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Publicado em: 28/01/2021
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Gustavo Tamm: um matemático a serviço da popularização da Ciência

Débora Motta

Gustavo Tamm: coordenador da Olimpíada Brasileira de
Matemática, ele avalia que a competição é uma porta de entrada
para novos talentos na disciplina 
(Fotos: Divulgação/Impa)

“A matemática é o alfabeto com o qual Deus escreveu o universo”. A frase, atribuída a Galileu Galilei (1564-1642), traduz a paixão do matemático Carlos Gustavo Tamm de Araújo Moreira pelo seu ofício, bem como o seu olhar atento aos números e às formas na natureza. Professor titular no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), ilha de excelência em pesquisas de ponta na disciplina, localizado no Jardim Botânico, zona Sul do Rio, ele desenvolve atualmente, com apoio da FAPERJ, por meio do programa Cientista do Nosso Estado, o projeto Métodos Probabilísticos, Geometria Fractal, Dinâmica e Aritmética.

Fractais são objetos que possuem cada parte semelhante ao objeto como um todo. Isso significa que os padrões da figura inteira são repetidos em cada parte, só que numa escala de tamanho menor. Há diversos exemplos de fractais na natureza, como os flocos de neve (cada pedaço do floco se assemelha à geometria do floco inteiro), ou os ramos de um brócolis. “O objetivo deste trabalho é descrever o estudo de delicadas propriedades geométricas ligadas às chamadas dimensões fractais, que têm um papel fundamental em determinados aspectos de sistemas dinâmicos, e também no estudo de aproximações de números reais por números racionais, escritos na forma de frações. Fractais aparecem naturalmente em sistemas dinâmicos, no estudo de equações diferenciais ou de iterações de funções. As dimensões fractais são usadas para estimar o 'tamanho' dos fractais”, resumiu Tamm.

O desejo de ser matemático surgiu cedo na vida desse carioca, filho de um antropólogo indigenista que foi diretor do Museu do Índio, Carlos de Araújo Moreira Neto. Gugu, como é conhecido, estudou no tradicional Colégio Santo Inácio, e costumava adiantar, de forma autodidata, seus estudos nas férias, lendo os livros de Matemática das séries mais adiantadas. “Matemática para mim sempre foi acima de tudo uma diversão. E logo, nessa época, decidi que seria professor da disciplina. Nunca me imaginei seguindo outra carreira”, contou.

Jovem prodígio, ele foi bolsista de Iniciação Científica da FAPERJ ainda na época do Ensino Médio, quando conciliou seus estudos colegiais com o mestrado no Impa, entre 1988 e 1990. “Quando eu estava no Ensino Médio, tive a oportunidade de participar do curso de verão ‘Análise na Reta’, no Impa, do qual me tornaria professor. Esse curso de iniciação cientifica atrai até hoje, no instituto, muitos jovens estudantes. Passei com boa nota. Fui então apresentado ao Elon Lages Lima (1929-1917), um grande matemático, então vice-diretor do Impa. Ele me ajudou e consegui uma bolsa de Iniciação Científica da FAPERJ na ocasião, quando nem tinha concluído ainda o Ensino Médio. Daí fui direto para o mestrado e, dois dias antes de completar 17 anos, defendi a minha dissertação, sobre Centralizadores de Difeomorfismos do Círculo, que já era na área de sistemas dinâmicos, sob orientação do professor e acadêmico Jacob Palis, que depois foi meu orientador no doutorado”, lembrou.

Sede do Impa, no Jardim Botânico: instituição é tida como
ilha de excelência 
no ensino e pesquisa em Matemática no País

Aos 47 anos, Tamm destaca a importância da realização de cursos e atividades que ajudem a despertar o interesse dos jovens pela Matemática. Uma das suas grandes contribuições para a popularização da disciplina é seu trabalho como coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), que desenvolve desde 2012. “As Olimpíadas de Matemática são uma porta de entrada para novos talentos. Eu mesmo participava e ganhei medalhas de ouro na Olimpíada Iberoamericana de Matemática, em 1989, e na Olimpíada Internacional de Matemática, em 1990”, detalhou.  Ele citou o exemplo de Artur Ávila, o primeiro brasileiro e latino-americano a ganhar, em agosto de 2014, a Medalha Fields, considerada o Prêmio Nobel da Matemática, já que a Academia Sueca, responsável pelo "Nobel", não tem um prêmio específico para a disciplina. “Grande parte dos jovens matemáticos brasileiros começaram a se interessar pelo assunto por meio de Olimpíadas. Conheci o Artur quando ele tinha 13 anos, no Impa, e estudava para a Olimpíada do Cone Sul”, completou.

Ele acredita que, apesar da má fama da Matemática para boa parte dos estudantes, que a consideram uma disciplina difícil e pouco interessante, existe uma parcela de jovens muito talentosos, realmente vocacionados para a área, e que precisa ser estimulada. “Para todas as carreiras científicas, há pessoas com vocação, em todos os estados brasileiros, que se apaixonam pelos estudos até mesmo por conta própria. O País precisa oferecer a eles esse contato com a Ciência de alto nível, com atividades de divulgação e materiais didáticos de boa qualidade, além de eleger como prioridades os investimentos em um sistema educacional abrangente e o fomento à pesquisa, por meio das agências federais e estaduais, como a FAPERJ. A profissão de professor deveria ser mais bem remunerada e ter maior prestígio social, acima de tudo”, concluiu ele, que ganhou em 2018 o Prêmio Paul Erdös da Federação Mundial de Competições Nacionais de Matemática (WFNMC, sigla em inglês), por sua contribuição à Matemática Olímpica.

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