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Publicado em: 01/12/2011

Workshop na PUC-Rio difunde conhecimento em tecnologia de infravermelho

Débora Motta

 

Divulgação/INCT-Disse

Dispositivo semicondutor fabricado em escala nanométrica:    tecnologia do futuro em um milionésimo de milímetro

A tecnologia de infravermelho é um terreno fértil para o desenvolvimento de dispositivos semicondutores fabricados em escala nanométrica – equivalente a um milionésimo de milímetro. Eles terão, no futuro próximo, as mais diversas aplicações em equipamentos de ponta, seja na área civil ou na militar. “Estes dispositivos são essenciais para o aprimoramento e a difusão de tecnologias responsáveis por visão noturna, telecomunicações no espaço livre, detecção de gases tóxicos, imageamento ambiental para localizar focos de incêndio, por exemplo, e inspeção industrial, que pode ser empregada para o conserto de estruturas de grandes fábricas”, explica a doutora em física Patrícia Lustoza de Souza, que é professora de Engenharia Elétrica e pesquisadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Para disseminar o conhecimento básico dessa tecnologia do futuro, ainda pouco desenvolvida no Brasil, entre os futuros profissionais, ela coordena, pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Nanodispositivos Semicondutores (INCT-Disse), a realização do Workshop de Tecnologia Infravermelha. O evento vai ocorrer nos dias 5 a 9 de dezembro, das 8h às 17h, no auditório RDC na PUC-Rio. “O objetivo do workshop é complementar a formação de alunos de pós-graduação e estimular, entre eles, iniciativas empreendedoras na área estratégica de tecnologia de infravermelho”, explica Patrícia, que é Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. 

De acordo com a pesquisadora, o momento é propício para incentivar os jovens a trabalharem na área, que reúne ciência básica e aplicada, e tem potencial de gerar um forte impacto econômico e social no País. “A ideia é ajudar a formar pessoas para aplicar o conhecimento em infravermelho não apenas no meio acadêmico, mas no setor produtivo brasileiro”, destaca a professora. Nesse sentido, o workshop terá, entre suas atividades, a Escola em Tecnologia de Infravermelho, voltada para estudantes de pós-graduação. “Na escola, os estudantes de pós-graduação interessados, das diversas áreas das ciências exatas, vão aprender desde os processos de fabricação do material utilizado nos dispositivos para infravermelho, passando por como eles funcionam, até as suas aplicações”, conta.

A programação da Escola inclui minicursos e demonstrações práticas. Os alunos terão ainda a oportunidade de apresentar pôsteres sobre seus trabalhos de pesquisa. Também haverá exposição de equipamentos para todos os participantes. Ao lado dessas atividades, os estudantes de pós-graduação terão acesso a palestras de pesquisadores internacionais, como Jean Décobert, Alcatel – Thales III-V, da França (com o tema “Crescimento de estruturas de poços quânticos para operação no infravermelho”), Harald Schneider, Helmholtz Zentrum Dresden-Rossendorf, da Alemanha (“Fotodetectores de infravermelho baseados em poços quânticos”) e Anna Michel, Princeton, dos Estados Unidos (“Dispositivos e sistemas de sensoriamento operando no infravermelho com aplicações em saúde e no meio ambiente”).

 

Para ajudar a incentivar o empreendedorismo na área e impulsionar a produção nacional de semicondutores, o diretor-presidente da PipeWay Engenharia, José Augusto Pereira da Silva, vai compartilhar sua experiência sobre como criar uma empresa de tecnologia infravermelha com os alunos, em palestra a ser realizada na terça-feira, 6 de dezembro, às 9h30. A empresa é a única do hemisfério sul a fabricar e operar equipamentos, com produção inteiramente nacional, para inspeção de dutos de óleo e gás e que utiliza a tecnologia infravermelha neste procedimento. 

 

Divulgação

Cartaz do workshop: iniciativa visa promover   empreendedorismo na área de infravermelho

Mas o workshop vai além de atender apenas à demanda de estudantes de pós-graduação e pesquisadores do tema. Serão realizadas atividades de divulgação científica sobre o tema para alunos do ensino médio, nos dias 8 e 9 de dezembro. “Esperamos que cerca de 200 alunos do ensino médio participem de atividades de divulgação científica, que vão explicar em uma linguagem acessível o que é a tecnologia de infravermelho. Haverá demonstração de kits experimentais sobre a radiação infravermelha, palestras sobre materiais semicondutores, que são utilizados para fabricar os dispositivos infravermelhos, e sobre o mundo quântico”, detalha Patrícia, que também será palestrante, com o tema Materiais semicondutores. 

As palestras para alunos de ensino médio vão ocorrer em tendas montadas na área externa da universidade. Lá, serão atração professores do CTC/PUC-Rio, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).  Um dos destaques será a palestra do professor Nelson Studart, da UFSCar, também organizador do workshop e editor da revista Revista Brasileira de Ensino de Física e seu respectivo suplemento semestral Física na Escola. Outra atração do workshop, direcionada apenas a convidados do Centro Tecnológico do Exército (CTex), será o "Seminário de Tecnologia no Infravermelho". Nele, serão demonstradas pesquisas envolvendo a empregabilidade da tecnologia infravermelha no campo militar.

O Workshop de Tecnologia Infravermelha está aberto a todos os interessados e fornecerá certificado. As inscrições para as palestras poderão ser feitas no local, antes do início do evento. A iniciativa tem o suporte da FAPERJ, que apoia o INCT-Disse, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, do Governo Federal, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Mais informações: http://irtworkshop.disse.org.br e pelos emails: contato@disse.org.br ou irtworkshop@disse.org.br.

Sobre o INCT de Nanodispositivos Semicondutores

 

Coordenado por Patrícia Lustoza de Souza, o INCT de Nanodispositivos Semicondutores está sediado no Laboratório de Semicondutores (LabSem) da PUC-Rio e conta com o apoio da FAPERJ, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na instituição, três departamentos colaboram com o INCT: o Centro de Telecomunicações (Cetuc), a Engenharia Elétrica e a Ciência de Materiais. Além disso, o INCT-Disse tem a participação de cientistas de oito centros de ensino e pesquisa: do Rio (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ); de São Paulo (Universidade Federal de São Carlos – Ufscar, Instituto de Estudos Avançados – IEAv, em São José dos Campos, Universidade de São Paulo – USP e Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, campus de Limeira); de Minas Gerais (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG –, e Universidade Federal de Uberlândia – UFU); do Amazonas (Universidade Federal do Amazonas – Ufam); e do Amapá (Universidade Federal do Amapá – Unifap). Ao todo, cerca de 30 pesquisadores estão envolvidos no projeto.

A radiação infravermelha foi descoberta em 1809, pelo astrônomo inglês William Herschel. Além de compor a maior parte do calor do sol, esta radiação também contribui com 50% da eficiência da luz solar. Ela é utilizada pela ciência no combate de doenças como o câncer, auxiliando na detecção de tumores e em vários outros diagnósticos.