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Publicado em: 05/11/2015
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Estudo avalia impactos da pesca da manjuba no rio Paraíba do Sul

Danielle Kiffer

Pesquisa na Fiperj avaliou se a pesca da manjuba seria
predatória para o meio ambiente (Foto: Wikimedia Commons) 

Sobreviver da atividade pesqueira no rio Paraíba do Sul não tem sido fácil. O rio, que percorre cerca de 1.120 quilômetros desde sua nascente, na Serra da Bocaina, em São Paulo, até a foz em São João da Barra, na região Norte Fluminense, é um dos principais responsáveis pelo abastecimento de água de várias cidades do estado do Rio de Janeiro. Apesar disso, ele vem sendo degradado tanto pelo desmatamento da vegetação de suas margens quanto por agrotóxicos, despejos industriais e de mineração, entre outros fatores. Como se não bastasse, a pesca da manjuba, espécie de peixe do rio e fonte de renda para a população ribeirinha de Campos dos Goytacazes e São Fidélis, municípios do Norte Fluminense, é considerada predatória, de acordo com legislação vigente dos ministérios da Pesca e Aquicultura (MPA) e do Meio Ambiente (MMA).

Como consequência dos impactos ambientais e da proibição da pesca da manjuba, a situação da população que vive da atividade pesqueira nessas regiões tornou-se a cada dia mais difícil. A pedido dos pescadores, a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) desenvolveu um projeto para avaliar se o modo e os apetrechos de captura usados na pesca da manjuba, popularmente conhecida como "manjubinha", são realmente predatórios. O estudo realizado pela bióloga Maria de Fátima Valentim, doutora em Ecologia de Peixes, contou com recursos do edital Apoio à Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para avaliar todo esse processo, os pesquisadores da Fiperj acompanharam os pescadores, em suas próprias embarcações, a fim de verificar cada detalhe da pesca. “Uma vez por mês, observamos as redes utilizadas – também conhecidas como manjubeiras –, o tempo em que essas redes permanecem na água e a quantidade de manjubinhas e de outras espécies capturadas, tanto em Campos dos Goytacazes como em São Fidélis. Fizemos isso durante 22 meses, período que cobre dois ciclos reprodutivos dos peixes”, conta Maria de Fátima.

Acondicionado em gelo, o material capturado era transportado para laboratórios instalados nas sedes das entidades representativas dos pescadores, uma em São Fidélis (Colônia de Pescadores Z-21) e outra em Campos dos Goytacazes (na Associação de Pescadores Artesanais de Coroa Grande), para análise. “Nessa etapa, os exemplares eram medidos, pesados e dissecados para determinação do sexo. Ainda verificávamos se os peixes estavam em período reprodutivo. Tivemos ajuda do professor Fabio Di Dario, da UFRJ, que realizou a identificação taxonômica das espécies”, explica.

A pesquisa concluiu que a pesca da manjuba não é prejudicial nem à própria espécie e nem a outras ameaçadas de extinção naquele rio, como a piabanha e o surubim, por exemplo. “De todo material coletado, que incluiu cerca de três mil peixes, apenas 2% eram de tamanho juvenil, capturados incidentalmente. Também foram identificados dois morfotipos de manjuba, a Anchoviella lepidentostole (manjuba-branca ou leitosa) e a Anchoviella cayennensis (manjuba-perna-de-moça), esta última registrada pela primeira vez no rio Paraíba do Sul”, diz a bióloga.

Com base no estudo, a pesquisadora constatou que as redes, com malhas de 12 a 15 milímetros, bem como o modo de captura, não incidem significativamente sobre os juvenis de espécies relevantes para a pesca ou para o ambiente. “Trata-se de uma rede seletiva e não predatória”, afirmou Maria de Fátima.

Com o resultado da pesquisa, e em conjunto com os pescadores, a Fiperj subsidiou junto ao Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), por meio da Superintendência Federal da Pesca e Aquicultura no Estado do Rio de Janeiro (SFPA/RJ), ao Ministério do Meio Ambiente e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a elaboração de uma instrução normativa para a legalização da pesca da manjuba no rio Paraíba do Sul. Esperançosos, os pescadores aguardam o resultado da iniciativa, que tanto irá regularizar a atividade como deverá facilitar sua rotina diária de trabalho.

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