Elena Mandarim
Divulgação/UniRio |
Ao terem seu sono monitorado em laboratório, pacientes podem saber se possuem o distúrbio da 'apneia do sono' |
Maria Helena de Araujo Melo, médica do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), vinculado à Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), explica que a apneia do sono está muito relacionada ao excesso de peso, mas também pode aparecer por outras causas como, por exemplo, algumas alterações nas estruturas do sistema respiratório, alterações metabólicas ou neurológicas. Contemplada no edital de Apoio à Pesquisa Clínica em Hospitais Universitários do Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, ela está desenvolvendo uma pesquisa para avaliar a relação entre alterações físicas no trato respiratório e a presença da SAHOS. "Para isso, comparamos os resultados de uma polissonografia, que avalia a existência da apneia e sua gravidade, com os resultados de uma endoscopia nasal, oral e laríngea feita para analisar as estruturas das vias aéreas superiores. Com base nesses exames, é possível determinar o tratamento mais adequado a cada paciente. Em alguns casos, já bem estudados e selecionados, quando há alguma alteração física das funções respiratórias, como o desvio do septo nasal ou a hipertrofia dos cornetos do nariz, podemos aconselhar o tratamento cirúrgico", explica Maria Helena.
A pesquisadora conta que os recursos obtidos foram usados para montar um laboratório do sono. Ali, os pacientes atendidos nos ambulatórios de otorrinolaringologia e cardiopulmonar, que apresentam os sintomas característicos, passam uma noite para ser submetidos à polissonografia, exame que registra as amplas variações biofisiológicas que ocorrem durante o sono. Os eletrodos ajustados à cabeça, aos membros inferiores e ao tronco do paciente monitoram, entre outros parâmetros, as atividades cerebrais, o fluxo aéreo nasal e bucal, o comportamento cardiorrespiratório e a quantidade de oxigênio no sangue. "Esses resultados, uma vez reunidos no computador, nos dão uma série de gráficos e avaliações. Segundo uma escala de parâmetros para a doença, conseguimos saber se o paciente sofre de SAHOS e qual a sua gravidade, que pode ser leve, moderada ou grave." O laboratório é equipado ainda com câmeras e sensores que captam os movimentos das pernas para avaliar se as queixas de noites mal dormidas são decorrentes de uma outra síndrome: a das pernas inquietas.
Divulgação/UniRio |
Maria Helena (na frente) e os alunos e professores de graduação e pós-graduação colaboradores da pesquisa |
Durante o sono REM, segundo Maria Helena, todas as funções metabólicas são reestabelecidas. Então, quando não se atinge essa fase do sono, a pessoa permanece cansada física e mentalmente no dia seguinte. "Por isso, a SAHOS é considerada doença crônica e um caso de saúde pública. A sonolência diurna excessiva, por exemplo, aumenta o risco de acidentes de trânsito e de trabalho", explica a médica. "Em casos severos, o tratamento eficaz é a utilização de um aparelho chamado CPAP, que força a entrada do ar para as vias aéreas superiores e inferiores. É um equipamento caro que não é distribuído gratuitamente. Diante da gravidade da doença, seria necessário montar uma estrutura pública para fornecer o tratamento à população menos favorecida", acrescenta.
Maria Helena destaca que o projeto está sendo desenvolvido com a participação das professoras Denise Duprat Neves e Maria do Carmo Valente de Crasto, também do HUGG/UniRio. Segundo a pesquisadora, um dos objetivos do estudo é promover linhas de pesquisa voltadas aos programas de pós-graduação da UniRio, ampliando a produção e divulgação do conhecimento científico. O programa já conta com dois alunos de pós-graduação em Neurologia (PPGNeuro), o mestrando Felipe Figueiredo e a doutoranda Andrea Bacelar; dois alunos do mestrado profissionalizante do Programa de Pós Graduação em Medicina (PPGMed), Priscila Dias e Manuela Salvador Mosciaro; e quatro alunos de graduação em medicina, que são bolsistas de iniciação científica, Silvia Maria Guimarães Simões, Lucas Vega Martinez Veras Ferreira, Rafael Nigri e Marlos Luiz Villela Moreira.
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