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Publicado em: 03/02/2005
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Desafios da inovação no Brasil em debate na Finep

Fotos de Vinicius Zepeda

 

O tema “inovação” reuniu pesquisadores, empresários e gestores de ciência e tecnologia em acalorado debate sobre inovação, na última segunda-feira, 31 de janeiro, no auditório da Finep, durante a mesa-redonda “Os desafios da inovação brasileira”. O encontro foi promovido por ocasião do lançamento do número 21 da revista Inteligência Empresarial, editada pelo diretor de Tecnologia da FAPERJ, Marcos Cavalcanti, também coordenador do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (Crie) da Coppe/UFRJ.

 

A platéia manteve atento entusiasmo diante das apresentações feitas pelo diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Odilon Marcuzzo; o assessor da Diretoria de Tecnologia da FAPERJ, André Pereira Neto e o professor do Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NCE/UFRJ), Ivan da Costa Marques. A mesa foi coordenada por Marcos Cavalcanti.

 

Um dos pontos altos do debate foi o Programa Rio Inovação da FAPERJ, que, no fim de 2004, após minucioso processo de seleção do qual participaram 109 candidatos, destacou 20 projetos para receber apoio financeiro da Fundação. O edital vem sendo considerado inovador não apenas pelo método de seleção mas também pelo fato de apoiar soluções tecnológicas com potencial de inserção no mercado e/ou alta relevância social já na fase final de desenvolvimento, isto é, que apresentem protótipos, produtos e/ou processos. Novo edital deve ser aberto até o fim de março.

 

Autor do artigo “Inovação, desafios e oportunidades” – que avalia o Rio Inovação na presente edição da revista Inteligência Empresarial –, o assessor da FAPERJ André Pereira Neto explicou, no evento, as modificações feitas no texto-base do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas (Pappe), da Finep, pela Diretoria de Tecnologia da FAPERJ, para chegar ao texto final do edital Rio Inovação. “O objetivo não é apoiar idéias, mas sim protótipos”, disse.

 

No artigo, Pereira Neto (com Fabiano Gallindo e Santiago Reis da Cruz, também assessores da FAPERJ) analisa o Pappe, que destina recursos dos Fundos Setoriais com contrapartida das FAPs –  que têm liberdade de criar editais próprios. Os três assessores da FAPERJ estudaram os editais lançados pelas diversas FAPs em função do Pappe e analisaram o conceito de inovação contido em cada um. A conclusão foi de que a maioria se limita a reproduzir o programa da Finep, incentivando a chamada “fase fluida” da inovação, em que as idéias estão em ebulição mas o mercado não é levado em conta.

 

As exceções foram a FAPERJ, a Fapemig, a Fapergs e a Fapesp. As três primeiras lançaram abordagens diferentes, favorecendo projetos na “fase transitória”, em que a idéia já está materializada e há um protótipo ou processo em fase de teste. Já a Fapesp, segundo o estudo, focou seu edital na “fase específica”, em que um produto é colocado no mercado.

 

“No Brasil, a ‘fase fluida’ é a mais financiada. Ocupamos o 24 lugar entre os países de maior produção bibliográfica do mundo, mas essa grande produção científica não se transforma em produto, renda, emprego. Precisamos transformar conhecimento em negócio e bem-estar da sociedade. A vinculação universidade-empresa é imprescindível e urgente”, defendeu Pereira Neto.

 

A tríplice-hélice

 

No artigo elaborado para a 21a edição de Inteligência Empresarial, os assessores da FAPERJ minuciam o princípio da tríplice hélice, que entende que a interação entre universidade, empresa e governo é fundamental no processo de inovação.

 

Segundo Pereira Neto, o edital Rio Inovação não induz necessariamente à tríplice hélice, uma vez que não exige formação além do 3 grau completo ou vinculação acadêmica, requerendo apenas experiência comprovada. Ele explicou que o edital permite a participação de quatro tipos de empresas: incubadas em universidades; geradas em universidades mas que desenvolveram “vida própria”; grandes empresas que convidam doutores a conduzir projetos; e empresas autodidatas, “onde a tríplice hélice não gira”.

 

O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Marcos Cavalcanti, destacou a importância de se criar um ambiente jurídico favorável à participação da empresa brasileira no mercado nacional. Satisfeito com o sucesso do evento, ele disse que, apesar de os participantes não terem chegado a uma conclusão objetiva, o encontro de empresários, acadêmicos e gestores é fundamental. “O importante é que todo mundo concorda que o caminho é a inovação”, concluiu.

 

Universidade e empresa, pesquisa e capital

 

Em sua apresentação, o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Finep, Odilon Marcuzzo, defendeu o Pappe e argumentou que o papel da universidade não é inovação – esse seria o papel da empresa. “O Pappe é um laboratório para o sistema de inovação nacional, que ainda não está formado. Ele é um exercício de integração”, explicou. De acordo com Marcuzzo, a Lei de Inovação abriu um novo e rico horizonte e permitirá “desmascarar” o Pappe. “Agora poderemos pensar programas para empresas mais retos e diretos. A universidade não precisa mais cumprir um papel que não é dela”, afirmou.

 

O diretor da Finep destacou também que, entre 1992 e 2002, a taxa de investimentos em capital fixo nos países desenvolvidos foi de 2,4%, enquanto o investimento em conhecimento foi de 4,7%, segundo estudo de Lederman & Maloney. “Isso acontece porque se sabe que a taxa de retorno é de duas a três vezes maior. Se o Brasil não investir em pesquisa e desenvolvimento nunca poderá preencher o gap em relação aos países desenvolvidos”, afirmou.

 

Ele lamentou o fato de que 80% dos doutores brasileiros estejam nas universidades, e poucos em empresas. “Não adianta formarmos 10 mil doutores por ano se eles não tiverem onde e como trabalhar”, disse, referindo-se à precariedade das instalações das universidades. Os grandes parceiros da inovação ainda são os clientes e fornecedores, e não as universidades e institutos de pesquisa”, acrescentou. A seu ver, o espaço entre as universidades e as empresas deve ser preenchido por instituições tecnológicas que promovam esta ligação.

 

Marcuzzo mencionou ainda a falta de cientistas-engenheiros para resolver problemas de infra-estrutura e a diminuição da procura pelas ciências exatas pelos estudantes que terminam o nível médio. “A raiz do problema está no ensino básico e médio. Com professores mal preparados, o aluno fica assustado com disciplinas como física, química e matemática, e cria barreiras”, concluiu.

 

O professor Ivan da Costa Marques, autor do artigo “Labordireitórios, objetos naturais e inovação tecnológica no Brasil”, dissertou filosoficamente sobre a relação entre as leis e o desenvolvimento tecnológico, usando como fio consultor a história do computador produzido nos anos 80 pela empresa paulista Unitron, copiado de um modelo Macintosh da Apple. A empresa americana acusou a brasileira de piratear o produto, e a Unitron afirmou ter realizado “engenharia reversa”. A Apple, então, fez lobby junto ao governo brasileiro e conseguiu embargar o lançamento do computador no mercado brasileiro.

 

“O mundo não é feito de coisas puras”, disse Costa Marques, levantando uma entusiasmada discussão com a platéia sobre o conceito de “hibridização” e as leis vigentes no país.

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