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Publicado em: 10/10/2013
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Documentário apresenta vida e obra de Roberto DaMatta

Danielle Kiffer


 Foto: Reprodução/ ABC

   
   A vida e obra do antropólogo Roberto
  DaMatta são contadas em documentário 
“Nós temos uma característica curiosa: não acreditamos que podemos mudar. Esse é um traço da ideologia brasileira. Não acreditamos na gente, não acreditamos no Brasil até hoje. Isso é um grande problema.” A reflexão de Roberto DaMatta faz parte do documentário Roberto DaMatta, seus carnavais, malandros e heróis. Com consultoria científica de Valter Sinder, professor de antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e dirigido por Clarice Peixoto, professora de antropologia da Uerj, o filme revela ao telespectador a trajetória do antropólogo e curiosidades sobre a sua vida, seus pensamentos e planos para o futuro, contados por ele mesmo de forma livre e espontânea.

Com 40 minutos de duração, o documentário, filmado durante dois anos, teve apoio da FAPERJ por meio do edital de Auxílio à Editoração (APQ3). O material foi produzido pelo diretório de Pesquisa, Imagens, Narrativas e Práticas Culturais (Inarra), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Uerj e ao CNPq, e gravado em vídeo digital por seus pesquisadores. Para Sinder, que foi aluno e trabalhou com DaMatta, o documentário é uma forma de mostrar mais a vida do famoso antropólogo, ressaltando sua importância para a história da antropologia cultural, e eternizar, pelo menos no meio universitário, seu trabalho. Já Peixoto acredita que, para os estudantes, ver a forma como DaMatta trabalhou e se dedicou ao seu ofício pode ser um incentivo para a dedicação aos estudos e à carreira antropológica.

O título do DVD remete a sua obra mais conhecida, Carnavais, malandros e heróis, livro que o tornou conhecido fora dos meios acadêmicos e que procura analisar as questões e contradições da sociedade brasileira. À época do lançamento, em 1979, seus ensaios foram vistos como uma visão inovadora para se procurar compreender o Brasil e os brasileiros. Para Roberto DaMatta, tanto o carnaval quanto seus malandros e heróis são criações sociais que refletem os problemas e dilemas básicos da sociedade que os concebeu. Em 2009, o antropólogo recebeu uma homenagem da prefeitura de Niterói pelos 30 anos da obra.

No documentário, DaMatta revela diversas reflexões sobre o Brasil. Ele procurou entender a questão que ele considera capital até os dias de hoje, que é a transformação da sociedade brasileira em uma sociedade igualitária. “O problema do Brasil não é a desigualdade.” Para Da Matta, o problema real, o fundo do iceberg, é que o brasileiro parece não querer uma sociedade igualitária. “Em todas as situações de igualdade nos sentimos mal. E, quando eu digo ‘nós’, me refiro a brancos, de classe média, relativamente ilustrados, com posição de um certo prestígio em uma comunidade qualquer”, explica.

Para DaMatta, o Estado brasileiro não foi desenhado, não foi criado para trabalhar para a sociedade. “Ao contrário. A república foi inventada por barões, por aristocratas, e o modelo da república brasileira é aristocrático. Como consequência, temos presidentes com 40 assessores, que moram em um palácio, que têm aviões. Ninguém abre mão de avião”, diverte-se.

Segundo o antropólogo, são questões que permanecem. “O Rio de Janeiro, por exemplo, é uma sociedade de corte até hoje. Tem o pessoal da Zona Norte, o da Zona Sul. Se você disser onde mora, quem ouve já faz um mapa de você. Avenida Atlântica. Ah, deve ser rico. Todo mundo queria morar lá. Agora, se você mora no posto 2, em Copacabana, as pessoas já acham que ou é gay ou é prostituta. Ou então gente pobre, porque tanto no posto 2 quanto no posto 3 têm uns apartamentos pequenininhos, conjugados.”

No DVD, DaMatta fala também de sua carreira, de seus primeiros contatos com a antropologia cultural. “Comecei meus trabalhos de campo com a obrigação moral de defender os índios, porque havia o risco de eles desaparecerem. Esse era o prognóstico político de Darcy Ribeiro, que foi um grande etnólogo e antropólogo brasileiro e uma figura política importante no Brasil”, explica em um dos trechos do vídeo.

Ao falar sobre seus planos pessoais para o futuro e de sua situação atual, DaMatta afirma que o profissional, que passou tanto tempo de sua vida viajando para tribos indígenas brasileiras, ou para as faculdades em que atuou, como a Universidade Harvard ou a Universidade de Notre Dame, ambas nos Estados Unidos, agora faz uma viagem mais interior, mais para dentro de si mesmo. “Estou no lugar certo, na hora certa, viajando para dentro. Estou ótimo.” O antropólogo pretende ainda escrever mais uma obra, de caráter mais pessoal, para contar sua experiência de vida: “Vou falar tudo,  traçar minhas memórias, exteriorizar minha loucura. Talvez na voz de um personagem, com a liberdade de escrever ficção”, finaliza.

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