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Publicado em: 09/07/2009
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Paleontólogos apresentam réplicas e fóssil original do crocodilo-tatu


Débora Motta

 

                                                                            Débora Motta/ FAPERJ

   
    Professores Tadeu Arruda (esq.) e Ismar de Souza Carvalho 
    exibem reconstituição do crocodilo-tatu no Jardim Botânico
 

Ele era um estranho híbrido de tatu e crocodilo, que vivia há 90 milhões de anos, no Cretáceo, na região que hoje corresponde ao noroeste do estado de São Paulo. Trata-se do Armadillosuchus arrudai. As reconstituições do esqueleto e do animal em vida, e o fóssil original (cabeça, costela e pata) foram apresentadas nesta terça-feira, 7 de julho, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico, pelo pesquisador Ismar de Souza Carvalho, do Laboratório de Macrofósseis do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O anúncio foi feito por ocasião da abertura da exposição Visões da Terra.

 

A descoberta do crocodilomorfo pré-histórico, que tinha cerca de dois metros de comprimento e massa estimada de 120 kg, foi feita pelo professor de biologia Tadeu Arruda, na zona rural do município de General Salgado (SP), que posteriormente entrou em contato com a UFRJ. Encontrado em um lugar rico em fósseis, na Bacia Bauru, o crocodilo-tatu reúne características que o tornam uma espécie única entre todos os crocodilos conhecidos pela ciência. Entre elas, patas longas e um crânio largo, com focinho curto e estreito, além de placas ósseas, distribuídas como uma armadura ao longo do pescoço e do dorso.

 

“A armadura presente na base do crânio é formada por placas hexagonais. Depois do pescoço, as placas são retangulares e móveis, exatamente como ocorre com os tatus”, diz Ismar, explicando a origem do nome dado ao animal. “Seu nome significa crocodilo-tatu, devido à carapaça que recobria seu dorso. Em alusão a essa armadura, o animal recebeu o nome de Armadillosuchus. Já o arrudai é uma homenagem ao professor Arruda”, explica Ismar.

 

Outro atributo que torna o Armadillosuchus arrudai uma descoberta sem paralelo na paleontologia é sua dentição reduzida e especializada. “Os crocodilos de hoje não mastigam. Mas esse tinha dentes robustos e ásperos, dispostos na arcada de modo semelhante aos mamíferos e adaptados para a mastigação, o que sugere que ele deve ter sido onívoro, comendo moluscos, insetos, vegetais e ocasionalmente animais maiores”, diz Ismar, acrescentando que ele tinha estranhas presas que saltavam para fora da boca e o hábito de escavar o solo para se abrigar.

 

Divulgação

 
 Animal pré-histórico vivia mais na terra do que na       
 água e era adaptado ao calor do clima semi-árido
      
Para reconstruir o bicho que vivia mais na terra do que na água, os paleontólogos da  UFRJ analisaram os restos fossilizados do crocodilo-tatu a partir de tomografias computadorizadas. “Foram necessários mais de quatro anos até que conseguíssemos reconstruir seu esqueleto a partir dos restos encontrados em rochas”, diz o professor, lembrando que o estudo foi publicado no renomado Journal of South American Earth Sciences, assinado por ele e pelo paleontólogo Thiago da Silva Marinho.

 

O Cretáceo Superior, último período da era Mesozóica, caracterizou-se pelas altas temperaturas, de até 45C durante o dia, ocasionadas por um efeito estufa natural. Era uma época de mares altos e de ausência de geleiras e calotas polares, em que o homem ainda não existia. No interior do Brasil, o crocodilo-tatu vivia em um ambiente semi-árido, rodeado por montanhas, com chuvas esporádicas e violentas, além de poucas áreas verdes, próximas a lagos ou rios. “Esse fóssil mostra a capacidade que os crocodilos tinham de se adaptar àquelas condições inóspitas”, explica Ismar. Ele acrescenta que a extinção do Armadillosuchus arrudai pode ter sido causada por mudanças no clima, que se tornou úmido e chuvoso.

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