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Publicado em: 08/09/2011
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Nova rota de síntese para produzir antimalárico

Vilma Homero 

 

 

 Divulgação / Nortec Química

    
   Na Nortec, o pesquisador Sérgio Falomir e equipe
   terminam trabalho, que renderá pedido de patente
 

A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave, causada por parasitas transmitidos de uma pessoa para outra pela picada do mosquito do gênero Anopheles.  É um importante problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em países em desenvolvimento, e também considerada uma doença negligenciada, como são denominadas as doenças que não apresentam atrativos econômicos para o desenvolvimento de fármacos pela indústria, quer seja pela baixa prevalência ou por atingir população de regiões em desenvolvimento. Na contramão desse pouco empenho, o parasita, do gênero Plasmodium, transmitido por mosquito, ganhou resistência aos medicamentos tradicionais, como a combinação de quinina e tetraciclina, exigindo outras alternativas terapêuticas. Os especialistas passaram, então, a tratar os doentes com novos antimaláricos. É o caso da combinação de artesonato e mefloquina, que tem mostrado bons resultados. Agora, pesquisadores da Nortec Química estão apostando em tornar o produto mais barato e mais prático de se obter. Para isso, estão desenvolvendo uma nova rota de síntese do artesonato, projeto que conta com recursos do edital de Apoio à Inovação Tecnológica, da FAPERJ. O trabalho, por sinal, foi um dos cinco premiados na 5 Encontro Nacional de Inovação em Fármacos e Medicamentos (EniFarmed), que selecionou trabalhos inovadores no setor farmacêutico.

 

O pesquisador Sérgio Falomir explica que o artesunato é um produto semissintético, resultante da artemisinina – princípio ativo da artemísia, que vendo sendo usada pelos chineses como um modo bastante eficaz para o tratamento da malária. “A artemisinina é o primeiro componente da síntese feita a partir da extração da planta Artemisia annua.  Numa posterior redução, se obtém a dihidtoartemisinina e daí, como resultado de uma esterificação, obtemos o artesunato, que é empregado como matéria-prima para a produção do medicamento. Nossa inovação ocorre no processo de redução. Em vez de se empregar insumos que exigem as mais altas condições de segurança, optamos por provocar a geração de hidrogênio por meio de um reagente, no caso o formiato.” Falomir acrescenta que isso pode ser feito em reator comum, e em condições bem mais seguras.

 

“Assim, induzimos a redução na molécula, que passa, numa etapa seguinte, por um processo de esterificação. Em outras palavras, trata-se de outro tipo de reação, que ocorre quando um ácido é colocado em contato com um álcool para se produzir ésteres, que são substâncias geralmente de interesse comercial, em particular nas áreas de solventes, além de intermediário químico para indústrias farmacêuticas. Nesse caso, a esterificação é produzida quando o produto da primeira etapa é submetido ao anidrino succínico, ou ácido succínico. O que resulta dessa fase já é o artesonato, ou seja, o produto final”, explica. Outra vantagem do método é o rendimento, que dessa forma é ampliado de forma significativa. “Tudo isso nos trouxe a praticidade operacional”, entusiasma-se Falomir.

 

Desde o isolamento da artemisinina, vários derivados – mais ou menos ativos, foram sintetizados. “A artemisinina tem baixa biodisponibilidade para medicamentos orais. Ou seja, não é absorvida de forma eficiente pelo organismo. Mas alguns de seus derivados mostram não só boa biodisponibilidade, como alta atividade antimalárica”, explica o pesquisador.  O artesonato está entre eles. É um dos derivados denominados de endoperóxidos de primeira geração. Como esclarece Falomir, o artesunato tem capacidade de reagir com o grupo heme, na presença de células vermelhas, oxidando as proteínas e destruindo a membrana celular do plasmódio.  “Como os parasitas da malária são ricos em heme, isso pode explicar a toxicidade seletiva contra eles, acarretando pouco ou nenhum efeito colateral ao paciente”, fala o pesquisador. Com isso, se consegue agir mais rápido e combater melhor os sintomas da doença, com menos efeitos colaterais. Por essas vantagens, e ainda por apresentar pouca ou nenhuma resistência cruzada com outros antimaláricos, o artesunato tem sido considerado como a matéria-prima de escolha para os antimaláricos empregados nos tratamentos em países como Tailândia, Vietnã, Brasil e China.

 

“Nossa ideia agora é passarmos a fornecer a matéria-prima assim produzida para os laboratórios públicos”, anima-se o pesquisador. Segundo Falomir, até o final do ano deve ter início a elaboração de um pedido de patente da nova rota de síntese. “Estamos concretizando os resultados num pedido de patente do processo operacional”, resume o pesquisador.   

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