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Publicado em: 28/06/2007
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Identidade brasileira e conceito de cidadania têm espaço em portal

Vilma Homero

Divulgação

 
O CEO concentra estudos no período de fins
 do séc. XVIII até o final da República Velha
Inteiramente reformulado e ainda em fase de testes, o novo portal do Centro de Estudos do Oitocentos (CEO) é um amplo banco de dados, com foco específico na formação do conceito de cidadania e da identidade nacional ao longo do século XIX. Reunindo não só artigos e trabalhos de historiadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), mas também de algumas outras universidades, o CEO se propõe a ser mais do que um centro de estudos. Como um vasto espaço para consulta e troca de idéias, ele se constitui num esforço coletivo de reflexão sobre o período.

"Nosso objetivo é constituir uma massa crítica sobre o século XIX brasileiro. Unindo diferentes núcleos, laboratórios, professores e alunos de graduação e de pós-graduação de diferentes instituições, o portal do CEO pretende favorecer a troca de informações em linhas comuns de pesquisa, montar bancos de dados, compartilhar experiências e discutir resultados de investigações e bibliografias afins, num esforço coletivo de trabalho em rede. O portal é a concretização desse centro de estudos", explica a professora Gladys Sabina Ribeiro, uma das coordenadoras do portal e coordenadora executiva do projeto, que para sua execução contou com o apoio dos editais Pronex (Programa de Apoio a Núcleos de Excelência) 2003 e 2006 – parceria com CNPq/MCT.

O projeto visa estimular uma reflexão que aprofunde a visão brasileira de cidadania como ela é pensada hoje, e como foi sendo formada durante o que se convencionou denominar de "longo século XIX". "É o período que se estende desde o que conhecemos como crise do sistema colonial, em fins do século XVIII, até o final da República Velha", explica a historiadora.

"A visão de cidadania que muitas vezes se quer impor hoje é limitada, estreita, que costuma abranger apenas um de seus vários aspectos, como o político, eleitoral. Mas cidadania é um conceito mais amplo. Queremos compreender o que ela significa para o grosso da população, pensar o que se entende por direitos, buscar as raízes desse pensamento e saber o que a sociedade pretende, a partir daí. Pensar sobre tudo isso pode levar a uma outra interpretação e contribuir para alavancar políticas públicas. Temos que caminhar para uma reflexão mais ampliada", diz a professora da UFF.

Para esquematizar tudo isso e facilitar as pesquisas nesse espaço interinstitucional que é o portal, os integrantes do CEO organizaram o trabalho numa base de dados comum. E elaboraram tabelas que permitem mapear e cruzar conceitos e visões relativos à cidadania ou à construção da nossa identidade em fontes como jornais, panfletos e folhetos. "O trabalho está sendo realizado em conjunto. O pessoal da escravidão, por exemplo, tem uma tabela para registro de inventários e testamentos, e outra para documentos eclesiásticos. Disponibilizamos essas tabelas como modelos para que se possa trabalhar mais facilmente a documentação disponível. A idéia é oferecer instrumentos para que um aluno da Paraíba, por exemplo, possa baixar esses modelos e usar em seu trabalho. Isso facilita a pesquisa", explica Gladys.

Desde a época de sua criação, em agosto de 2002, o CEO foi pensado como um espaço interinstitucional. Foram chamados para fazer parte dele não apenas as professoras da UFF, mas também da UFRJ e outras universidades. "Vimos que não conhecíamos pesquisas que estavam sendo desenvolvidas em outras universidades, apenas as da UFF. Achávamos que devíamos criar um centro de pesquisa que também servisse para trabalhos de extensão", prossegue a coordenadora.

Além de Gladys, o portal reúne professores como José Murilo de Carvalho, que não só é o proponente do PRONEX, mas também o responsável acadêmico pelo grupo e pelas linhas de pesquisa. Professor da UFRJ, historiador conhecido nacional e internacionalmente, com vasta produção acadêmica, ele é também um dos historiadores que mais tem contribuído para se pensar o Estado brasileiro no período monárquico e a formação das suas elites. É a espinha dorsal do grupo, que conta ainda com professores dos departamentos de História das universidades que participam do grupo, como Uerj, Uni-Rio, UFRJ, UFRRJ, da Ufop, Ufes, UFJF e UFSJ. Há também diversos associados, que pesquisam sobre o século XIX, na graduação ou na pós-graduação. "Embora não façam parte do núcleo do CNPq, eles participam dos eventos organizados pelo CEO e divulgam seus estudos através do portal", esclarece a coordenadora.

