Divulgação/CPRM |
Painel com imagem tridimensional do Sahitisuchus fluminensis |
Vinicius Zepeda
Pesquisadores brasileiros acabam de descrever o mais antigo fóssil de réptil encontrado no estado do Rio de Janeiro. Trata-se de uma nova espécie de crocodilomorfo – grupo que reúne formas fósseis e modernas, tais como jacarés, crocodilos e o gavial, que pode ser considerado um parente distante dos atuais crocodilos – que habitou entre 58,5 e 56, 5 milhões de anos atrás, na época do Paleoceno, ou seja, logo após a extinção dos dinossauros, o território onde hoje se encontra a bacia calcária de São José, distrito de Itaboraí, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. Batizado como Sahitisuchus fluminensis – que em tradução livre do idioma xavante significa crocodilo guerreiro do Rio de Janeiro – é a mais antiga espécie encontrada no estado e representa uma linhagem que sobreviveu a grande extinção ocorrida no final do Cretáceo, há 65 milhões de anos. A descoberta foi publicada na edição desta quarta, 15 de janeiro, do periódico internacional PLoS One e anunciada em coletiva realizada na manhã do mesmo dia, no Museu de Ciências da Terra, no espaço do Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), no bairro da Urca, Zona Sul do Rio. Participaram da coletiva os paleontólogos Alexandre Kellner, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e pesquisador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); André Pinheiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Diógenes de Almeida Campos, da CPRM.
Divulgação/CPRM |
Fóssil do crânio do crocodilo guerreiro fluminense visto de cima |
Divulgação/CPRM |
Os paleontólogos Diógenes de Almeida Campos (E), Alexander Kellner e André Pinheiro falam sobre as características da nova descoberta durante a coletiva |
Outro ponto abordado durante a coletiva foi a importância da descoberta da nova espécie. “Isso mostra que diferentes linhagens de crocodilomorfos sobreviveram à extinção de final do período Cretáceo e ocuparam diferentes áreas da América do Sul. Vale destacar que, além de formas mais primitivas, como o Sahitisuchus fluminensis, no mesmo depósito de Itaboraí foi também encontrado o crocodilomorfo Eocaiman itaboraiensis, da linhagem dos aligátores, relacionado aos atuais jacarés. Isso mostra que, no local, coexistiram espécies primitivas e mais modernas, uma combinação não encontrada em nenhum outro lugar do Brasil”, conclui Kellner. Em Itaboraí, ainda foram encontrados milhares de pedaços de ossos e dentes isolados de mamíferos, principalmente marsupiais, que viveram na América do Sul após a extinção em massa de final do Cretáceo. Esses fósseis de répteis raramente são encontrados e ainda serão objeto de estudos.
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