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Publicado em: 28/11/2013
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Fórum Mundial da Ciência no Rio promove diálogo pelo desenvolvimento

Débora Motta

                                                                  Lécio Augusto Ramos
 
 Mesa de encerramento do fórum: evento resultou em declaração
 com recomendações para nortear o futuro da produção científica
  
A importância do conhecimento científico para a redução das desigualdades sociais foi a tônica do VI Fórum Mundial da Ciência (WSF, da sigla em ingês), realizado no Rio de 24 a 27 de novembro. Durante esse período, a capital recebeu mais de 700 pesquisadores e representantes de 120 países. Realizado pela primeira vez fora da Hungria, onde foi criado, o fórum foi uma plataforma de debates sobre as políticas nacionais e internacionais de pesquisa, com o tema a "Ciência para o desenvolvimento sustentável global". A realização do evento na cidade maravilhosa foi parte de uma estratégia para destacar a produção das potências científicas emergentes.

A atuação da FAPERJ para o fomento à ciência, tecnologia e inovação no estado do Rio de Janeiro foi destaque durante a sessão de encerramento do fórum, nesta quarta-feira, 27 de novembro, no Windsor Hotel, em Copacabana. O presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, comemorou o fato de a Fundação ter alcançado recentemente a marca de um bilhão de dólares destinados ao financiamento dos programas institucionais, desde 2007. “Hoje, o estado do Rio de Janeiro investe mais de 200 milhões de dólares em ciência, tecnologia e inovação por ano, por meio de um amplo leque de auxílios e bolsas, em todas as áreas do conhecimento”, disse.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis, agradeceu o papel da FAPERJ como uma das instituições que apoiaram a realização do fórum. Para Palis, as instituições de fomento à ciência, tecnologia e inovação vêm contribuindo, em última instância, para amenizar as desigualdades sociais. “É preciso que estejamos mais empenhados na erradicação da pobreza, sendo a inclusão um fator fundamental para o desenvolvimento sustentável”, assinalou o matemático.

Para o diretor de desenvolvimento científico e tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Fernando Ribeiro, o fórum foi realizado em um momento propício para o desenvolvimento da C,T&I nacional. “A situação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação é extremamente positiva. Hoje, o País tem uma base científica e tecnológica robusta e um mercado doméstico em expansão”, afirmou. No entanto, ele lembrou que ainda existem muitos desafios a serem superados no setor. “Devemos aumentar a produtividade econômica, que está estagnada no padrão dos anos 1990, e a inclusão social. Esses desafios estão na pauta da Finep e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação”, apontou.

O presidente do Conselho Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva, lembrou que a institucionalização do apoio à C,T&I no País, com a criação de um sistema de agências de fomento, ainda é recente. “A criação do CNPq ocorreu apenas em 1951, quando mais da metade da população brasileira vivia em áreas rurais e em um contexto em que existiam pouquíssimas instituições de pesquisa no País. Agora, o financiamento à ciência ganhou extrema importância e se tornou o principal componente para o desenvolvimento nacional”, destacou Oliva.    

 Lécio Augusto Ramos
       
 O presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, comemorou   
    o repasse de um bilhão de dólares à C,T&I, desde 2007

O fórum deixou como legado uma declaração final, com recomendações sobre o futuro da produção científica, divulgada na mesma ocasião. Entre as recomendações aprovadas pelos participantes, estão a cooperação científica internacional e ações nacionais coordenadas para o desenvolvimento sustentável global. "Num sistema global complexo, com interdependências ambientais, econômicas e sociais, o desenvolvimento sustentável só é possível  quando os esforços globais e nacionais são coordenados", diz o texto.

Outra recomendação relaciona-se à educação para a redução das desigualdades e promoção da ciência e inovação global e sustentável. "Proporcionar educação de qualidade em ciência, tecnologia e engenharia deve ser considerada uma prioridade", diz o texto que classifica a educação básica como elemento fundamental da cultura moderna e componente vital da capacidade de um país para competir na economia global.

Nos três dias de conferência, foram discutidos temas de diferentes áreas, desde Amazônia, desenvolvimento sustentável e fontes renováveis de energia até o envelhecimento da população e a redução de riscos de desastres naturais com ajuda da ciência e tecnologia. O encontro foi organizado pela ABC, em parceria com a Academia de Ciências da Hungria, idealizadora e anfitriã de todos os fóruns anteriores, realizados em Budapeste; da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); do Conselho Internacional para a Ciência; da Associação Americana para o Progresso da Ciência; e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).


Theatro Municipal foi palco da cerimônia de abertura

                                                                              Divulgação/ABC
     
    A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, ressaltou o papel da
 ciência, educação e tecnologia para reduzir as assimetrias sociais

A abertura do XVI Fórum Mundial da Ciência foi realizada na noite de domingo, 24 de novembro, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O tradicional reduto da cultura erudita, que desta vez abriu as portas para a ciência, foi o lugar escolhido para o início do diálogo entre diversos expoentes da pesquisa internacional e gestores de políticas públicas para a ciência, tecnologia e inovação.

O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, representando a presidenta Dilma Rousseff, disse durante a solenidade que o fórum seria uma oportunidade de destacar a contribuição das ciências humanas para a formulação de estratégias de combate à pobreza. “Quando jovem, eu tinha a ideia de que a ciência era algo restrito à área de exatas, mas fico feliz em saber que nesse fórum as ciências sociais, que podem transformar diretamente a sociedade, terão destaque”, disse Temer, citando como exemplos de sucesso os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.

