Elena Mandarim
Divulgação/ Uenf |
Embriões bovinos, produzidos in vitro, com sete dias de cultivo |
Segundo o pesquisador, se pelo método convencional de reprodução por inseminação artificial, cada vaca doadora pode gerar no máximo um bezerro por ano, pela fertilização in vitro, ela pode fornecer vários óvulos que permitirão a produção de um número bem elevado de embriões, possibilitando aumentar significativamente a produção de descendentes. Para Dias, esse estudo, que busca o aumento da eficiência da técnica de criopreservação, é relevante por beneficiar principalmente pequenos produtores. "Embora a fertilização in vitro seja um método bem difundido no Brasil, ela requer um investimento elevado, principalmente pela necessidade de se manter na propriedade um grande número de receptoras. O congelamento eficiente desses embriões produzidos para serem usados em momento oportuno, facilitará a adoção da técnica por todos os produtores, inclusive os pequenos", afirma.
O pesquisador explica que o processo de congelamento consiste em preservar a estrutura do embrião pela diminuição gradual da temperatura e posterior imersão em nitrogênio líquido. Durante o processo, portanto, é necessário utilizar crioprotetores, substâncias químicas que protegem as células embrionárias dos efeitos do congelamento. Ele explica que embriões produzidos in vitro apresentam grande quantidade de lipídios no interior de suas células, o que tem sido associado ao aumento do estresse oxidativo, condição fisiológica que pode alterar as funções de proteínas e de componentes celulares. "Dessa forma, a suposição é de que a alta presença de lipídios pode fazer com que o embrião perca parte de suas funções, tendo assim a sua viabilidade comprometida. Então, ao ser descongelado e implantado no útero de uma vaca receptora, esse embrião não vai se desenvolver", relata.
Como explica Dias em seu estudo, a primeira tentativa para aumentar a eficiência da criopreservação foi produzir os embriões in vitro na presença de ácido linolênico, o famoso ômega-6. Ele enfatiza que o ômega-6 tem sido descrito na literatura científica como um fator que pode provocar a diminuição da síntese de lipídios, durante o processo de fertilização em laboratório. "Nessa primeira hipótese, em geral, nós não obtivemos diferenças significativas ao comparar o grupo de embriões produzidos na presença de ômega-6 com o grupo controle produzido sem ele", relata.
Este não é necessariamente um resultado negativo, conforme explica o pesquisador: "Há muita variedade de raças de bovinos e vários protocolos para a produção de embriões in vitro. Dessa forma, acrescentar ômega-6 durante o processo de fertilização foi apenas uma primeira suposição." Segundo Dias, o próximo passo do projeto será avaliar o uso de agentes químicos para controle da síntese lipídica em sistemas de cultivo in vitro, com diferentes concentrações de soro fetal bovino – líquido com substâncias orgânicas que é adicionado ao processo de fertilização para nutrir as células até a formação completa do embrião. Outra proposta será identificar a constituição lipídica de embriões de vacas de outras subespécies, como as taurinas e zebuínas. São mais duas possibilidades a serem investigadas, entre outras. "E esperamos que alguma delas traga resultados promissores. Afinal, popularizar a técnica de fertilização in vitro é importante para aumentar a qualidade genética do rebanho fluminense."
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