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A contracapa (E) e a capa: assim como a escrita, o livro deve ser lido de trás para frente |
Talvez a contribuição mais óbvia do povo árabe para a humanidade seja a numeração (0, 1, 2, 3.), sem contar a grande influência em várias línguas do presente, inclusive o português, que incorporou algumas palavras de origem árabe, como nora, quilate, canal, arroz, sentinela e diversas palavras iniciadas por "al" e "el", como algodão, alfândega, alcácer e alcalóide. O árabe é o idioma oficial em 22 países, falado por mais de 250 milhões de pessoas. É também um dos seis idiomas permanentes na Organização da Nações Unidas (ONU), ao lado do inglês, francês, russo, mandarim e espanhol. A escrita árabe, que procede da aramaica, é feita da direita para a esquerda e os livros são lidos de trás para a frente. Seu sistema fonético conta com 28 consoantes e três vogais com um som longo e outro breve.
De autoria do fundador do Setor de Estudos Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Alphonse Nagib Sabbagh, o Dicionário Árabe-Português tem capa dura, 768 páginas e cerca de 60 mil verbetes. O prefácio é da professora do Curso de Árabe da Universidade de São Paulo (USP), Safa Jubran. O novo dicionário é uma coedição da editora Almádena, que fica no Rio de Janeiro e é especializada em temas da cultura árabe, e da Fundação Biblioteca Nacional. Segundo o editor João Baptista de Medeiros Vargens, o autor teve a colaboração de alunos e professores do Setor de Estudos Árabes da UFRJ para elaborar o dicionário. "A obra é importante para aqueles que lidam com as duas línguas: estudantes, tradutores, diplomatas, homens de negócios", afirma Vargens.
Libanês criou Setor de Estudos Árabes da UFRJ em 1969
Divulgação/Almádena |
Em 2004, Alphonse Nagib Sabbagh publicou um dicionário do português para o árabe |
Os traços da cultura árabe no Brasil são mais visíveis nas esfihas e quibes, servidos em quase todas as lanchonetes do País, além dos restaurantes com culinária árabe, aulas de dança do ventre, tecidos e tapetes, entre outros. Outros aspectos culturais também foram trazidos a conhecimento do grande público pela TV Globo durante os meses de outubro de 2001 e junho de 2002, quando foi exibida a novela O Clone, filmada no Marrocos.
Nascido há 93 anos na cidade de Deir El Kamar, no Líbano, Alphonse Nagib Sabbagh é especialista no idioma árabe, além de monsenhor da Igreja Greco-Católica Melquita. No Líbano, Sabbagh estudou em uma escola onde o ensino era ministrado em francês. Também morou, entre os anos de 1938 e 1945, na França, onde estudou grego e latim. Depois morou por mais um tempo no Líbano e, então, se mudou para o Brasil, atrás da família, que havia emigrado.
No Brasil, além de se dedicar a atividades religiosas, ingressou no mundo acadêmico, primeiro na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e depois na UFRJ, onde criou o Setor de Estudos Árabes. "Meu trabalho acadêmico cultural é como o ofício de um monge. Ler, escrever, corrigir, pesquisar, rever, reescrever... É muito bonito, chega a dar grande satisfação descobrir a sutil diferença que a língua portuguesa atribui entre o significado de uma palavra e outra, especialmente pelo fato de eu não ter nascido no Brasil", disse Sabbagh, em entrevista para a editora Almádena.
Sabbagh trabalha há mais de 40 anos com lexicografia, técnica de redação e criação de dicionários, e já publicou, em 2004, um dicionário do português para o árabe, pela editora libanesa Librairie Du Liban.
* Com informações da Agência de Notícias Brasil-Árabe
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