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Publicado em: 17/04/2008
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Universidade ensina formas de controle e prevenção da dengue

Reportagem e fotos: Vinicius Zepeda

  
Medronho:"Número de casos da doença no mês
de janeiro foi 20 vezes maior que o esperado"

O Brasil corre o risco de, em 2009, ver nova epidemia de dengue, desta vez, do vírus do tipo 4, que transmite uma forma bem mais grave da doença. Foi o que afirmou Davis Ferreira, chefe do Departamento de Virologia do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante o evento "UFRJ em Alerta – Dengue: conheça e combata", na última terça-feira, 15 de abril, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ. Segundo ele, tudo seria uma questão de tempo. "Se alguém contrai dengue uma vez, ela se torna imune àquele tipo de vírus. Entretanto, ela ainda pode ser infectada de forma mais agressiva por qualquer um dos outros três tipos", ensinou Ferreira. Ele ainda aproveitou a ocasião para desmistificar boatos de que já existe vacina contra a enfermidade. "Essa possibilidade ainda está em estudos em vários países. Mas acreditamos que antes de 2013 é quase impossível que a vacina esteja pronta e disponibilizada pelo mundo", acrescentou.

Segundo as autoridades de saúde, os números oficiais da dengue em 2008 chegam a 80 mil casos e 80 mortes registrados. Entretanto, o infectologista Edimilson Migowsky, chefe do setor de infectologia pediátrica do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG), da UFRJ, acredita que esse número esteja subestimado e que 10% da população do estado tenham sido infectados nos últimos seis meses. O evento, que teve apoio do Instituto Virtual da Dengue/FAPERJ, tinha como objetivo ensinar a população métodos de prevenção e controle da dengue por meio de palestras de especialistas dos diversos departamentos da UFRJ, como Roberto Medronho, chefe do Departamento de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina; Mário Alberto Silva Neto, do Instituto de Bioquímica Médica; e do virologista Maulori Currié Cabral, também professor do IMPPG.

"Estamos aqui principalmente com o dever de nos aproximarmos da população e dizer que a dengue se alastra por mais de 15 estados no país", alertou o superintendente da decania do CCS, Roberto Leal, ao lado do decano do CCS, Almir Fraga Valladares; da superintendente acadêmica de extensão, Ana Inês Souza, integrantes da mesa de abertura. Uma das formas propostas para essa conscientização da população foi transformar o assunto em tema de algumas aulas na universidade. "Temos vários projetos de extensão na universidade, entre eles, a alfabetização e o pré-vestibular comunitário, com o aulão (para mais de 600 alunos). Nesse caso, podíamos eleger a dengue como temática de uma das aulas", acrescentou Ana Inês. Roberto Leal lembrou que a atividade serviria para evitar a proliferação de outros problemas de saúde futuros.

O mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue e de mais outras 200 doenças, dentre as quais febre amarela, encefalite viral, febre do oeste do Nilo e malária – que atualmente não ameaçam a população brasileira. Os insetos não nascem com os vírus, mas tornam-se transmissores depois de oito a 12 dias depois de infectados. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente 2,5 bilhões de pessoas, o equivalente a 2/3 da população mundial, estão ameaçadas de dengue e mais de 100 países já registraram casos da doença. Para os especialistas, a urbanização desenfreada tem contribuído para o aumento da pobreza e da carência de serviços básicos, como eletricidade, água corrente, esgoto e remoção de lixo, que se tornam potenciais focos para a proliferação do mosquito.

Urbanização desenfreada serviu para agravar transmissão da doença

 
  Cabral: "precisamos nos conscientizar
  de que a vida humana não tem preço"
"O aquecimento global, a urbanização desordenada e as intensas trocas comerciais e viagens de turismo, aliados ao controle deficiente dos mosquitos transmissores, serviram para agravar a situação da dengue no país", afirmou Roberto Medronho, que fez palestra sobre a proliferação da doença. O pesquisador salientou ainda a omissão de algumas autoridades públicas em divulgar informações. "O número de casos notificados em janeiro foi 20 vezes superior ao esperado. Isso já compunha um quadro de epidemia, embora as autoridades o negassem", acrescentou.

Para o pesquisador Mário Alberto da Silva Neto, a melhor forma de combater o Aedes aegypti é não deixar que as larvas do inseto proliferem. Ele destacou também a pouca eficiência dos inseticidas. "Ao longo dos tempos, os mosquitos sofreram mutações e desenvolveram maior resistência ao DDT. A indústria não consegue acompanhar essas rápidas mutações, o que os torna resistentes aos inseticidas", explicou Neto. O infectologista Edimilson Migowski falou sobre os sintomas. Dor de cabeça, dores musculares, enjôo, vômito, falta de apetite, gosto ruim na boca, cansaço, depressão, sangramento e manchas vermelhas estão entre os sinais da doença. "Já a febre, sintoma que assusta muita gente, não é o que indica agravamento da doença, ao contrário das dores no abdome (sinais de possível lesão hepática), vertigens e vômitos, que apontam para o agravamento do caso", lembrou Migowski.

O evento contou ainda com a apresentação da dramatização da história em quadrinhos A fuga do Aegypt: em busca da água prometida, voltada para campanhas educacionais de combate à doença nas escolas, apresentada pelo virologista Maulori Cabral e parte da campanha desenvolvida na primeira epidemia de dengue do país, em 1986, na cidade de São Paulo. Cabral ainda aproveitou a ocasião para criticar a falta de interesse no combate à doença por pessoas que ainda não foram afetadas diretamente por ela. "Precisamos nos conscientizar de que a vida humana não tem preço. Não podemos deixar para combater a dengue só quando algum parente ou pessoa próxima de nós morre ou adoece. Qualquer gesto que possa salvar a vida de nossos amigos, parentes, conhecidos e colegas é um enorme exemplo de cidadania", concluiu.

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