Marcelo Soares destaca ainda outras conclusões do estudo, como a identificação dos mecanismos de resistência primária encontradas nas formas genéticas do HIV (que vão das letras A a K em todo o mundo) encontradas no levantamento: os subtipos B e C. “As principais mutações observadas foram de inibidores de protease (1%), para os inibidores não-nucleosídicos da transcriptase reversa (4,4%) e para os inibidores nucleosídicos de transcriptase reversa (1,3%)”, explica Soares.
Ele acrescenta que o subtipo B é o prevalente no Brasil, na Europa, Estados Unidos, Japão e Austrália e, por afetar principalmente populações de áreas ricas, é o tipo mais estudado. Mas o total de infectados por esta variante é de apenas 14% do total do mundo. "Este subtipo foi o que apresentou a maioria de pacientes com resistência primária: 91% das cepas resistentes. Ele foi encontrado principalmente na região Sudeste e a cidade de São Paulo foi a que registrou o maior número de pacientes com resistência primária”, afirmou Soares. “Este dado já era esperado, pois São Paulo foi a primeira cidade do País a ter acesso ao tratamento com antiretrovirais e conta com o maior número de pacientes já em tratamento e há mais tempo em todo o Brasil. Desta forma, era de se esperar que eles estivessem mais propensos a desenvolver resistência a algum dos medicamentos do coquetel antiAids”, complementa.
Vinicius Zepeda |
Para Marcelo Soares, resultados do estudo poderão reorientar política anti Aids no País |
Por último, Soares explica que a resistência primária foi quase três vezes maior naqueles pacientes contaminados por parceiros infectados já em tratamento antiretrovirais. Embora isso também seja previsível, os dados apontam uma necessidade de se intensificarem os programas de prevenção, principalmente o uso de preservativos, entre parceiros sorodiscordantes.
O artigo publicado na Aids Research and Human retroviruses ganhou o título de Primary Antiretroviral Drug Resistence among HIV Type 1-Infected Individuals in Brazil. Além de Marcelo Soares, o artigo foi assinado pelos pesquisadores Eduartdo Sprinz, Eduardo M. Netto, Maria Patelli J. S. Lima, Juvêncio J. D. Furtado, Margaret da Eira, Roberto Zajdenverg, José V. Madruga, David S. Lewi e Rogério J. Pedro.
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