Danielle Kiffer
Kevin Rohr/ Stock Photos |
Inovação tecnológica ajuda a reduzir riscos de infecção no corte do cordão umbilical |
De um lado, com a utilização do Biocut, o recém-nascido fica protegido de hemorragias e infecções, porque, segundo Anjos, no método tradicional, depois do corte com o bisturi, ou com uma tesoura de aço, o umbigo e o cordão umbilical são primeiro fechados com uma pinça e depois com os clampes. "Quanto menos manipulações houver com o cordão umbilical, tanto do lado do bebê quanto do lado da placenta, menor o risco de infecções e hemorragias no recém-nascido. A contaminação e a perda do sangue contido no cordão umbilical, rico em células-tronco é igualmente menor", explica Anjos. Segundo o empreendedor, o uso do Biocut evita não só a perda do sangue utilizável no tratamento de células-tronco, como aumenta a qualidade do material que será armazenado. "Usando o Biocut, poderíamos preservar uma quantidade maior de sangue rico em células-tronco."
As células-tronco têm a capacidade de se transformar em qualquer tipo de célula, formando qualquer tipo de tecido. Por isso, podem ser empregadas em inúmeros tratamentos, como para certas doenças do sangue, como leucemias, linfomas e algumas anemias, que requerem a transfusão de medula óssea. "Quando um paciente recebe indicação para transplante de medula óssea, muitas vezes a transfusão não é realizada pela dificuldade em se encontrar doador compatível. A chance de enconbtrar uma medula compatível é, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), de uma em cem mil. Transformando a estocagem de sangue de cordão umbilical extraído na hora do parto em uma prática, podemos contar com mais uma importante fonte de material para transplante de medula óssea. Assim, poderíamos aumentar nossas reservas, com vistas à autossuficiência, e não mais precisar importar células compatíveis em bancos do exterior", explica Anjos. Como ele acrescenta, a formação de bancos públicos de cordão umbilical é uma tendência mundial, já que assim se consegue ampliar a rapidez na localização de doadores compatíveis numa mesma população.
Como responsável pelo desenvolvimento da nova tesoura, Anjos explica que a elaboração do produto contou com a ajuda do Centro de Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RJ), responsável pelo desenho técnico; da adaptação do setor de produção, de acordo com as exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); da fabricação do molde da tesoura e dos grampos; da elaboração dos moldes da tesoura e da empresa CTS Automação e Simulação para desenvolver a parte mecânica do projeto, quer dizer, a parte do movimento dos clampes e pelos testes e ajustes dos moldes.
Atualmente, o projeto está na fase final de testes na Biomédica, empresa instalada no município de Itaboraí, e em processo de produção piloto. De acordo com Anjos, certas características do Biocut, como a simultaneidade, ou seja, o timing dos clampes, que precisam fechar as duas extremidades do cordão umbilical exatamente no momento do corte, estão sendo avaliadas. Os pesquisadores também estão analisando o tipo do corte. Para isso, os primeiros testes estão sendo feitos com uma espécie de borracha, simulando o cordão umbilical, para avaliar a precisão das lâminas e realizar ajustes posteriores. Após essa etapa, o Biocut passará a ser produzido e comercializado. "A expectativa é que o produto seja utilizado em hospitais públicos e particulares a partir do segundo semestre de 2014", finaliza Anjos.
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