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Publicado em: 16/08/2007
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Obesidade ameaça saúde de crianças e adolescentes na Vila da Paz

Vinicius Zepeda

 Arquivo Pessoal

    

  Patrícia Keller detectou fatores de risco para
   o surgimento de obesidade na Vila da Paz


Na comunidade de baixa renda Vila da Paz, localizada no bairro do Itanhangá, Zona Oeste do Rio de Janeiro, as crianças e adolescentes de quatro meses até 18 anos têm sofrido de desnutrição e, principalmente, de obesidade. No local, o índice de obesidade atinge 10,3% e o de desnutrição chega a 3,4%. A constatação é resultado de um trabalho de Iniciação Científica elaborado por Patrícia Keller Garcia, 24 anos, estudante do último período de medicina da Universidade Gama Filho (UGF), em conjunto com mais três colegas e uma nutricionista. A pesquisa, orientada por sua professora e médica pediatra Eliane Garcez, é apoiada pela FAPERJ.


A idéia do trabalho surgiu durante as aulas de pediatria na Universidade Gama Filho. Na disciplina, as aulas são ministradas no Centro Comunitário de Assistência à Criança e ao Adolescente no Sítio do Pai João – uma parceria da UGF com a Faculdades Souza Marques –, que fica em frente à Vila da Paz. "No período em que assisti às aulas lá eu e meus colegas observamos que de um total de 800 crianças atendidas lá – vindas das mais variadas comunidades do Itanhangá – 11% delas eram desnutridas. Depois disso, nos reunimos e resolvemos elaborar um projeto que avaliasse somente a população da Vila da Paz", lembra Patrícia. 

Atualmente a pesquisa está em fase final de apuração dos resultados. "Já encerramos o trabalho de campo. Fomos em todas as casas da comunidade que têm crianças e adolescentes. Ao todo avaliamos a condição nutricional de 145 meninos e meninas de quatro meses a 18 anos", afirma a futura médica. "Nós íamos às residências sempre acompanhadas do líder comunitário e levávamos um questionário socioeconômico para as famílias responderem. Depois, as crianças eram pesadas por um nutricionista no Centro Comunitário", explica. Ela aponta o desmame precoce dos bebês como o principal fator que contribuiu para os índices de obesidade infantil. "Quase nenhuma mãe amamenta seu filho até os seis meses de idade, o que é essencial para o desenvolvimento do bebê. Elas param de dar o peito muito cedo e passam a dar mamadeira, e para engrossar o leite em pó, acrescentam farinha. Para um neném, essa prática faz engordar. Porém, não é nada saudável para seu crescimento", explica.

   Patrícia Keller 
      

    Parquinho destruído na comunidade
     deixa crianças sem opção de lazer

A falta de opções de lazer para crianças e adolescentes é outro problema apontado pela pesquisa. "No local, há uma pracinha totalmente abandonada, com os brinquedos destruídos. Entretanto, logo em frente tem uma lan-house (local onde há computadores com acesso à internet e jogos eletrônicos). Esta é a única opção de lazer dos jovens, que passam horas na ociosidade divertindo-se com jogos eletrônicos enquanto os pais trabalham fora. Como as mães trabalham fora o dia inteiro, não têm tempo para preparar alimentos nutritivos para as crianças", afirma Patrícia. "A falta de variedades de produtos, como verduras e legumes, também agrava a situação na Vila da Paz. As mães acabam gastando dinheiro e alimentando os filhos somente com macarrão e biscoitos recheados", acrescenta.

O caso mais marcante testemunhado pela futura médica foi o de uma família de quatro filhos. "A maior parte das casas na Vila da Paz é de um cômodo. Nesta residência, as quatro crianças, o pai e a mãe (de apenas 22 anos e grávida do quinto filho) dormiam todos espremidos no chão. Entre as crianças, havia uma de três anos com um caso grave de desnutrição que estava sendo tratada no Centro Médico", recorda.Os questionários da pesquisa também verificaram o baixo grau de escolaridade da população local. Segundo a Patrícia, mais um motivo que contribui para a má alimentação das crianças e adolescentes. "Na maior parte das casas, vimos que o problema da obesidade vem de família. A maioria das mães que víamos eram visivelmente obesas. Entretanto, provavelmente devido ao baixo grau de instrução, quando perguntadas sobre seu peso não se consideravam gordas. Assim, é lógico que também não viam problema nos filhos", explica.

Patrícia espera continuar atendendo crianças quando se formar. Ela pretende se especializar em pediatria. Sobre a pesquisa, ela lembra que o Centro Comunitário pode e deve tratar da saúde da população local. Porém, espera que o trabalho realizado na Vila da Paz sirva para que sejam criadas campanhas educativas para evitar que o problema se agrave. "Nós detectamos fatores de risco para o surgimento da obesidade e da desnutrição no local. Espero que com este material reunido possamos fazer uma campanha de conscientização sobre alimentação para as mães", afirma. A futura médica também sonha com uma reforma da praça para que as crianças tenham uma opção mais sadia de lazer e fiquem menos ociosas. "Seria ótimo também que conseguíssemos com o apoio do centro comunitário e da população local, que fossem criada uma escolinha de futebol, de capoeira e outros esportes para as crianças daqui praticarem mais atividades físicas", conclui.

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