Débora Motta
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Congresso na Uerj vai refletir sobre a relação entre educação, autonomia e a identidade nos países latinos |
O congresso colocará em pauta a relação entre a educação e a construção da autonomia, além das feições identitárias que a ela se associam. “A grande discussão do congresso está na relação entre educação, autonomia e identidade, para refletir sobre os diferentes caminhos que a educação escolar tradicional e a educação não sistematizada, como a indígena, tomaram nos diversos países latinos frente às mudanças políticas e culturais do decorrer da construção da América”, explica uma das presidentes do congresso, Claudia Alves, que também é presidente da Sociedade Brasileira de História da Educação (SBHE) e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF).
O encontro terá seis eixos temáticos: Independências, Estado-Nação e educação; Educação e República; Identidade, gênero e etnia; Culturas escolares e sujeitos da educação; Educação, leitura e escrita; Historiografia, acervos e educação; e Ensino de História da Educação. Uma série de atividades, exposições, painéis, mesas redondas e palestras individuais serão desenvolvidas sobre essas questões. “O congresso já tem 1.400 pesquisadores inscritos, desde alunos de iniciação científica até pesquisadores consagrados da Holanda, Alemanha e Bélgica, além dos ibero-americanos”, completa a outra presidente do encontro, Ana Mignot, professora da Uerj.
Cotidiano escolar em destaque
Entre as sessões de painéis a serem apresentadas no congresso, destaca-se “Janelas indiscretas: os cadernos escolares na historiografia da educação”, que será ministrada por Ana Mignot na próxima terça-feira (17/11), às 10h. A temática da palestra será a mesma desenvolvida no livro Cadernos à vista – Escola, memória e cultura escrita (Ed. Uerj, 2008, 270 pág.) contemplado pelo Auxílio à Editoração (APQ3) da FAPERJ. A obra enfoca o estudo dos cadernos utilizados pelos estudantes, com o objetivo de repensar as marcas da escolarização. “Os cadernos permitem observar o que ocorre no cotidiano das salas de aula. Esse registro diário muitas vezes não é levado em conta na hora de elaborar planos de ensino”, assinala Ana Mignot.
Outro destaque do evento será a programação científico-cultural. Em parceria com o Museu Imperial, haverá uma visita opcional ao museu petropolitano, na quarta-feira (18/11), como forma de divulgar, entre os congressistas, o acervo de grande importância histórica da instituição. Será realizada a mesa-redonda “Acervos, patrimônio e educação”, coordenada pelo diretor do museu, Maurício Ferreira Jr, com a participação de Diana Vidal (Universidade de São Paulo) e Alda Heizer (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro), seguida de visita guiada, de um sarau e do espetáculo nos jardins do museu, o “Som e Luz”.
“Não é um congresso que se encerra nos muros da própria universidade. Ele se articula com vários órgãos, como a Academia Brasileira de Letras, o Instituto Superior de Educação e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), além do Museu Imperial”, diz Ana, lembrando que o evento terá ainda shows da Orquestra de Violinos Cartola Petrobras, do Harmonia Enlouquece, da Uerj Jazz Band e do grupo Batuque na Cozinha, entre outros.
Fruto da iniciativa de pesquisadores latino-americanos e ibéricos, reunidos por interesses comuns e desejosos de maior intercâmbio científico, o evento teve sua primeira edição em 1992, na cidade de Bogotá, capital da Colômbia. Os Congressos seguintes ocorreram em Campinas (Brasil), Caracas (Venezuela), Santiago (Chile), San José (Costa Rica), San Luis Potosi (México), Quito (Equador), Buenos Aires (Argentina).
A escolha do Rio de Janeiro como sede do congresso, que é uma promoção conjunta da UERJ e da SBHE, demonstra que a postura isolacionista do Brasil em relação aos outros países da América Latina vem sendo superada. “Há ainda aproximações a serem feitas, mas a solicitação de que o congresso viesse para o Brasil é o reconhecimento de um novo quadro de integração entre os cientistas latinos. O País desenvolve pesquisas importantes na área de história da educação e o intercâmbio é crescente”, conclui Claudia.
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