Bambu é alternativa para construção civil
Dono de extensas reservas naturais, localizadas em áreas tropicais e subtropicais, o Brasil pode obter uma boa economia de recursos com a utilização do bambu na construção civil.
Essa alternativa é defendida pelo professor Khosrow Ghavami, que há mais de 20 anos desenvolve estudos sobre o uso do bambu e outros materiais, como fibras de coco, que podem baratear o custo da construção civil. Ghavami é professor titular do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio e vem desenvolvendo pesquisas sobre a substituição do aço pelo bambu na fabricação de estruturas de concreto. Segundo ele, o material tem resistência suficiente para ser utilizado na fabricação das estruturas. Nos ensaios realizados na universidade, o bambu apresentou resistência à tração de 200 MPa, índice próximo aos 240 MPa apresentados por uma chapa de aço.
Com esses estudos estamos provando cientificamente que o bambu pode ser utilizado na construção civil, afirma Ghavami, um dos fundadores e atual presidente da Associação Brasileira de Ciências em Materiais e Tecnologias Não Convencionais (ABMTENC). Para garantir a durabilidade, o material recebe tratamento para evitar apodrecimento e ataque de fungos e cupins.
Uma das principais vantagens do uso do bambu é a economia. Pelos cálculos do professor Ghavami, a utilização pode reduzir em mais de 30% o custo final da construção. Só para ter uma idéia, a fabricação de um tubo de aço consome 50 vezes mais energia do que um de bambu com as mesmas proporções.
A equipe de Ghavami vem dedicando-se a estudar 12 dos 1.200 tipos de bambu já catalogados. Atualmente, estamos fazendo o mapeamento das suas micro- estruturas para estabelecer as propriedades físicas e mecânicas de cada tipo e verificar a adequação a cada forma de utilização, explica Khosrow Ghavami, que recebe apoio da FAPERJ através do programa Cientistas do Nosso Estado.
Bambu: uma alternativa com aval de 6 mil anos
A utilização do bambu tem outras vantagens. O material não é poluente, ao contrário do amianto, cuja utilização está proibida em alguns países europeus por estar associado a certas formas de câncer. Além disso, as reservas de bambu são renováveis. Por tudo isso, pode-se afirmar que o bambu será o material do século XXI, afirma o professor, lembrando que o bambu já pode ser cortado após três anos de plantado.
Pouco difundida nos grandes centros do Brasil, a utilização do bambu e de fibras vegetais é mais antiga do que se possa imaginar. No Irã, há registro de habitações com mais de 6 mil anos construídas com palha de trigo. O bambu também é amplamente adotado em países como Japão, China e Filipinas. Na América do Sul, o material foi muito usado na região onde fica a Colômbia, mas boa parte foi destruída no período de colonização espanhola. Apesar do baixo custo, o bambu ainda é utilizado no Brasil, quase que exclusivamente, em construções temáticas e de luxo. Já na Costa Rica é empregado em casas populares.
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