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Publicado em: 24/09/2015
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Nova espécie de carrapato que parasita rãs é descoberta na Costa Verde

Aline Salgado

Microparasitas habitam a pele das rãs da espécie
Thoropa miliaris (Fotos: Divulgação)

Minúsculos seres que vivem sobre a pele de anfíbios, cujo habitat natural são frestas de rochas com lâminas d’água na região da Costa Verde no Rio de Janeiro, ficaram por muitos anos invisíveis aos olhares dos cientistas. Até que, quase que por um acaso, pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade de São Paulo (USP) e Instituto Butantan descobriram esses pequenos notáveis: carrapatos, que parasitam as rãs da espécie Thoropa miliaris. Mais que um achado, a descoberta científica propiciou a identificação de uma nova espécie de parasita, batizada de Ornithodoros faccinii, em homenagem ao professor titular da UFRRJ, especialista em ácaros de importância veterinária, João Luiz Horácio Faccini.

Membro da equipe de pesquisa, formada por mais sete especialistas, Hermes Ribeiro Luz, doutor em Parasitologia Veterinária da UFRRJ, conta que os carrapatos foram encontrados graças à ajuda da equipe coordenada pelo pesquisador do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ, Hélio Ricardo da Silva. Ao lado da doutoranda Gabriela Bueno Bittencourt-Silva, Hélio estuda como as rãs da espécie Thoropa miliaris podem ter ficado isoladas nas ilhas da Região Sudeste do País, em função de um evento de aquecimento global natural, acontecido há 3 mil anos – tema de reportagem publicada em Rio Pesquisa (Ano VIII nº 30).

"Após análises morfológicas dos carrapatos descobrimos que pertenciam à família Argasidae, o que nos surpreendeu naquele momento. Nosso conhecimento sobre o parasitismo por carrapatos em anuros (animais da classe anfíbia) brasileiros, tema de uma revisão que publicamos recentemente em ‘Parasitismo por carrapatos em anuros no Brasil (2013)’, já nos alertava que Argasídeos parasitando rãs seria um achado novo para o Brasil”, conta Hermes. 

“Posteriormente, descobrimos que além de inédita para o País, esta associação era a segunda relatada em toda a Região Neotropical. Foi quando suspeitamos que seria uma nova espécie de carrapato. A partir dessa suspeita, intensificamos as coletas no campo e em coleções de anfíbios e répteis pelo Brasil", acrescenta o pesquisador, lembrando que o primeiro indício de que a descoberta era importante se deu ainda em 2013, dois anos antes da publicação do achado na revista científica Parasites & Vectors, em 13 de maio deste ano – http://www.parasitesandvectors.com/content/8/1/268. 

As coletas de campo se concentraram por toda a região da Costa Verde, principalmente em Coroa Grande, nos limites de Mangaratiba e Itaguaí, onde foi feito o primeiro registro desse carrapato em rãs Thoropa miliaris. Mas, logo em seguida, os pesquisadores perceberam que essa espécie de anfíbio apresentava uma ampla distribuição pelo território brasileiro, encontrando-se também no Sul da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo.

Detalhe da espécie Ornithodoros faccinii
em imagem de microscópio eletrônico 

"Em todos os pontos investigados na Costa Verde encontramos esta espécie de carrapato parasitando Thoropa miliaris. Agora, conhecendo a distribuição desse hospedeiro para outros estados, acreditamos que o carrapato Ornithodoros faccinii possa estar presente também nestas áreas onde se encontram esses anfíbios, o que aumentaria a distribuição desse parasita para outros estados", enfatiza Hermes. Em função dessa distribuição do hospedeiro, os pesquisadores vêm contactando as universidades desses estados no intuito de analisar espécimes de Thoropa miliaris, depositados em coleções de anfíbios e répteis.

"A nossa ideia é mapear os locais onde estão a rã e o carrapato. Isto é, saber exatamente qual é a distribuição desse hospedeiro e se o carrapato o acompanha em todas essas regiões. É uma pesquisa longa, mas com o auxílio das coleções já existentes nos centros de pesquisa poderemos efetuar esse olhar mais apurado sobre a associação entre O. facciniii e T. miliaris", conclui Hermes.

O especialista antecipa que o estudo está sendo desenvolvido pela doutoranda Iwine Joyce Barbosa de Sá, do curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da UFRRJ, sendo coordenado pela professora Kátia Maria Famadas, em conjunto com os pesquisadores envolvidos na descoberta: Darci Moraes Barros-Battesti do Instituto Butantan; João Luiz Horácio Faccini, Hermes Ribeiro Luz e o doutorando Gabriel Alves Landulfo, do Departamento de Parasitologia Animal da UFRRJ; e o professor Hélio Ricardo da Silva, do Departamento de Biologia Animal da UFRRJ.

De lá para cá, foram necessárias análises de biologia molecular, bem como estudos morfológicos desse parasita por meio de microscópio de varredura. Segundo o pesquisador, até o momento, a espécie Ornithodoros faccinii foi encontrada apenas no estágio de larva parasitando Thoropa miliaris, medindo 1.100 μm, o equivalente a 1.100 milésimos de milímetro. O estágio de ninfa, medindo 1.400 μm, foi obtido após alimentação de larvas em Thoropa miliaris em laboratório.  “Ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas, estamos correndo atrás disso”, saliente Hermes.

Paralelamente a esse estudo, o pesquisador vem recebendo o apoio da FAPERJ para outros estudos com carrapatos. Ele ganhou, no ano passado, uma bolsa de pós-doutorado –  Bancada para Projetos/PAPD-2013 – para a pesquisa que investiga a relação parasito-hospedeiro e infecção por Rickettsia rickettsii, agente do Complexo Febre Maculosa Brasileira, em carrapatos associados com aves silvestres no Estado do Rio de Janeiro. Este ano, Hermes e o o pesquisador João Luiz Horácio Faccini foram contemplados, em parceria com pesquisadores da Fiocruz, com o projeto temático “Agentes zoonóticos em animais silvestres e vetores associados no sul do Estado do Rio de Janeiro”, coordenado pela pesquisadora da Fiocruz, Cibele Rodrigues Bonvicino.

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