Débora Motta
Exemplo dessa tendência inovadora na área da saúde é um aplicativo que vem sendo desenvolvido no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), situado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro: o sistema Adan-Web. Criado no HeMoLab, o Laboratório de Modelagem Hemodinâmica do LNCC, ele é capaz de apresentar em um ambiente de visualização 3D a modelagem e simulação computacional do mais completo sistema arterial humano existente em toda a literatura científica internacional. O projeto vem recebendo o apoio da FAPERJ com os editais Apoio aos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional, que destinaram recursos à compra de equipamento computacional de alto desempenho para o laboratório.
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Imagens obtidas por modelagem computacional com o sistema Adan-Web: conforme mudam de cor, as figuras permitem visualizar em 3D a propagação do pulso de pressão no sistema arterial humano |
Na fronteira do conhecimento médico
O modelo pode ser usado para fornecer informações precisas acerca da circulação sanguínea em qualquer parte do corpo humano. De acordo com o atual coordenador do HeMoLab, Pablo Javier Blanco, ele pode ser calibrado para pacientes específicos ou para populações de pacientes com características comuns, desde que sejam fornecidas informações médicas sobre o estado hemodinâmico do paciente ou da população em questão, que podem ser obtidas com exames de pulso de pressão, medições de fluxo sanguíneo, frequência cardíaca e débito cardíaco, entre outros.
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Raúl Feijóo (à esq.) e Pablo Blanco: à frente da tecnologia que vai abrir novas portas para o diagnóstico e tratamento médicos |
“No caso da análise de risco de infarto de miocárdio, as informações extraídas do modelo permitem dar um diagnóstico mais acurado que uma simples tomografia computadorizada. Isso visa à tomada de decisões, envolvendo procedimentos cirúrgicos de implantação de stents, por exemplo. Quando focado nas artérias coronárias, que suprem sangue ao coração, é possível estimar o risco de infarto por índices cardiovasculares bem estabelecidos, o que atualmente é calculado a partir de medidas invasivas e exames custosos”, detalhou Blanco. E completou: “No caso dos acidentes cerebrovasculares, o modelo permite analisar aspectos, como danos materiais, que, em última instância, levarão à ruptura da artéria e à subsequente hemorragia.”
Atualmente, o LNCC está estabelecendo parcerias para a utilização do sistema em clínicas e universidades, como no caso do Instituto do Coração (InCor) da Faculdade das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), com o grupo de pesquisa liderado pelo médico cardiologista Pedro Lemos. “O objetivo é instalar o modelo no InCor, visando o emprego rotineiro de uma ferramenta que permita aumentar a acurácia na avaliação de risco de isquemia de miocárdio”, disse Feijóo. Outra colaboração está ocorrendo com a equipe liderada pelo neurocirurgião vascular Sérgio Tadeu Fernandes, do Hospital Brigadeiro de São Paulo. Nessa instituição, o modelo fornece informações do escoamento sanguíneo para estudar aneurismas cerebrais. “O objetivo dessa colaboração é desenvolver índices de risco de ruptura para auxiliar na decisão de realizar ou não um determinado procedimento cirúrgico”, acrescentou o coordenador do INCT-MACC.
O sistema Adan-Web pode ser acessado livremente empregando qualquer browser com suporte WebGL no endereço http://hemolab.lncc.br/adan-web .
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