Danielle Kiffer
Fotos/Divulgação |
A pesquisadora Helenice entrega a caixa de |
A caixa contém um CD com fotos, músicas e vários tipos de documentos, como registros paroquiais, de propriedade e censitários, que complementam as atividades propostas, além de um guia para professor, sugerindo roteiros para as atividades. "O CD possibilita promover a interatividade em sala de aula. Se num exercício específico falamos de uma determinada época no passado, os alunos têm como ouvir músicas e ver, em fotos, as roupas que eram moda naquele período." A ideia é desenvolver habilidades de leitura e escrita nos alunos.
"Com o projeto ‘Caixa de Histórias – Conhecer e Criar’, queremos que o professor conte com um recurso que possa adaptar ao dia a dia dos alunos da rede pública. Para isso, foram feitas oficinas para professores e acompanhamos seu uso nas escolas durante o ano letivo de 2011", explica a pesquisadora. Isso aconteceu na Escola Municipal Anísio Spíndola Teixeira, em Santa Luzia, bairro de São Gonçalo. "O projeto contou com dois professores da escola e dois bolsistas da graduação em História. Em seu trabalho, eles desenvolveram novos materiais, como uma apresentação sobre a fazenda Colubandê, que já era descrita em uma crônica, numa das atividades propostas pela caixa."
Helenice e a equipe de pesquisadores já desenvolveram caixas para três municípios fluminenses: São Gonçalo, Itaboraí e Magé. "Nosso objetivo é produzir caixas para diferentes municípios do Rio de Janeiro, apresentando o material produzido para os professores que trabalham nas escolas da rede pública", conta. Segundo a professora, esse conjunto de documentos, fotos e dados contribui para a construção de identidades locais e torna o aprendizado mais leve e divertido.
Cada uma das atividades propostas foi desenvolvida a partir de intensa pesquisa. Em documentos e mapas, pesquisados em bibliotecas e arquivos municipais, assim como em casas de cultura locais, o grupo de pesquisadores levantou a história dos três municípios. Com esses dados e documentos, elaboraram as várias atividades que compõem a caixa. "É um processo trabalhoso. A pesquisa e a elaboração da caixa, incluindo a criação de atividades, demoram, em média, dois anos."
Mapa antigo do Rio de Janeiro faz parte do material didático |
Entre os diversos dados interessantes da caixa, está a crônica escrita em 1921 por um jornalista de A Revista, antigo periódico de Niterói. Ele registra em detalhes a festa de Sant’Ana, na fazenda de Colubandê, evento tradicional no início do século XX. No artigo, o jornalista conta como era a festa, revela as relações sociais estabelecidas, os costumes da época, as vestimentas e as músicas. "Entre outras coisas, os alunos aprendem que, na ocasião, o trajeto de Niterói a Colubandê levava um dia para ser feito. Hoje, dependendo do trânsito, pode ser feito em cerca de 40 minutos. Tudo isso instiga a curiosidade dos estudantes e promove a vontade de saber mais", afirma Helenice.
Até estudar mapas em sala de aula fica diferente com a caixa. A atividade relacionada à cartografia propõe aos alunos compreender a produção de mapas como um esforço em conhecer, ocupar, controlar e transformar o espaço geográfico. "Os alunos são desafiados constantemente: precisam localizar São Gonçalo espacialmente no estado e no País e conhecer sua representação cartográfica nos séculos XVI, XVII e XIX", explica a historiadora. "Os estudantes ficam bastante empolgados com esta atividade. O reconhecimento de seu território no contexto nacional os deixa muito contentes; eles se veem no meio do Brasil inteiro, se reconhecem", afirma. E acrescenta: "No estudo do período colonial, por exemplo, visualizamos no mapa as evidências do interesse português em conhecer o território que seria posteriormente o Rio de Janeiro", completa.
Estudantes participam de uma das atividades da caixa: elaborar legendas de fotos antigas de São Gonçalo |
Os historiadores pretendem estender o trabalho a outros municípios. Helenice e seu grupo têm atuado, junto às prefeituras, para que os professores recebam a Caixa de Histórias e oficinas para que, posteriormente, eles possam tirar o melhor aproveitamento possível do material. "É um trabalho gratificante à medida que vemos o entusiasmo dos professores durante o treinamento e a reação positiva dos alunos. É o historiador a serviço do ensino e da aprendizagem em sala de aula", diz. O projeto tem sido tão bem-sucedido que recebeu convite para ser apresentado até no estado do Piauí, onde alunos e professores estão animados com suas possibilidades de aplicação. "Queremos estender o projeto ao maior número possível de municípios", conclui.
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