Vinicius Zepeda
Reprodução |
O site do projeto funciona com uma rede social de acesso exclusivo para professores |
Gilda ressalta que, como esses cursos acontecem aos finais de semana, é extremamente importante usar metodologias de ensino que motivem os alunos a participar. "Na CCEAD, já disponibilizamos vídeos e matérias voltados para a temática de C&T, mas ainda não tínhamos desenvolvido um modo de torná-los mais atraentes para difundi-los em espaços comunitários", explica. Foi então que, em conjunto com o professor José Carmelo, do Departamento de Educação da PUC, conhecido por sua experiência com CCPTs, e com a pedagoga Cileia Fioroti, da mesma universidade e que também já vem trabalhando com classes comunitárias, ao lado de Carmelo, o projeto foi elaborado. "Cileia passou a me ajudar fazendo contato com as equipes nas favelas", acrescenta.
Divulgação/CCEAD/PUC-Rio |
Pelo celular, os jovens podem ouvir os programas de rádio a qualquer hora, para melhor assimilar o conteúdo |
Os resultados obtidos até o momento têm sido bastante promissores e vão além dos vídeos propostos no projeto. No caso da Vila Kenedy, por exemplo, onde as aulas acontecem em uma igreja próxima a um valão, uma das primeiras questões trabalhadas numa turma de 35 alunos foi a do lixo urbano. "Com maior consciência sobre o problema, eles começaram a fiscalizar e orientar os moradores a não jogar mais lixo no local, conseguindo parar de poluir aquele trecho", recorda Gilda. Ela acrescenta ainda que um dos objetivos do projeto é formar multiplicadores entre os professores e replicar a metodologia do Almanaque na rede pública estadual. Na Vila Kenedy, isso já está ocorrendo. Um dos professores voluntários, que também dá aulas de português num Centro Integrado de Educação Pública (Ciep), no bairro de Santíssimo, Zona Oeste, está reproduzindo um dos programas – o que fala sobre alimentação saudável e problemas, como obesidade e doenças cardíacas, que vem afetando cada vez mais as crianças – na escola. "A partir do texto impresso do programa, os alunos desenvolveram, durante todo o semestre, uma peça de teatro. Com isso, puderam treinar não só a criatividade, como práticas de escutar, acompanhar a leitura e técnicas de oralidade, como noções de respiração, entonação e projeção de voz, para poder encená-la ", complementa.
Arquivo Pessoal |
Para Gilda, o projeto ajuda a reduzir a evasão escolar entre os jovens |
Mas foi em Sulacap, bairro da Zona Oeste do Rio, onde os jovens de uma turma de 25 alunos se mostraram mais interessados e organizados. Até uma ong foi criada pelos professores voluntários e alunos para realizar atividades e dar continuidade ao projeto: o Instituo do Bem (IBB). "Pelo IBB, eles passaram ouvir o material fora de aula e resolveram criar a página Ciência on-line, divulgando uma maratona de conhecimentos sobre temas como lixo urbano, combustíveis, embalagens e química na atmosfera", explica Gilda. Ela comemora um resultado ainda mais importante: "Ali, eles conseguiram uma redução de 50% na evasão escolar, em relação ao ano anterior", destaca.
Segundo Gilda, um dos pontos mais importantes dos CCPTs é complementar os estudos desses jovens. Segundo dados do Ministério da Educação, apenas 2% dos jovens moradores de favelas da região metropolitana do Rio têm acesso ao ensino médio (antigo segundo grau). "Metade dos que concluem o ensino fundamental domina apenas conteúdos curriculares de matemática e português correspondentes apenas ao quarto ano. Nosso projeto tem funcionado como um grande aliado para facilitar o ensino de ciência entre este jovens e contribuir para a diminuição da evasão escolar", conclui.
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