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Publicado em: 16/07/2020
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Empreendedorismo socioambiental tem curso de capacitação apoiado pela FAPERJ na PUC-Rio

Paula Guatimosim

Plataformas na web e a adaptação da metodologia viabilizaram as aulas
online do curso de empreendedorismo (Fotos: Arquivo pessoal)

Luiza de Souza e Silva Martins optou por estudar Psicologia, mas confessa que seu maior receio era a perspectiva de, após formada, ter que ficar fechada em um consultório, atendendo pessoas o dia inteiro. “Eu não me via nessa situação, sentia falta de um trabalho que me permitisse estabelecer diálogos, interação, uma dinâmica maior”, conta a psicóloga. Assim, desde que se formou, seu espírito empreendedor a conduziu para a área de planejamento estratégico e gestão de novos projetos em instituições de educação. Coordenadora do curso de Empreendedorismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Luiza foi contemplada no edital Programa de Apoio ao Empreendedorismo de Impacto Socioambiental do Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, e precisou adaptar o curso, iniciado em janeiro deste ano, para as novas condições impostas pelo distanciamento social. Mesmo com a nova metodologia online, ela acredita que cumprirá com o prometido no projeto: entregar seis CNPJ, ou seja, conseguir com que pelo menos seis dos projetos em desenvolvimento se constituam como negócios de impacto socioambiental.

A professora explica que foram mais de 100 alunos inscritos, e que em janeiro, no início do curso, 60 matrículas se concretizaram, principalmente em função da disponibilidade de horário dos interessados. Após o Carnaval, em março, a pandemia do novo coronavírus inviabilizou as aulas presenciais e uma nova metodologia precisou ser desenvolvida, com o curso sendo totalmente reformulado para o formato online. Hoje, os cerca de 50 alunos estão envolvidos em 20 projetos de impacto socioambiental, dos quais seis serão selecionados por uma banca ao final do curso. No fim do segundo semestre, em uma segunda turma, cujas aulas são aos sábados, serão selecionados mais seis projetos, para um total de 12 projetos no final do curso. Mas Luiza acredita que se acontecer de aparecerem outros excelentes projetos, esse total poderá aumentar.

Com os empregos formais cada vez mais raros, ela está certa da necessidade de se ter mentalidade empreendedora, capacidade de inovar, de perceber oportunidades e aproveitá-las, mesmo quando a pessoa está contratada como funcionária de uma organização. Especialmente se o profissional apresentar ideias que possam causar um impacto socioambiental positivo. Segundo Luiza, entre os projetos em desenvolvimento é possível observar uma variedade grande de temáticas. Focado no impacto social há o Pretas Ruas, um coletivo idealizado e conduzido por mulheres negras, que ajudam outras mulheres, também negras, em situação de rua. O projeto, que inicialmente vivia de doações, se estruturou e está se transformando num negócio de impacto, vendendo sopas e caldos, cuja receita é em parte revertida para atender a demanda dessa população de mulheres de rua. Outro projeto que também tem importante viés social pretende apoiar mães solteiras em situação de vulnerabilidade social, especialmente por meio do fornecimento de alimentação adequada. Uma aluna com experiência em eventos tem intenção de ajudar a trabalhadores informais do município de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, capacitando-os na área de vendas para que eles possam fornecer produtos e serviços aos organizadores de festas e eventos. Promover o empreendedorismo junto à população de baixa renda e o aprendizado para a vida (lifelong learning) são outros objetivos presentes em alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos. No setor cultural há iniciativas que buscam promover maior acessibilidade a artistas da periferia, em especial artistas negros, e promover a valorização das artes plásticas.

Alguns alunos chegaram a ter aulas presenciais, no início do curso, e na
etapa atual 
estão apresentando projetos com grande variedade temática 

Na área de impacto ambiental, um projeto está sendo estruturado para trabalhar com reforma e construção de moradias sustentáveis, que utilizam fontes alternativas de energia, reuso da água, entre outras medidas; e outro projeto pretende investir na reciclagem de madeira que vem sendo descartada por empresas. No setor de alimentação, além de um projeto de hamburgueria, há a iniciativa de um mateiro, o profissional que prepara e vende o mate de praia, que tem ponto de venda na PUC-Rio. Ele pretende fortalecer a rede de mateiros com a disseminação de conceitos e selo de qualidade, além de agregar valor ao produto principal com a venda kits saudáveis, no estilo praia. Luiza também destaca que há várias plataformas de conexão entre setores e pessoas, para atender nichos de mercado, além de projetos de moda e cosméticos sustentáveis. 

