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Publicado em: 28/08/2008
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Livro resgata as memórias do Rio de Janeiro a partir da história da Praça XV

Débora Motta

Reprodução 

     

   Capa da publicação de Colchete Filho
   mostra a arquitetura do Arco do Teles
 


Testemunha das transformações urbanísticas do Centro do Rio no decorrer dos anos, a Praça XV tem sua história resgatada pelo arquiteto Antonio Colchete Filho no livro Praça XV – Projetos do espaço público, lançado com o apoio da FAPERJ pela editora 7Letras, em 2008. A obra, resultado de três anos e meio de pesquisa do autor para a tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (PPCIS/Uerj), analisa a trajetória da praça que sintetiza a identidade carioca desde a fundação da cidade.

A proposta do livro é avaliar como a análise da imaginária urbana - formada por objetos materiais de caráter histórico presentes nos espaços públicos das cidades, incluindo monumentos e esculturas - ajuda a compreender a evolução do Rio e do destino dado ao espaço público na área central. "O objetivo era estudar a Praça XV com uma visão antropológica, tendo como foco a história do Rio contada através dos seus monumentos, desde a fundação da cidade até os dias atuais, e as relações sociais nesse lugar tão significativo", diz o pesquisador.

Sede do poder imperial ao abrigar, no prédio do Paço, a família real e a Corte após a fuga de Napoleão, em 1808, a Praça XV foi o palco de acontecimentos que marcaram diversas épocas no processo de formação urbana carioca. "Citando a expressão do arquiteto italiano Aldo Rossi, a praça assumiu 'muitos tempos na forma da cidade'. Isso quer dizer que ela é um só lugar, mas que foi investido de diferentes significados no decorrer das transformações que aconteceram na cidade", explica o arquiteto e urbanista, acrescentando que a praça é um dos lugares mais antigos do Centro do Rio, junto com a Rua Primeiro de Março e a Ladeira da Misericórdia. "Esse espaço livre de edificação foi preservado desde a fundação da cidade".

Para Colchete Filho, o processo de urbanização da Praça XV é pontuado pela incorporação de monumentos que representam as diferentes fisionomias que o espaço público assume, devido às marcas que os agentes sociais nela deixam. "Destaco três marcos que são significativos para compreender os projetos para o espaço público da praça: o chafariz de Mestre Valentim, de 1789; a estátua eqüestre de Osório, de 1894; e as instalações de Elisa Bracher, em 1999", avalia o professor de arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

De acordo com Colchete Filho, o chafariz de Mestre Valentim retrata a funcionalidade de uma grande intervenção urbanística realizada na Praça XV, ainda no período colonial, face à crescente atividade portuária. Ele servia não só à população das imediações, mas às embarcações que atracavam na Baía de Guanabara. A inauguração da estátua eqüestre de Osório destaca-se pela dimensão político-pedagógica, no início do período republicano. Já as instalações de Elisa Bracher representam a dimensão estética da contemporaneidade. As esculturas da artista colocam em questão o consumo de entretenimento e cultura na área central.

Depois das sucessivas mudanças urbanísticas que deram novos ares ao Centro, Colchete Filho acredita que a Praça XV está bem preservada. "Preservação não deve ser entendida como o congelamento do espaço público no decorrer do tempo. A história é dinâmica. Ao mesmo tempo, não preservar o patrimônio coloca em risco a memória urbana". E prossegue: "Houve uma política de incentivo dos anos 80 para cá, com a inauguração do projeto corredor cultural, que preservou e valorizou o casario e o Arco do Teles. Isso foi importante para a praça porque apesar dela ser um lugar movimentado, de passagem entre Rio e Niterói pela estação das barcas, faltava criar atrativos para fixar mais as pessoas".

Uma questão contemporânea pertinente aos espaços públicos é a tendência à privatização das praças. No entanto, Colchete Filho diz que a Praça XV reafirma o seu papel de servir ao uso coletivo: "Hoje as formas de sociabilidade estão muito centradas em espaços privados, devido à violência urbana, e as áreas livres devem ser vistas com cuidado. Essa tendência atual escapa à destinação do espaço público em sua essência. Mas uma resposta popular a isso é o carnaval de rua na Praça XV, que vem se fortalecendo. O espaço público sempre está lá para ser usado da melhor forma: a coletiva". 

O arquiteto ressalta que a Praça XV é um dos espaços públicos que simbolizam a imagem do Rio de Janeiro. "Ela é um dos lugares presentes no imaginário do carioca que melhor representa a identidade do Rio. A praça deve ser lembrada pela sua importância histórica, como o lugar por onde se conquistou a própria cidade. Hoje faz parte da área central metropolitana, mas de uma cidade que foi capital colonial (1763-1822), imperial (1822-1889) e republicana (1889-1960)", diz Colchete Filho, para concluir: "A Praça XV exemplifica também o ininterrupto processo de recriação da cidade".

 

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