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Fenômenos astronômicos envolvendo Terra, Marte, Sol e Lua surgem no céu
Vinicius Zepeda
Reprodução/Nasa |
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Animação divulgada pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) mostra a Terra alinhada entre o Sol e Marte
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Olhar para o céu e ver estrelas, planetas, constelações e imaginar se estamos ou não realmente sós no universo sempre fascinou e inspirou filósofos, poetas, artistas, astrônomos, astrólogos e sonhadores. De abril de 2014 até setembro de 2015, haverá mais motivos ainda para observarmos o céu com atenção: uma série de raros fenômenos astronômicos poderá ser observada. No dia 8 de abril a Terra ficou alinhada entre Marte e Sol, no evento conhecido como “oposição de Marte”, o que só acontece uma vez a cada 778 dias. O acontecimento ganha ainda mais importância do ponto de vista cósmico por anteceder uma rara sequência de quatro eclipses lunares – as “luas de sangue” –, conhecida como tétrade e seguida por seis luas cheias. O evento é tão raro que, segundo fontes da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), em mais de 500 anos as “luas de sangue” só foram vistas três vezes: em 1493, 1949 e 1967. E, certamente, não se repetirão tão cedo.
Esse ciclo lunar teve início no dia 15 de abril recente e foi visível em todo território brasileiro. Os próximos eclipses da lua acontecerão nos dias 8 de outubro deste ano, e a 4 de abril e 28 de setembro de 2015. Físico, doutor em Astronomia e presidente da comissão organizadora da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA) – evento nacional em que escolas públicas de todo o país inscrevem alunos de ensino fundamental e médio para provas de avaliação de conhecimentos na área, realizado com apoio da FAPERJ –, João Batista Garcia Canallle explica que, infelizmente, dos próximos três eclipses lunares, apenas o que acontecerá no dia 28 de setembro será plenamente visível no Brasil. “Sugerimos a escolas de todo o Brasil que desenvolvam atividades de observação do céu durante esses fenômenos. Seguramente serão tema de alguma das questões nas provas da OBA”, acrescenta Canalle.
Segundo o físico, os quatro eclipses lunares recebem o nome de luas sangrentas porque, durante o fenômeno, apesar de a Terra ficar posicionada em frente à Lua, criando um cone de sombra no espaço, tem sua atmosfera iluminada pelo Sol. Embora nossa atmosfera filtre parte da luz azul e violeta solar que chega ao satélite, deixa também passar o lado vermelho do espectro de cores da luz. Com isso, a Lua assume uma coloração avermelhada. “O que ocorre é o fenômeno de refração: a luz passa pela atmosfera terrestre e provoca um espalhamento das cores do espectro solar. Como a luz vermelha é a que menos se espalha na atmosfera, ao chegar à Lua faz com que ela adquira um tom avermelhado", descreve. Ele explica que, da mesma forma, o espectro de cores da luz solar ao incidir diretamente sobre a Terra, faz o céu parecer azul durante o dia. “Isso ocorre porque a cor azulada é a que mais se espalha na atmosfera terrestre. Assim, o azul acaba prevalecendo em nossa capacidade de perceber as cores no céu”, complementa.
Google +/Canal Ciência e Astronomia |
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Eclipse total lunar foi visto no céu brasileiro no dia 15 de abril |
Pesquisador do Observatório Nacional, físico e membro da comissão organizadora da OBA, onde trabalha em parceria com Canalle, Jair Barroso Júnior complementa as informações sobre as chamadas “luas sangrentas”. “Quando o espectro de luz solar passa, essa luz é espalhada pela a poeira atmosférica gerada tanto pela atividade vulcânica quanto pela poluição de gases lançados na Terra. Assim, um eclipse com cor mais avermelhada significa uma maior quantidade de cinza vulcânica ou gases lançados na atmosfera da Terra”, afirma.
Já a oposição de Marte – quando há o alinhamento de Sol, Terra e Marte – faz com que o planeta vermelho se destaque pelo brilho fora do habitual. Sua coloração é resultado do reflexo da luz solar sobre seu solo. Tudo isso se torna uma excelente oportunidade para visualizar o planeta de modo bastante favorável. “Normalmente, Marte é visível da Terra durante todo o ano, mas as chamadas oposições ocorrem mais ou menos a cada dois anos. No começo de abril, quando ocorreu o fenômeno, Marte estava numa combinação de posições orbitais com a Terra e com o Sol, que o trouxe a aproximadamente 93 milhões de quilômetros da Terra. Com isso, o brilho de Marte o leva a rivalizar com o da estrela Sirius, a mais brilhante que podemos ver no cèu à noite. Logo, porém, o planeta vermelho começa a se afastar, embora ainda brilhe bastante para ser avistado durante a noite. Ao longo de um ano, pouco a pouco ele vai se distanciando até ficar a quase 400 milhões de quilômetros, o que o torna, praticamente um ponto longínquo, de difícil visualização”, complementam os pesquisadores. Com certeza, a experiência de olhar o céu noturno pode ser bastante enriquecedora. E esses eventos raros oferecem uma excelente oportunidade para que professores ensinem ciência de uma forma ainda mais atrativa e interessante.
Para saber mais sobre a Olimpíada Brasileira de Astronomia acesse: http://www.oba.org.br