Elena Mandarim
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No ranking de problemas, poluição lidera queixas do carioca |
Segundo Corrêa, a motivação para a pesquisa foi perceber que o perfil das emissões gasosas mudou e, mesmo assim, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) continua, desde 1990, limitando a emissão de alguns gases, como dióxido de enxofre e monóxido de carbono, mas deixando de monitorar outros, tão perigosos quanto. Ele afirma que já é do conhecimento científico que o uso do biodiesel é benéfico, porque além de ser uma energia renovável, reduz a emissão dos poluentes controlados pelas agências ambientais. Sua pesquisa, no entanto, visa quantificar compostos não regulamentados, como hidrocarbonetos aromáticos, carbonilas e mercaptanas, que também são potencialmente nocivos à saúde humana.
Corrêa pretende contribuir para o entendimento dos possíveis cenários atmosféricos que surgirão com o uso crescente do biodiesel. Para isso, analisou, seguindo protocolos internacionais, os gases produzidos na exaustão de dois motores, um novo e um velho, funcionando em estado estacionário e em circulação, operando com diesel comercial e com quatro porcentagens diferentes da mistura diesel/biodiesel: B2 com 2%, B5 com 5%, B10 com 10% e B20 com 20%. O pesquisador conta que o biodiesel utilizado foi o de girassol, certificado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), e as porcentagens escolhidas visam projetar o programa de implantação da mistura do governo federal, que começou em 2005 com adição de 2% de biodiesel e hoje já está em 5%, com objetivo de chegar a 20%. Como esperado, os resultados confirmaram estudos anteriores, mas foram além ao mostrar que, em alguns casos, a mistura aumenta a emissão de outros poluentes, como o formaldeído, por exemplo.
As propriedades do "novo combustível"
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A emissão de gases foi testada em dois motores: um velho (E) e um novo. Os |
Já o terceiro grupo de emissões, carbonilas, formado por cetonas e aldeídos, teve um significante aumento. Com exceção do benzaldeído, todos os outros compostos desse grupo aumentaram, com destaque para o formaldeído, o mais conhecido deles e que comprovadamente induz mutações no DNA, que podem levar ao câncer. Na mistura B20, por exemplo, o formaldeído teve um aumento de 40% em relação ao diesel.
Novos estudos
Segundo Corrêa, outros compostos de enxofre, como tiofenos e sulfetos, serão analisados seguindo os mesmos parâmetros desse estudo. Contudo, ele conta que seu atual interesse está na emissão de gases tóxicos liberados por motos, especialmente as de até 250 cilindradas (cc), que não são vistoriadas. No caso, não é o tipo de combustível que conta, mas a tecnologia empregada. "A legislação que regula emissão de poluentes para esse meio de transporte é mais restrita aos modelos acima de 250 cc, embora a grande maioria de motos em circulação seja de 125 a150 cc", diz.
O número de motocicletas está em constante crescimento e já corresponde a 24% da frota brasileira de veículos. Em estudos preliminares, o pesquisador observou que elas poluem de 11 a 17 vezes mais que os carros. Isso "porque, além de não possuírem catalisadores, que servem para converter os gases mal queimados em CO2, o sistema de alimentação de combustível nas motos, salvo raras exceções, ainda é feito por carburador, liberando mais poluentes do que os carros, que contam com sistema de injeção eletrônica".
Diante da presença de tantos gases tóxicos na atmosfera, entendemos porque os problemas respiratórios, cada vez mais frequentes, se tornaram questão de saúde pública. "Para reverter esse quadro é preciso mais investimentos, públicos e privados, em energia limpa, como a solar, que não produz resíduos (ou produz muito pouco) e em energia renovável, como os biocombustíveis, obtida de fontes naturais, que além de inesgotáveis, atenuam o efeito estufa, já que consomem parte dos gases intensificadores desse processo, como o CO2. Além disso, claro, o esforço de cada cidadão em manter seus veículos regulamentados, ajuda a não aumentar as estatísticas das reclamações do Inea", conclui Corrêa.
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