Vinicius Zepeda
Divulgação/LabPAI/UFMA |
A imagem rastreada pelo novo Saim, o vermelho identifica a possibilidade de existência de um nódulo segmentado de câncer de pulmão |
Por similaridade com imagens de tumores malignos já diagnosticados e armazenadas em seu banco de dados, o Saim faz o rastreamento automático de centenas de imagens médicas de um determinado paciente, identifica e classifica os nódulos, como malignos ou benignos, de acordo com o formato, taxa de crescimento e morfologia. Tem capacidade de aprendizado, o que permite seu aprimoramento e aumento da taxa de acertos à medida que vai analisando e classificando mais nódulos. Estes fatores contribuem para o diagnóstico de benignidade ou de malignidade, aumentando o desempenho do processamento de imagens para a separação do nódulo, sua visualização e reconstituição em três dimensões.
A tecnologia para sua criação, 100% brasileira, utiliza-se de modelagem computacional, algoritmos matemáticos, linguagem de programação de última geração e inteligência artificial. "O sistema disponibiliza ferramentas computacionais de segmentação e separação manual e automática para que o especialista possa obter resultados mais precisos sobre seus pacientes. O sistema não pretende substituir os especialistas e sim auxiliá-los no diagnostico dando-lhes uma segunda opinião", afirma Tadeu. O índice de acerto do novo sistema é praticamente o mesmo do realizado por um especialista: cerca de 94%. E poderá melhorar na medida em que for sendo aprimorado. Possui a capacidade de validar um diagnóstico sugerido através da análise de imagens, após a biópsia do nódulo. Este último ponto, aliás, o que permite inserir resultados das biópsias dos tumores determinando com certeza se aquela imagem indica tumor maligno ou não, servirá para que o rastreamento do Saim aponte resultados precisos automaticamente nas análises futuras. "Assim, estaremos sempre ampliando nosso banco de dados, alimentando-o com novas imagens médicas e seus diagnósticos exatos para torná-lo ainda mais eficaz", destaca.
Sistema poderá evitar deslocamentos desnecessários do interior para as capitais
Divulgação/CBPF |
Exame de raio-X da mama: software irá agilizar diagnóstico de câncer |
Outro benefício do sistema é permitir o armazenamento e envio de resultados através de microcomputadores comuns. "Atualmente, as imagens médicas são impressas em filmes fotográficos, o que restringe sua visualização por outros ângulos. Eventualmente, podem acontecer divergências entre radiologistas e clínicos", explica Tadeu. Nesses casos, podem ser usados programas de reconstrução em três dimensões e análise quantitativa, presentes nas estações acopladas aos tomógrafos e aparelhos de ressonância. "Ainda assim, no sistema utilizado atualmente, a dificuldade de manipular estas imagens em outros ambientes que não estas estações persiste", completa. Em vista disso, transmitir estes dados armazenados no computador é da maior importância. "Desta forma, poderíamos reduzir enormemente os custos de deslocamento de pacientes com o simples envio das informações geradas pelo Saim a especialistas que trabalhem nos grandes centros", acrescenta.
Agilidade pode salvar milhares de vidas
Falando apenas do câncer de pulmão, estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que se trata de doença com menor sobrevida a partir do diagnóstico. Como sua evolução é lenta, permanece despercebido por anos. "Quando está na fase de apresentar sintomas, o tumor já percorreu 2/3 de sua existência e já há uma grande população de células malignas, restando apenas 1/3 desse tempo para diagnóstico e tratamento. Quanto mais cedo ele for diagnosticado, maior será a chance de cura", exemplifica. E prossegue: "Ao introduzirmos o Saim em hospitais, clínicas e centros médicos públicos estaremos oferecendo à população carente do estado acesso a uma tecnologia de ponta para análise de imagens, com a vantagem da redução dos custos desses procedimentos", salienta Tadeu.
O protótipo do software já foi testado em escala de laboratório e o protocolo de validação do Saim foi elaborado sob a orientação e supervisão do oncologista e pesquisador da empresa mineira Biocâncer, o médico Alberto Julius Alves Wainstein. Os dois sistemas para rastreamento de imagens de tumores de pulmão e mama estão em fase final de aprimoramento e deverão estar prontos para entrar no mercado ainda no primeiro semestre de 2012. Para tanto, o diretor da DRV pretende buscar um parceiro na rede pública estadual de saúde para testar e validar o novo sistema. "O ideal seria iniciarmos os testes no Instituto Nacional do Câncer (Inca) ou mesmo o Instituto Fernandes Figueira (IFF), centros de referência na área médica da cidade", destaca Tadeu. "Além de popularizarmos nosso produto, pretendemos aperfeiçoá-lo ainda mais e estender seu uso para rastrear imagens de outros tipos de câncer, como o de fígado e o de pâncreas", conclui. Para uma doença que mata tantos pacientes em todo o mundo e em que o diagnóstico precoce aumenta bastante a possibilidade de cura, um sistema como esse pode representar a preservação de milhares de vida.
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