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Publicado em: 09/04/2010
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Proteína pode ser a base de nova estratégia de tratamento das infecções graves


Débora Motta

                                                             Imagem: CDC 

 
 Influenza A (H1N1): proteína Slit 2 pode ser uma arma
 poderosa contra infecções graves causadas pelo vírus
Um estudo aponta para o que pode ser um novo caminho para o tratamento das infecções graves, como a sepse – a síndrome de resposta inflamatória sistêmica a um insulto infeccioso –, ou a infecção pelo vírus influenza, responsável pela gripe: a proteína Slit 2. A descoberta é resultado de uma parceria entre pesquisadores da Universidade do Utah, nos Estados Unidos, coordenados pelo cardiologista Dean Li, e pesquisadores brasileiros, liderados pelo médico intensivista Fernando Augusto Bozza, do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (Ipec-Fiocruz).

A pesquisa, que rendeu a publicação em março de um artigo na renomada Science Translation Medicine, é a primeira a demonstrar que a modulação de uma via que controla a permeabilidade vascular, sem afetar diretamente a resposta inflamatória, pode vir a ser uma potente estratégia para o tratamento de pacientes com sepse e influenza. De acordo com os cientistas, o pequeno peptídeo Slit 2, ao encaixar-se com o seu receptor Robo 4 (Roundabout 4), tem efeito direto no controle da permeabilidade vascular, pois é capaz de aumentar a disponibilidade das proteínas que mantêm o endotélio (tecido que reveste os vasos) íntegro.

"O sistema Slit 2/ Robo 4 impede o aumento da permeabilidade vascular induzida pela sepse e pela influenza, estabilizando e protegendo os vasos", explica Bozza. Esse controle é um passo importante, já que, nos casos das infecções induzidas pela sepse e pela influenza, o próprio sistema imunológico do paciente reage de modo exagerado à agressão que sofreu, aumentando demais a permeabilidade vascular.

No primeiro momento, a reação do organismo é positiva, pois permite que as células de defesa saiam dos vasos e possam agir nas áreas infectadas. Mas, quando fora de controle, ela pode danificar células sadias, piorando o quadro do paciente. "Uma resposta inflamatória excessiva pode acompanhar os estágios iniciais de uma infecção grave e parece contribuir na associação entre falência orgânica e morte", diz Bozza. "O excesso na produção de citocinas (cytokines storm) em resposta às toxinas bacterianas é responsável pela ativação do sistema de coagulação e pelo dano vascular", completa.

Fiocruz investigou aplicação da proteína em casos de sepse

Bozza ficou responsável pelo estudo de camundongos com sepse causada por infecção no abdômen, realizado desde 2008 nos laboratórios do Ipec/Fiocruz e da Universidade do Utah. "Observamos uma expressiva redução da mortalidade nos camundongos com sepse: 90% dos animais sobreviveram. O porcentual de mortalidade em cobaias não tratadas foi de 40%", informa Bozza, que começou a parceria com os cientistas americanos durante a realização de seu estágio de pós-doutorado no Programa de Biologia Molecular e Genética Humana da Escola de Medicina, da Universidade do Utah.

Atualmente, o tratamento dos quadros de infecção grave é baseado em medidas como a aplicação de antibióticos ou antivirais para eliminar o micro-organismo causador da doença, além de procedimentos como controle da pressão, ventilação e hidratação do paciente. No entanto, a medicina ainda não utiliza meios capazes de modular o risco associado à resposta imunológica.

"Embora a resposta inflamatória à infecção seja o principal determinante da extensão da doença e evolução dos pacientes, o tratamento hoje para sepse se baseia em medidas de suporte de vida e antibióticos. Estratégias específicas voltadas para a modulação da resposta inflamatória ou para a proteção tecidual ainda não estão disponíveis na prática clínica", destaca Bozza.

A sepse representa um problema clínico de alta relevância, devido a sua crescente incidência, custo e frequente letalidade. De acordo com Bozza, a doença é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva. "Os dados referentes à epidemiologia da sepse no Brasil ainda são escassos, mas estima-se que anualmente ocorram 398.325 casos de sepse grave e choque séptico, responsáveis por 227.045 óbitos, segundo o Instituto Latino-Americano de Sepse", ressalta, lembrando que os gastos com internações e tratamento dos pacientes sépticos são estimados em R$17,34 bilhões por ano apenas no país.

Outros grupos envolvidos no estudo na Universidade do Utah fizeram experimentos da atuação da proteína Slit 2 em camundongos com gripe aviária e com inflamação pulmonar causada por bactérias. Em ambos os experimentos, a sobrevivência foi maior no grupo de camundongos que recebeu a proteína Slit 2.

Para chegar à aplicação clínica da técnica, no entanto, ainda será necessário trilhar um longo caminho. "Um medicamento pode ser criado a partir desse estudo, mas isso deve levar pelo menos dez anos de estudos, embora a descoberta seja promissora", conclui o pesquisador, que recebe apoio da FAPERJ por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado e também por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (INCT/Inbeb).

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