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Publicado em: 27/03/2008
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Um crocodilo marinho recordista em longas distâncias

Paul Jürgens

 Vinicius Zepeda

     
    Maria Somália, Alexander Kellner e José Antônio
    Barbosa: trabalho conjunto de três universidades 


Ele era valente, predador, disputava o espaço com tubarões e atravessou o oceano. Seu nome: Guarinisuchus munizi. Trata-se de uma nova espécie de crocodiliforme marinho, ou crocodilo pré-histórico, cuja descoberta foi anunciada nesta quarta-feira, dia 26 de março, no Museu Nacional/UFRJ, por paleontólogos de três instituições de pesquisa do país. O fóssil do animal foi encontrado em rochas da formação Maria Farinha, de cerca de 62 milhões de anos, e faz parte dos Dyrosauridae, grupo que viveu durante o Paleoceno e resistiu ao fenômeno que extinguiu os grandes dinossauros do planeta. Com mandíbula, crânio e vértebras, o fóssil de crocodiliforme encontrado na região de Mina Poty, a 30 quilômetros ao norte de Recife, é o mais completo deste grupo já descoberto na América do Sul. Um modelo em tamanho natural da espécie ficará em exposição no Museu Nacional/UFRJ (Parque da Quinta da Boa Vista, s/n, São Cristóvão) a partir desta sexta-feira, dia 28 de março. O estudo teve apoio da FAPERJ.

“Tudo indica que o fóssil encontrado, com três metros de comprimento, é de um crocodiliforme jovem, já que formas adultas do mesmo animal encontradas na África chegariam a seis metros”, explica José Antonio Barbosa, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos pesquisadores que participaram da pesquisa ao lado de Alexander Kellner, do Setor de Paleovertebrados do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional/UFRJ, e Maria Somália Sales Viana, da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA/CE). Barbosa fazia um trabalho de campo para sua tese de mestrado quando encontrou alguns dentes do animal. “Pedimos aos proprietários da pedreira para que fossem paralisados os trabalhos a fim de que pudéssemos remover o resto do material”, conta o pesquisador.

De acordo com o estudo, publicado na forma de artigo científico na Proceedings of the Royal Society B., a origem dos Dyrosauridae se deu na África. A partir do material encontrado, os pesquisadores puderam elaborar uma nova teoria sobre as rotas de dispersão que esses animais seguiram. Partindo do continente africano, migraram para áreas da América do Sul (nordeste do Brasil) e, posteriormente, para regiões da América do Norte. Além disso, o trabalho estabelece que os crocodiliformes dirossaurídeos foram os maiores predadores dos mares depois da grande extinção ocorrida há 65 milhões de anos, durante o Paleoceno. Antes, durante o Cretáceo, quem dominava estes mesmos mares era um outro grupo de répteis, chamados de mosassauros (grupo dos lagartos marinhos).

Assim como os dinos, grupo ao qual pertencia o G. munizi também acabou extinto

Divulgação/Museu Nacional
   

G. munizi: fóssil encontrado era de um
animal jovem, com 3m de comprimento

Segundo Kellner, a história dos crocodiliformes tem mais de 200 milhões de anos. “Há 65 milhões de anos, animais como G. munizi, pertencentes ao grupo Dyrosauridae, podem ter migrado após o desaparecimento desse grupo de lagartos marinhos, os mosassauros, o que teria aberto espaço para a sua travessia transatlântica”, explica Kellner. Pouco depois, contudo, o grupo teria tido a mesma sorte dos dinossauros e dos lagartos marinhos, pressionados por outra espécie para ocupar o ambiente e a mesma posição na cadeia alimentar.

Na apresentação foram exibidos os fósseis originais do Guarinisuchus munizi, uma réplica de seu crânio, ilustrações e a reconstituição de um modelo em tamanho natural (três metros de comprimento), além de um painel com a rota que esses crocodiliformes seguiram pelos continentes. O financiamento da pesquisa brasileira contou, além do apoio da FAPERJ, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O nome Guarinisuchus, que define o gênero do animal estudado, vem do tupi e significa guerreiro. Já munizi, a denominação da espécie, é uma homenagem a Geraldo da Costa Barro Muniz, paleontólogo de destaque no cenário nacional. A nova espécie pertence ao grupo chamado de Dyrosauridae, formado por diversas espécies marinhas. Os crocodiliformes reúnem os gaviais, jacarés e crocodilos recentes. No passado, este grupo era bem mais diversificado, incluindo formas terrestres e formas totalmente marinhas.
  

A região de Mina Poty em Pernambuco, onde o fóssil foi descoberto, se destaca como um dos poucos sítios paleontológicos do Brasil em que se encontra material fóssil do período em que os dinossauros foram extintos, ou seja, há cerca de 65 milhões de anos, entre o Cretáceo e o Paleoceno.

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