Débora Motta
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John Lennon e Yoko Ono: casal ícone do rock dos anos 1960 durante bed-in pela paz no Vietnã |
“O objetivo do projeto é estudar a importância que o rock ganhou como uma expressão privilegiada dos anseios generalizados daquele tempo, do ponto de vista político, cultural e existencial, já que o gênero musical influenciou mudanças pessoais, de comportamento e estilos de vida”, resume Fridman. De acordo com o professor, o rock ocupou um lugar definitivo para expressar a vontade de transformação. “As organizações políticas e partidárias não detinham a exclusividade da vontade da mudança. Além dos militantes, os rebeldes incluíam grandes contingentes de jovens que transformaram práticas sexuais, maneiras de vestir, identificações existenciais e formas de convivência, também motivados pelas canções de seus ídolos musicais”, completa.
Fridman destaca que o rock funcionou como a trilha sonora de diferentes vertentes políticas e culturais da juventude que buscava transformações. "Estudantes, hippies, artistas, intelectuais, revoltosos em geral e arruaceiros de muitos matizes se viam representados nas canções de ídolos como Beatles, Bob Dylan, Rolling Stones, Janis Joplin, Doors, Jefferson Airplane e muitos outros”, avalia o professor.
Paz, amor e rock’n’roll
Da atuação política dos artistas que “fizeram a cabeça” dos jovens da década de 1960, Fridman lembra a entrevista de John Lennon para Tariq Ali, o mais importante líder estudantil da Grã-Bretanha no período. Em suas memórias, Tariq cita o bed-in protagonizado por Lennon e Yoko, em 1969, em uma suíte do Hotel Hilton, de Amsterdã, em protesto contra a guerra do Vietnã. “Segundo Ali, o happening do casal, que durou uma semana, fez mais pela popularização da causa da paz do que anos de trabalho organizativo realizado com seus companheiros em militância incansável. A pregação pacifista de John e Yoko, na cama, marcou um encontro expressivo entre a música popular e a política”, relata Fridman, sem esquecer que Lennon tornou-se próximo de figuras como Jerry Rubin e Abbie Hoffman, lideranças esquerdistas do Youth International Party.
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Jovens franceses durante passeata em maio de 1968, pela reforma educacional: rock inspirava as revoltas mundo afora |
Mas não só as canções de protesto, como Give peace a chance e Working class hero, de John Lennon, Blowin’ in the wind, de Bob Dylan, e Street fighting man, dos Rolling Stones, exemplificam a politização da época. As músicas também retratavam os dilemas da intimidade e as transformações da época, que teve como um dos slogans "O que é pessoal é político". “As baladas de amor retratavam o desejo de novos vínculos sentimentais e sexuais e um novo lugar social para as mulheres, não mais destinadas à subordinação e ao bom comportamento”, explica Fridman. “Canções ouvidas repetidamente pelo mundo afora pertenciam à experiência íntima dos ouvintes, assim como as convocações políticas dos panfletos, comícios e manifestações de massa”, explica.
Para o professor, a pesquisa é uma oportunidade de produzir um conhecimento sistemático sobre o período, com um olhar voltado para os temas introduzidos na agenda pública dos anos 1960 pelas canções que embalaram todas as revoltas nos anos rebeldes. “O rock é um gênero emblemático das novas disputas políticas que emergiram na esfera pública daquele período
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