Débora Motta
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Coleta de peixes é o primeiro passo para avaliar as espécies encontradas nas praias arenosas do estado do Rio de Janeiro |
De acordo com o professor, as praias arenosas são verdadeiros berçários dos peixes. "É comum encontrarmos peixes jovens perto das praias, já que a reprodução da maioria dos peixes que vivem nas áreas costeiras rasas costuma ocorrer em áreas mais profundas da plataforma continental, isto é, a cerca de 50 a 200 de profundidade na zona costeira. Depois que nascem, os ovos e as larvas são trazidos pelas correntes e marés para a zona costeira rasa, onde passam boa parte da fase inicial da vida”, explica Araújo. Por isso, a ocupação desordenada das praias é tão prejudicial. “A poluição e outras formas de agressão às praias pela ação humana destrói os locais de criação de peixes. Em consequência, populações adultas tendem a desaparecer”, completa.
Para facilitar o levantamento, ele dividiu em três regiões os locais que estão sendo avaliados no projeto. “Vamos caracterizar essas espécies de peixes e verificar a relação deles com seu habitat em três zonas: nas praias do norte fluminense, que vão do estuário do Rio Paraíba até Cabo Frio; nas lagoas costeiras de Maricá, Araruama e Saquarema; e na Baía de Sepetiba”, resume.
O projeto teve início em setembro de 2011 e continua
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De baixo para cima: Baías de Ilha Grande, Sepetiba e Guanabara; Maricá, Saquarema, Araruama, São João, Rio das Ostras, Macaé e Quisamã |
De acordo com Araújo, estudar o habitat dos peixes é fundamental para compreender melhor o padrão de ocorrência e de distribuição das espécies. “Existem características intrínsecas ao habitat que definem a ocorrência ou não de determinadas espécies de peixes naquele local”, diz. E prossegue: “Algumas espécies de peixes preferem as lagoas, outras são mais adaptadas ao ambiente salino do mar. É possível avaliar os padrões de abundância das espécies de acordo com cada habitat.”
Para fazer o levantamento da biodiversidade, o pesquisador coordena a realização de coletas semestrais, no inverno e verão, de peixes e de bentos – animais que vivem associados aos sedimentos de areia no fundo do mar. “Já coletamos nas praias do norte fluminense, entre Quissamã e Cabo Frio; nas três lagoas costeiras de Araruama, Saquarema e Maricá; e em praias da Baia de Sepetiba e da Ilha Grande. Cada área tem um padrão de fauna diferente”, relata Araújo. Além da fauna, os habitats são analisados. “Medimos dados ambientais como a concentração de oxigênio no mar, a temperatura, a salinidade, a transparência e a turbidez da água, e avaliamos a morfodinâmica das praias. Também coletamos sedimentos para a determinação da granulometria [a medida dos grãos de areia] e do conteúdo de matéria orgânica, bem como a quantidade de fósforo, carbono e nitrogênio”, destaca.
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Francisco Gerson Araújo, de blusa verde, e parte da equipe reunida na UFRRJ: estudo minucioso da costa fluminense |
"Quando o ambiente está pouco preservado, os peixes apresentam pequeno número de espécies, que em sua maioria são de pequeno tamanho e magros. As espécies menos tolerantes desaparecem e a cadeia trófica é desestruturada, isto é, as diversas espécies que deveriam compor diferentes funções no ambiente, como consumidores de vegetais, consumidores de animais, predadores, é desproporcionalmente representada. Já nos ambientes preservados, a diversidade de peixes é maior, eles são maiores e vivem mais”, explica. “Daí a importância de estudar esses animais e seus habitats, encontrar e descrever as áreas de criação e protegê-las contra a destruição por atividades humanas, como a especulação imobiliária e a poluição”, conclui.
Além do coordenador do projeto, participam da equipe multidisciplinar as doutoras
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