O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Rex Nazaré fala sobre guerra e tecnologia no Clube Militar
Publicado em: 25/05/2006
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Rex Nazaré fala sobre guerra e tecnologia no Clube Militar

Ao longo da história, apesar de deixar marcas de destruição, a guerra contribuiu para o desenvolvimento científico e tecnológico, alimentando a tendência do homem de busca de poder. E poder tornou-se conseqüência de domínio de conhecimento. Esse foi o ponto de partida da palestra Tecnologia para um país emergente e restrições internacionais, que o diretor de Tecnologia da FAPERJ Rex Nazaré Alves proferiu para um auditório lotado no Clube Militar, no Centro do Rio, na última sexta-feira, 19 de maio.

Durante a exposição para uma platéia atenta, Rex Nazaré mostrou como desde a antiguidade, guerra e desenvolvimento tecnológico têm caminhado juntos. “Ao conseguir construir as primeiras catapultas, o homem passou a usá-las para lançar corpos infectados da peste negra contra o inimigo, por cima das muralhas de proteção das cidades. Já se fazia guerra biológica”, explicou. E prosseguiu mostrando como todas as descobertas – entre elas a pólvora, provocaram enorme transformação no mundo antigo, e foram usadas como armas.

Mas Rex considerou também que, para conseguir resultados na área científica, é preciso ter recursos humanos e condições para criar. Equipamentos se compram sempre que possível, recursos humanos se formam. Citou como exemplo países que, mesmo sob os bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, conseguiram criar e produzir armas e aviões. “Também é necessário constância de propósitos e continuidade. E esse é um dos problemas do Brasil.” Embora o país seja rico em matérias-primas, isso não basta. Segundo o diretor de Tecnologia, pode-se buscar matérias-primas onde quer que elas estejam. “Até hoje uma cruz suástica marca, na região de Jari, na Amazônia, o lugar onde foi sepultado um alemão, chefe de uma expedição que, nos anos 1930, percorreu toda aquela área em busca de recursos naturais, inclusive urânio”, contou.

Nazaré também explicou a escolha de Hiroshima como alvo para o lançamento da primeira bomba atômica, não por concentrar indústrias nem por qualquer importância militar, mas provavelmente por ter sido poupada de bombardeios convencionais e, por isso, servir para testar com precisão os efeitos de destruição de uma explosão atômica: dos cerca de 350 mil habitantes, ficaram 140 mil mortos e 90% da cidade inteiramente em escombros.

Na corrida armamentista que foi intensificada, a necessidade de autodefesa levou ao estabelecimento  de mecanismos multilaterais e internacionais para controle, tais como tratados de não proliferação de armas nucleares, químicas e biológicas, ou de completa proibição de testes, este último não assinado pelos Estados Unidos. Os eventos de 11 de setembro de 2001 ampliaram essas preocupações e levaram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) a aprovar Resoluções aumentando o escopo de controles dos quais derivam listas de tecnologias, materiais e equipamentos sob rigorosa fiscalização.

“Isso entretanto permite, ou foi feito também, para assegurar o monopólio dos países centrais que já detêm estas tecnologias. A não proliferação pressupõe a formação de um cartel tecnológico, favorável aos Estados centrais, indiferente às nações excluídas e desfavorável às emergentes. É uma nova Linha de Tordesilhas”, esclarece Nazaré. As punições para os países que desobedecem esses tratados variam das sanções diplomáticas e econômicas à sabotagem e a operações “cirúrgicas”, como aconteceu recentemente no Iraque.

Atualmente, até mesmo o conhecimento, a que se dá nome de tecnologia intangível, tem restrições. Como os acordos prevêem o controle de transferência dessa tecnologia, um pesquisador envolvido em estudos desse tipo que saia de férias precisa declarar que não irá lecionar sobre o tema de seus estudos. “As listas de controle, na verdade, ultrapassam as necessidades reais de defesa. O que só reforça que o interesse de cada país optar pelo desenvolvimento próprio. E para isso é preciso pensar sobre as condicionantes internas e externas”, prosseguiu.

Entre as condicionantes internas, está, por exemplo, a infra-estrutura de educação e de base científica, tecnológica e inovadora. Entre as externas, o endividamento com credores internacionais. “Para o desenvolvimento autônomo, é preciso pensar-se num programa de longo prazo, que considere as limitações de recursos e tenha continuidade pela ação do Estado”, prossegue.

“No caso nuclear, hoje existem 449 usinas em 31 países. É um mercado que movimenta US$ 18 bilhões. O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, já domina a tecnologia de enriquecimento desse minério e está construindo uma usina comercial. É uma questão de decisão política”, exemplifica. Segundo Rex Nazaré, para as nações que desejam desenvolver-se, a proposta é transformar as listas de controle em metas de desafio. “Porque ninguém ajuda ninguém a ser soberano e independente”, concluiu.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes