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Publicado em: 18/05/2006
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Uma "fazenda de microrganismos" a favor da agricultura

Marina Ramalho

Restos de alimentos e de plantas, cascas de legumes e frutas, além de outros resíduos orgânicos, podem deixar de ser lixo e ganhar uma útil função na agricultura: a de adubo. Para garantir a alta qualidade desse composto natural, a empresa Inspector Engenharia, apoiada pelo edital Rio Inovação I da FAPERJ, criou um sistema de automação para usinas de triagem e compostagem de lixo que permite aperfeiçoar a transformação do material orgânico em húmus para as lavouras.

 

O equipamento permite a injeção automática de oxigênio no lixo orgânico, dentro da usina, favorecendo a proliferação de microrganismos que decompõem os resíduos até chegar ao adubo. Além de proporcionar um composto barato, natural, sem aditivos químicos, de alto valor nutritivo para as plantas – atestado pelo Ministério da Agricultura –, o sistema significa uma solução menos poluente para o destino do lixo doméstico e comercial, um problema sério enfrentado por centros urbanos.

 

“A matéria orgânica representa, em geral, 65% do peso do lixo que chega às usinas de reciclagem e compostagem. Esse material é altamente poluente, pois gera o chorume, líquido resultante da decomposição da matéria orgânica, caracterizado pelo mau cheiro e por ser rico em microrganismos patogênicos”, explica Renato Vasconcellos, sócio-gerente da Inspector. É sobre esse material que o equipamento desenvolvido pela empresa, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), vai atuar.

 

Na usina, o lixo passa por uma esteira, onde catadores separam materiais recicláveis – vidro, papel, garrafas, plástico etc – e não-recicláveis, como fraldas descartáveis, sapatos e utensílios metálicos. No final do processo de triagem, permanece na esteira apenas a matéria orgânica, que não oferece renda para o catador pois não é revendida. Esse material é triturado e recolhido para as baias de compostagem, um local coberto, impermeabilizado, onde fica em repouso.

 

Por baixo das baias, há uma rede de tubulação que injeta oxigênio na matéria orgânica. A idéia é favorecer a proliferação de microrganismos aeróbicos (que precisam de oxigênio para sobreviver), que vão digerir os resíduos, decompondo-os até transformá-los em húmus. “É como se fosse uma verdadeira fazenda de microrganismos, para a produção de adubo”, explica Vasconcelos. A presença de oxigênio também serve para matar os microrganismos anaeróbicos, que produzem o gás metano – 21 vezes mais poluentes do que o gás carbônico desprendido pelos microrganismos aeróbicos.

 

A Inspector Engenharia aperfeiçoou esse princípio, criando um protótipo que automatiza a injeção de oxigênio e dispensa a atuação de um técnico. A automação permite controlar de forma mais eficiente a quantidade de ar que está sendo injetada em intervalos de tempo pré-definidos de acordo com as necessidades dos microrganismos. “Se essa função fica a cargo de uma pessoa, a atividade pára nos finais de semana e no fim do expediente, o que dificulta o controle e compromete a qualidade do adubo final”, defende Vasconcelos.

 

A empresa, com ajuda da PUC-Rio, também está em fase de finalização de uma sonda que vai monitorar, paralelamente, a temperatura, umidade e pH do material orgânico. “O processo de decomposição gera calor. Se a temperatura se elevar acima de um determinado nível, os microrganismos morrem e a decomposição fica comprometida. Também é necessário acompanhar a umidade, pois se o ambiente fica muito seco, os microrganismos não se proliferam”, explica Vasconcelos.

 

O engenheiro ressalta que o aperfeiçoamento de usinas de compostagem permite reduzir a destinação de lixo a aterros sanitários e lixões a céu aberto, responsáveis pela contaminação do solo e de lençóis freáticos, mau cheiro e emissão de gases tóxicos. Mas as vantagens proporcionadas pelas usinas à população não se restringem ao âmbito ambiental. De acordo com Vasconcelos, as usinas geram dois empregos sociais para cada mil habitantes, nos municípios em que estão instaladas. “Também é possível abrir as fábricas à visita de escolas, para que os alunos ganhem consciência ambiental e a transmitam para seus pais”.

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