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Publicado em: 19/11/2008
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Escola pública de Quintino transforma óleo de cozinha em sabão

Rosilene Ricardo

Divulgação/Faetec 

       
    Nas salas de aula, os estudantes transformam o
    óleo de cozinha que recolhem em sabão líquido 


Quando a professora Elizete Amorim soube que o óleo utilizado na cozinha industrial da escola em que dá aulas era recolhido por uma empresa que o trocava por barras de sabão, viu aí a chance de reverter o benefício para a instituição. Desde fevereiro de 2008, a Escola Estadual de Ensino Fundamental República, em Quintino, Zona Norte da cidade, desenvolve o projeto Produto de Limpeza Ecológico “Do óleo ao sabão”. Com apoio da FAPERJ, através do programa Apoio à melhoria do ensino nas escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro, e coordenado pela engenheira química Dilma Alves Costa, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o projeto possibilita à escola não só reutilizar o óleo de cozinha para a produção de sabão, mas também usar esse conhecimento para despertar nos alunos uma consciência ambiental.

Executado pelas professoras Elizete Amorim e Marilene S. Fernandes, formadas em Economia Doméstica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o projeto integra professores de diversas disciplinas, como Língua Portuguesa, Educação para o Lar, Ciências Biológicas, Ciências Sociais e Matemática. “Procuramos estimular a consciência da comunidade escolar para reciclar mais um poluente, o óleo de fritura. Ele está sendo empregado pelos alunos de 8 e 9 ano do ensino fundamental numa tecnologia limpa para se transformar em produto de limpeza. Com isso, beneficiamos a escola e a comunidade à volta, já que cada litro de óleo contamina cerca de 1 milhão de litros de água”, entusiasma-se Elizete Amorim.

É um trabalho conjunto. Os recursos do edital da FAPERJ permitiram a aquisição dos equipamentos e utensílios necessários à produção do sabão. “Os professores de Ciências e de Matemática trabalham com os alunos as fórmulas químicas, os cálculos de quantidades, a aplicação das expressões de unidades de medida, aprimorando esses conhecimentos teóricos e conduzindo na prática a tecnologia do processo de saponificação”, diz Elizete. Mas o projeto não se resume a isso. No laboratório de informática, por exemplo, a professora Patrícia A. Siqueira faz com os estudantes as reportagens para o jornalzinho da escola, o Mais Verde, que em seu primeiro número, que sai em novembro, fala do projeto e de temas relacionados ao meio ambiente. Os professores de Artes e Matemática também colaboraram para a elaboração da logomarca de “Do óleo ao sabão”. E todos eles procuram sensibilizar e conscientizar a comunidade com diversas ações, como a coleta seletiva.

“O projeto fortaleceu as atividades pedagógicas de todas as disciplinas”, diz Elizete. Ela explica que as aulas de ciências ganharam um reforço prático: os estudantes colocam a mão na massa e pilotam os equipamentos em todas as fases de produção. Os alunos do 8 e 9 ano produzem dois tipos de sabão: em pasta e líquido. “No momento, estamos fazendo mais na forma líquida. Pretendemos também aumentar a produção de detergente para o consumo interno da escola", diz a professora. Sob o foco da educação ambiental, os alunos de ciências também pesquisaram e fizeram desenhos sobre o que acontece com o óleo despejado nos ralos, que impregna o solo, formando crostas, ou segue para os rios, poluindo suas águas e a natureza.

Segundo a professora, o óleo da cozinha da escola deixou de ser recolhido por uma empresa e passou a ser empregado como matéria-prima ali mesmo. A ele se soma o óleo que alunos, professores e técnicos administrativos trazem de casa, numa tarefa que agora envolve toda a comunidade escolar. Uma vez pronto o sabão, os alunos já podem levá-lo para casa. “É uma amostra da atividade pedagógica realizada”, fala Elizete.

Para envolver os alunos com o projeto, também foi realizado um concurso, coordenado pelas professoras Ana Amélia R. Damasceno e Lúcia Regina Panaro de Macedo, para a criação da logomarca que estampará folderes, apostilas, camisetas e embalagens de sabão. A logo escolhida por uma comissão de pais e professores foi criada por Chistopher Alves Soares da Costa, de 14 anos. “Não acreditava que conseguiria ganhar. Passei até a me interessar mais pelo projeto e já estou quase conseguindo fazer sabão sozinho. Compreendi que a preocupação com o meio ambiente é um tema da maior importância”, emociona-se.

As camisetas com a logomarca serão vendidas em kits de Natal, que incluem também amostras de sabão e calendários. Sua venda terá a renda revertida em benefício da escola. Outros desdobramentos para divulgar o projeto também estão acontecendo. “Por ocasião da festa junina escolar, criamos o lema ‘Não solte balão, solte bolinha de sabão’ e entramos em contato com pais e professores de outras instituições. Depois desse contato, nossa iniciativa foi divulgada numa mostra pedagógica no Centro de Educação e Cultura, na Barra da Tijuca, e pelo grupo Abadá-Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira) num evento de batizado e troca de corda, no Sesi de Vicente de Carvalho. Também formamos parceria com o Programa de Reaproveitamento de “leos Vegetais de Estado do Rio de Janeiro (Prove), conta Elizete.
 
Após visitas técnicas à Fundação Oswaldo Cruz, que também faz coleta seletiva de óleo de fritura nas regiões próximas, e à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, instituição gestora do projeto, os alunos tiveram maior conhecimento do produto. No final de setembro, a escola já havia fabricado mais de 15 litros de sabão líquido, envolvendo pelo menos 150 alunos e beneficiando a higiene individual e coletiva da comunidade escolar. Segundo a pesquisadora, o trabalho não tem como objetivo gerar renda e sim formar cidadãos conscientes, autônomos, transformadores e empreendedores, respeitando e preservando o meio ambiente. "O pessoal daqui passou a cuidar mais do lugar onde vive, procurando manter o máximo possível o equilíbrio ecológico."

A unidade de Quintino já vinha aproveitando outro tipo de material: o papel. Também coordenado pela professora Elizete Amorim, o projeto Coletar e Reciclar Papel com Arte é uma iniciativa auto-sustentável, que tem como objetivo educar o jovem para a reciclagem, desde a coleta seletiva de papel e outros materiais reutilizáveis. “Reutilizar o volume de papel produzido no ambiente escolar com criatividade artística é também uma forma de proteger os recursos naturais”, fala Elizete. No projeto, sob coordenação do professor Anderson do C.Candido, os alunos do 6 ano produziram o jornal O Papiro, cartões, blocos, caixas de presentes, mandalas, cestaria, porta-lápis e lixeiras. “Esperamos provocar uma mudança de postura não apenas em relação ao descarte do óleo de cozinha, mas também quanto ao gasto desnecessário de papel e a necessidade de sua reutilização. São formas de despertar nos estudantes e em suas famílias uma forma responsável e alternativa de gerar renda, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”, finaliza.

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