Vinicius Zepeda
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Sonia elaborou rede social para ajudar no aprendizado da escrita |
O trabalho, disponibilizado no Almanaque da Rede, utiliza-se do princípio dos Role Playing Games (RPGs, jogos interativos em que o leitor constrói suas histórias de acordo com as decisões que toma). Nele, o estudante escolhe entre as opções oferecidas e aprende as diversas formas de escrita criativa, como narração, dissertação, mensagens (de celular, correio eletrônico e carta), e é estimulado à leitura. Um dos tópicos disponíveis é o Jogo dos Desafios, em que o aluno pode escolher fazer uma dissertação com tema indicado, enviar uma mensagem (de celular, e-mail ou carta), uma narrativa ou uma descrição. Em cada uma das opções, ele pode jogar com mapa – que indica os caminhos para se organizar cada uma das modalidades de texto – ou sem mapa. "Neste último caso, a opção só é oferecida depois que o estudante tenha jogado com mapa pelo menos cinco vezes, para que possa ter memorizado como é a estrutura de cada uma das formas de texto", explica Sonia.
Os textos escritos pelos estudantes são corrigidos e comentados pela equipe do site. Além dos professores, os próprios alunos são estimulados a comentar o que os colegas escrevem. "O jovem aprende escrevendo, lendo e comentando", afirma Sonia. A pesquisadora explica ainda que os jogos trazem perguntas, propõem desafios, e as respostas tornam-se textos corridos, além de ajudarem na resolução de problemas. No caso do Jogo das Narrativas, por exemplo, há um banco de histórias atualizado semanalmente com 16 narrações diferentes. Ali, pode-se escolher a opção e, de acordo com as cores indicadas na tela, ver por onde começar e ir definindo a continuação da história, optando por local, personagens, cenário, problema e época da história. "Desta forma, o estudante vai aprendendo a organizar o pensamento antes de escrever", acrescenta.
Além de aprender de forma lúdica, em jogos, a coordenadora do projeto destaca que todas as atividades do site são pontuadas. "A competição os estimula a participarem mais do projeto", descreve Sonia. O aluno que escreve bem ganha o troféu "Sou Bem Avaliado". Aquele que participa bastante ganha o troféu "Escrevo Muito". Quem comenta as atividades é pontuado no "Tenho Rede". Os alunos que lêem os comentários feitos pelos avaliadores ganham no "Participo Lendo". E os que assistem muitos vídeos sobre como ler e escrever ganham no "Participo Vendo". "Neste último caso, vale destacar que nossa plataforma oferece ainda um blog para interação dos participantes e um canal de vídeos postados no You Tube, em que se oferece aulas de como escrever, livros, gramática e redação", diz a jornalista. Ela acrescenta que cada oito acertos em dez participações valem uma pontuação ao estudante.
O projeto Almanaque na Rede também apresenta uma versão impressa em papel, disponível para os professores utilizarem em sala de aula. "Atualmente temos quase oito mil estudantes participando do projeto, entre alunos de escolas públicas e particulares." Para participar, é necessário inscrever-se no site, pagar uma pequena taxa mensal ou, no caso de escolas, estabelecer um convênio com a equipe do portal. "Ano passado, tínhamos um convênio com a Secretaria Estadual de Educação, que disponibilizava gratuitamente o site aos estudantes da rede", recorda. Na época, foram realizados campeonatos no estado com premiações e diplomas entre os alunos.
O professor e pesquisador Mauro Rebelo, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas (IBCC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem utilizado a versão impressa do Almanaque da Rede como material de suporte para a disciplina "Escrita Criativa em Ciências", que ele ministra. "Utilizamos os roteiros propostos na versão impressa como forma de estimular nossos alunos a redigir melhor e a escrever artigos de forma mais clara, para que o leigo também possa entender o que está sendo abordado", explica Rebelo.
Um serviço de avaliação externa comprovou a eficácia do Almanaque da Rede. Sonia Rodrigues destaca que a plataforma pode acabar com o analfabetismo funcional em quatro meses. “O aluno da rede pública chega ao terceiro ano sem saber o que é vocativo, frase e parágrafo. O Almanaque resolve rapidamente essa lacuna”, conclui.
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