A psicóloga conta que, devido ao método utilizado, alguns projetos se transformaram totalmente ao longo do curso. A metodologia adotada, desenvolvida há mais de 20 anos pela PUC-Rio, pensa o empreendedorismo de uma forma bastante ampla, que desenvolve não só o empreendimento, mas a pessoa que está empreendendo e pretende abrir seu próprio negócio. “Nossa metodologia utilizada em sala de aula sempre foi considerada uma referência, já que a própria forma de pensar o empreendedorismo, construída de forma transversal no currículo dos cursos de graduação da PUC-Rio, era inovadora já na década de 1990”, explica Luiza. Segundo ela, na época da implantação, o então reitor da universidade disse que gostaria que o empreendedorismo fosse um OVNI, que transitasse por todos os setores da universidade, diferente do modelo compartimentalizado (das caixinhas). “Apesar de atualmente o curso de Empreendedorismo estar sendo gerido pelo Departamento de Administração, ele ainda mantém a sua transversalidade”, garante Luiza, alegando que, na prática, o curso não é voltado para a Administração, Design ou outra área específica. Ela esclarece que as turmas são mescladas, multidisciplinares, se aproximando muito mais da realidade do mercado de trabalho. A coordenadora do projeto diz que a oportunidade aberta pelo edital da FAPERJ surgiu em um momento em que a equipe da PUC-Rio observou que o método desenvolvido e aplicado internamente tinha potencial para extrapolar os portões da universidade.

Professora do Domínio Adicional em Empreendedorismo da PUC-Rio desde 2012, lecionando disciplinas de Atitude Empreendedora, Planejamento de Vida e orientando Projeto Final em Empreendedorismo, Luiza alega que não só o ecossistema era favorável, mas também a capacidade da equipe de mentorar os projetos, contando com a metodologia do Instituto Gênesis, reconhecida incubadora de empresas da PUC-Rio. Nesse setor, novos projetos foram desenvolvidos em vários setores como óleo e gás, setor imobiliário, educação etc. Ela chegou a implantar a formação empreendedora em uma escola de ensino médio em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, sempre visando projetos inovadores.

Luiza acredita que mesmo estando em um emprego 
formal, é preciso ter mentalidade empreendedora

Luiza garante que outra motivação para estender o curso além dos domínios da PUC-Rio foi o nicho de mercado que abrange pessoas que querem empreender, mas não necessariamente sabem o que querem fazer e como o farão. “O curso tem objetivo de motivar a pessoa a achar o que quer fazer e ajudá-la a fazer. Esse é um dos objetivos do projeto, porque mesmo os alunos que não venham a constituir CNPJ levarão consigo a mentalidade de impacto para qualquer atividade que escolham desenvolver no mercado de trabalho”, garante Luiza. Segundo a professora, todos os projetos que vêm sendo desenvolvidos têm a finalidade de ocasionar um impacto social ou ambiental positivo. O foco socioambiental é bastante oportuno, porque está no centro das discussões, já que não é possível mais pensar um negócio que explore os recursos naturais ou que não seja socialmente justo. Ela detalha que o curso foi estruturado em três eixos, os mesmos três eixos estruturantes do programa de empreendedorismo. O primeiro é o desenvolvimento da pessoa e da atitude empreendedora (que responde às perguntas “Quem é você?; Quais as suas capacidades?; Qual o seu propósito? O que te mobiliza?; e Como você se vê no futuro?”); o segundo é a identificação do espaço para a inovação a partir do meu propósito (aproveitamento de oportunidade a partir da metodologia do design thinking), com o mapeamento de problemas e soluções; e o terceiro é a estruturação do modelo de negócio. Ao final dessas três etapas, uma banca seleciona os projetos que têm potencial para criar CNPJ, ou seja, constituir uma empresa.

Formada em psicologia pela PUC-Rio, também foi ali que Luiza fez seus cursos de mestrado e doutorado, também em Psicologia. Isso porque apesar de já apresentar comportamento empreendedor, ser questionadora e ter firmes propósitos e princípios, na época ainda não se falava em pós-graduação em empreendedorismo. Assim, no início de sua vida profissional ela se interessou pela Educação e trabalhou em escolas, primeiro como psicóloga, o que lhe rendeu uma boa base para entender as relações familiares. Mas, em pouco tempo, já estava atuando na área de planejamento estratégico e gestão de novos projetos. Como coordenadora do projeto submetido à FAPERJ, Luiza diz estar enfrentando um desafio, já que ao mesmo tempo em que ela reforça seu propósito e trabalha com prazer, não está sendo fácil tirar negócios do papel em tempos de pandemia, com restrições de encontros presenciais. Com o compromisso de apresentar seis CNPJs constituídos à FAPERJ no final do curso, ela também se satisfaz em impactar o máximo de pessoas possível. A previsão de 10 turmas iniciais ficou restrita a seis. A pandemia fez com que os alunos repensassem todos os seus projetos e conceitos. Muitos que estavam focados na ideia viram que isso era o que menos importava no processo de aprendizagem. “Confesso que é um desafio tocar esse curso na forma digital, mas estou gostando bastante das nossas conquistas, do que estamos conseguindo fazer", diz Luiza, para quem empreendedorismo é uma forma da pessoa se inserir no mercado de trabalho, seja criando sua própria empresa ou como contratado.

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