Débora Motta
Divulgação |
Entrega do jogo de atenção conjunta: a partir da esq., Janete |
São objetos didáticos, como o Relógio de Parede e o Quadro de Atividades Diárias, que ajudam os alunos autistas a delimitar sua rotina, estimulando sua noção de percepção do tempo; o Jogo de Atenção Conjunta, para auxiliar os autistas a compartilhar o foco de atenção com outra pessoa enquanto ambos se concentram num mesmo objeto ou realizam uma mesma atividade; e o Jogo da Memória, para estimular a concentração e o aprendizado. Há ainda um boneco em tamanho natural e com expressões faciais, que ajuda na identificação das emoções humanas – dificuldade comum entre os autistas; e uma prancheta, tipo cavalete, para desenho e reprodução de imagens, que facilitam a comunicação visual. Os produtos foram desenvolvidos por pesquisadores da área de Divisão de Engenharia de Avaliações e de Produção (Deap), com design projetado pela área de Desenho Industrial do INT, e são fabricados pela empresa Mamulengo Brinquedos Educativos e Pedagógicos. O projeto foi contemplado pelo edital Apoio à produção de material didático para atividades de ensino e/ou pesquisa, da FAPERJ.
A concepção dos objetos pedagógicos do INT – instituição com expertise em desenho industrial e produção de softwares – ocorreu a partir das demandas relatadas pelos professores da Escola Municipal Especial Professora Mariza Azevedo Catarino, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, referência na educação de alunos com espectro autista, e nas discussões com especialistas da Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Estácio de Sá (Unesa), parceiros no projeto.
De acordo com o coordenador, as pesquisas com esses parceiros foram o primeiro passo para conhecer as necessidades de produção de objetos pedagógicos profissionais para serem utilizados por pessoas com autismo em sala de aula. “Como não havia uma linha profissional de produtos para pessoas com autismo, muitos educadores improvisavam objetos pedagógicos de forma artesanal, com materiais pouco duráveis, como papel”, disse Saul. A partir dessas demandas, o INT gerou pedidos de depósito de patentes e inovação, com produtos tecnológicos produzidos pela empresa Mamulengo. “O objetivo é que os produtos sejam fabricados e comercializados a preços acessíveis, para ser adquiridos por profissionais de educação e saúde, tornando-se uma ferramenta profissional para o aprendizado de alunos com autismo”, destacou.
A pesquisadora Janete Rocha Cícero, da linha de pesquisa Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva, do INT, explica que a participação dos educadores parceiros é fundamental também na etapa atual do projeto, voltada para a avaliação e aprimoramento dos objetos pedagógicos já fabricados. “Eles estão sendo testados nas escolas públicas municipais de Niterói e São João de Meriti. Os resultados de sua utilização em sala de aula e também na residência dos alunos com autismo estão sendo relatados, ao longo de 2013, por profissionais das áreas de educação e familiares”, disse Janete.
Reprodução |
Quadro de atividades: um dos objetos |
O apoio da Fundação ao projeto, e a outros desdobramentos dessa linha de pesquisa no INT, já ocorre desde 2006. “A FAPERJ esteve presente ao longo de diversas etapas da pesquisa em Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva do INT, que já foi contemplada três vezes pela Fundação”, disse. Para ele, o fomento vem gerando resultados concretos e pode ser o diferencial para o aprendizado de pessoas com autismo. “Quanto mais cedo a criança receber estímulos pedagógicos em sala de aula, maior a possibilidade de que os traços autísticos se reduzam”, concluiu.
O projeto conta com o apoio de uma equipe multidisciplinar, que envolve professores, psicopedagogos, fonoaudiólogos, engenheiros, designers e psicoterapeutas. No INT, além de Saul e Janete, participam os designers Luís Motta, Gil Brito e Pedro Braga; os bolsistas Augusto Nunes, Evellyn Pinto, Wellington Albuquerque e Matheus Barbosa; e a doutora em engenharia de produção Dayse Arruda. Na UFF, a equipe conta com a participação da doutora em educação Valdelúcia Costa e da doutora em psicologia Dayse Serra; e na Universidade Estácio de Sá, de Nelma Pintor, que é coordenadora de educação especial da Fundação Municipal de Educação de Niterói; além das professoras da rede municipal de Niterói Rosana Prado e Ana Cristina Prado.
Outras frentes de trabalho para a inclusão
O projeto inclui o uso de uma tecnologia desenvolvida na instituição que pode ser utilizada por alunos com outras deficiências, como visual e auditiva. Trata-se do software Sigesc Web, uma ferramenta de gestão de ensino na rede pública, que confere agilidade na observação e proposição de alternativas educacionais para esses estudantes. “O software permite o armazenamento de dados e o mapeamento da evolução dos alunos com deficiência incluídos nas escolas. Os alunos com autismo estão sendo avaliados por ele, mas a ferramenta também pode ser aplicada, nas escolas, a alunos com outras deficiências", disse Saul.
Da mesma forma, outro software desenvolvido no INT que pode atender a alunos com diversas deficiências é o Sigesc Ava – Ambiente Virtual de Aprendizagem Cooperativa. “Essa ferramenta permite a inclusão e reprodução, em diferentes mídias, dos tópicos informacionais ou institucionais a serem exibidos conforme a necessidade identificada. A funcionalidade contempla a reprodução das informações em Libras, a linguagem brasileira de sinais, através de vídeo, e de texto e som”, destacou Saul.
Tais Salazar |
Seminário de Educação Inclusiva de Niterói lotou o Auditório |
O INT é uma das 25 instituições selecionadas para compor a Rede de Tecnologia Assistiva, coordenado pelo Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Essas unidades serão responsáveis pela elaboração de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação voltados à melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Dezoito estados e o Distrito Federal tiveram núcleos habilitados pela ação, que integra o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver sem Limite, lançado pela presidenta Dilma Rousseff em fevereiro de 2011. Mais informações sobre o projeto e sobre a linha de pesquisa Tecnologia Assistiva para Educação Inclusiva estão disponíveis no blog: http://escolainclusiva.int.gov.br
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