A partir do trabalho conjunto realizado nos últimos três anos, durante a vigência do Pronex 2003, e do amadurecimento do grupo, todos os historiadores se dividiram em três linhas de pesquisa, fruto das discussões e dos seminários internos ocorridos em 2005 e em 2006. São elas: Cidadania, cultura e história; Cidadania, escravidão e economia; Cidadania, política e justiça. "Esta é uma das nossas metas para o triênio que se inicia", diz Gladys.

 Ilustração de Debret
 
Três linhas de pesquisa do CEO: Cidadania,
cultura e história; cidadania, escravidão e
economia; e cidadania, política e justiça
  

Ao grupo também foram incorporados historiadores estrangeiros, como as americanas Carmen McEvoy, da Universidade do Sul do Tennessee, recentemente laureada com o prêmio John Simon Guggelheim; e Bárbara Weinstein, da Universidade de Nova York, membro do corpo docente do Departamento de História da Universidade de Maryland, eleita este ano presidente da Associação Histórica Americana (AHA).

"Trata-se de uma das maiores honras que podem ser conferidas a um historiador nos Estados Unidos. A professora Weinstein notabiliza-se pelo reconhecimento internacional de seus trabalhos sobre a América Latina, cujo foco é o Brasil", elogia Gladys. O CEO também conta com a francesa Annick Lempérière, reconhecida internacionalmente por seus trabalhos sobre a América Latina e sucessora de François-Xavier Guerra, na cátedra de "História contemporânea ibero-americanista" na Universidade de Paris I - Sorbonne. "A professora Lempérière é ainda pesquisadora do Institut Pierre Renouvain e no momento desenvolve projetos na École des Hauts Études en Sciences Sociales", cita Gladys.

Disponibilizando artigos e notícias em geral sobre o século XIX, promovendo seminários e oficinas de história, o portal transforma-se num grande fórum de debates, um ponto de encontro para pesquisa, ensino e divulgação de idéias. "Fora as várias linhas de pesquisa em andamento, nosso material também pode ser utilizado por professoras e alunos do ensino médio e fundamental. Nossa reflexão está centrada em tornar a divulgação do material de nosso banco de dados o mais ampla possível", diz a coordenadora.

Se o apoio do Pronex 2003 garantiu a concretização da primeira versão do portal e sua infra-estrutura, o Pronex 2006 permitiu sua recente reformulação, vista pela equipe como absolutamente indispensável de seus novos e maiores objetivos. "O portal anterior não estava dando conta do que a gente queria. Agora as áreas são mais dinâmicas e todo o portal é um grande banco de dados. Ao financiar tudo isso, o Pronex foi fundamental para garantir a continuidade do nosso trabalho, que de outra forma não teria como ser mantido nos moldes que planejamos.

Nesse meio tempo, foram realizados seminários, internos, regionais e até internacionais, que deram base a dois livros: um deles é Nação e cidadania no Oitocentos, organizado por José Murilo de Carvalho e reunindo artigos de todo o grupo, a ser lançado em breve pela Editora Record. O segundo, ainda em elaboração, também reúne trabalhos dos primeiros seminários realizados.

"Em 2004, fizemos um seminário em São João Del Rey e, em 2005, participamos de outro da Associação Nacional dos Professores de História (Anpuh). Também promovemos seminários internos, com convidados de fora, a professora Regina Horta, da Universidade Federal de Minas Gerais, e o professor argentino Elias Palti, da Universidade de Quilmes, para uma avaliação externa do nosso trabalho. Isso nos serviu como reflexão para avançar sobre nosso tema de pesquisa", fala a pesquisadora.

No ano passado, o grupo ainda organizou um evento internacional na Uerj e convidou historiadores de diferentes universidades nacionais, três professores americanos e uma da França. "Tudo isso tem sido bastante enriquecedor", resume Gladys.

 

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