A diretora-geral da Unesco, Irina Bokova, a primeira mulher a liderar a organização, destacou a missão do evento. “O papel da ciência, educação e tecnologia para atingir a sustentabilidade é crítico e o Fórum Mundial de Ciência tem se tornado um ponto de referência para o pensamento sobre essa questão. Espero que esse encontro no Rio influencie positivamente na elaboração de políticas públicas, entre elas os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para o período após 2015”, avaliou. Segundo Irina, o número de mulheres cientistas ainda é baixo e só na África, por exemplo, faltam cerca de 2,5 milhões de engenheiros e técnicos. "Devemos popularizar a ciência nas escolas, fazer com que as crianças entendam como ela funciona e aguçar a curiosidade das mentes jovens", completou.

O vice-governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, lembrou que a escolha do Rio de Janeiro como sede do evento este ano é um reconhecimento do processo de crescimento da ciência brasileira, da sua importância e da qualidade de nossos pesquisadores. Ele destacou a grande concentração de universidades, centros tecnológicos e instituições de pesquisa no Rio. “Aqui estão localizados os principais centros de pós-graduação em engenharia, especialmente nas áreas de informática e de telecomunicações, e alguns dos mais importantes parques tecnológicos da América Latina. Estão aqui os centros de pesquisa da GE, L'Oreal, Microsoft, Intel, EMC, Vallourec, entre outros”, disse. O vice-governador também ressaltou o maciço investimento do governo do estado em pesquisa cientifica, por meio da FAPERJ. “O montante este ano chegará a R$ 400 milhões”, informou.

Por sua vez, o ministro da C,T&I, Marco Antônio Raupp, enfatizou o papel da ciência para alcançar o desenvolvimento sustentável. “A ciência brasileira está "nos primeiros estágios da idade adulta, após ter superado a adolescência, mas ainda em fase de crescimento", disse. Raupp destacou, como exemplos de sucesso na área, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "Queremos aumentar o impacto da produção científica brasileira em termos qualitativos", completou o ministro, que também ressaltou a ampliação do intercâmbio de pesquisadores internacionais com instituições brasileiras.

 Divulgação/ABC
     
    O vice-governador Luiz Fernando Pezão destacou o
protagonismo da Fundação pelo desenvolvimento estadual
 
Segundo Gordon McBean, presidente eleito do Conselho Internacional de Ciência (ICSU), a ciência precisa se tornar um bem comum. "A universalização do conhecimento científico será alcançada quando o seu acesso, utilização e produção forem feitos por todos e para todos. Tanto pela escolha do tema, quanto pela forma como foi concebida, essa edição do WSF contribui para que isso aconteça", afirmou.

De acordo com o presidente da ABC, Jacob Palis, apesar de a ciência ter um alcance inegável em todo o mundo, atualmente as sociedades ainda são caracterizadas por disparidades em relação ao progresso. “Realizado pela primeira vez em um país em desenvolvimento, esse encontro tem como enfoque a "Ciência para o Desenvolvimento Sustentável Global". Nós, participantes, temos a responsabilidade coletiva e o desafio de discutir não apenas como a ciência pode ajudar a moldar um mundo melhor, mas também como pode contribuir para reduzir as desigualdades regionais”, disse o matemático.

 

O presidente do Fórum Mundial da Ciência e da Academia Húngara de Ciências, József Pálinkás, foi taxativo em relação à abrangência internacional das desigualdades sociais. “Nosso mundo está tragicamente dividido entre aqueles que têm e aqueles que não têm. A necessidade de desenvolvimento econômico e social apresenta desafios bem diferentes nas diferentes partes do mundo. As conquistas científicas coexistem com fortes desigualdades no acesso aos recursos naturais, água e reservas de comida, recursos econômicos e humanos, assistência médica, educação, infraestrutura de pesquisa, e em geral, no acesso aos benefícios resultantes da ciência”, ponderou. E foi além: “A ciência foi e ainda é a principal contribuinte para o desenvolvimento. Mas, para ser honesto, a ciência também contribui para a divisão da acumulação social e econômica. É chegada a hora de contribuir para reduzir essa divisão.”

 

Durante a cerimônia, houve a entrega do Prêmio Internacional Sultão Qaboos para o Meio Ambiente, concedido pela Unesco. Promovido pelo governo de Omã, ele foi entregue pela ministra da Educação do país árabe, Madiha Al Shibany, com o objetivo de reconhecer a contribuição de indivíduos, institutos ou organizações no gerenciamento ou preservação do meio ambiente, de acordo com as políticas e objetivos da Unesco nesse campo. Os contemplados de 2013 foram a State Forests National Forest Holding, da Polônia, que cuida, preserva e gerencia as florestas públicas polonesas; e a organização de proteção animal Wildlife at Risk, da África do Sul. Os ganhadores receberão US$ 70 mil por seu trabalho, doados pelo sultão de Omã, Qaboos Bin Said. Esta foi a 12 edição do prêmio, criado em 1989. A diretora-geral da Unesco também entregou o prêmio Kalinga de Divulgação Científica ao professor chinês Xiangyi Li, diretor e cofundador do Museu de Ciência e Tecnologia de Pequim.

 

O presidente da Hungria, János Áder, participou da solenidade com uma mensagem transmitida por vídeo. Em seu discurso, ele alertou os participantes do fórum com as palavras do Nobel húngaro Dénes Gábour: “Até agora, o homem tem se levantado contra a natureza. Daqui para a frente, ele se levantará contra a sua própria natureza.”

 

A Jordânia será o segundo país não europeu a organizar o evento, em 2017, anunciou no domingo o presidente da Academia Húngara de Ciências, József Pálinkás. A edição de 2015 voltará a ocorrer em Budapeste, onde foram celebrados os cinco eventos anteriores, iniciados em 2003.

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