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Publicado em: 22/10/2015
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Jovens mulheres cientistas em noite de premiação

Aline Salgado

O prêmio Para Mulheres na Ciência contemplou sete
 cientistas (Fotos: Michel Monteiro/ACS-Secti/RJ)

O Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, recebeu na última terça-feira (20/10), em noite de gala, as sete jovens mulheres cientistas brasileiras contempladas na 10ª edição do prêmio Para Mulheres na Ciência, uma parceria da L'Oréal Brasil com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). Único programa brasileiro voltado a mulheres cientistas, a iniciativa seleciona jovens pesquisadoras das áreas de Ciências Físicas; Biomédicas, Biológicas e da Saúde; Matemáticas; e Químicas e concede bolsas-auxílio no valor de US$ 20 mil, o equivalente a R$ 79 mil, para que as premiadas deem continuidade a seus projetos de pesquisa.  

Em cerimônia para convidados e autoridades, as cientistas falaram da emoção de terem seus projetos e currículos selecionados em um grupo de 400 inscritos. Coube a uma comissão especializada formada por 15 renomados profissionais da área científica, dentre eles o presidente da ABC, Jacob Palis, selecionar as ganhadoras. Entre as sete vencedoras estão duas pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ambas já contempladas anteriormente em diferentes linhas de fomento da FAPERJ: Cecília Salgado, da área de Ciências Matemáticas, e Karín Menéndez–Delmestre, de Física. 

Natural de Porto Rico e há quatro anos lecionando na UFRJ, Karín é uma autoridade reconhecida no campo da Astrofísica. Com 38 anos, a cientista tem um extenso currículo, que inclui 37 artigos já publicados e mais de 1.200 citações, das quais 350 referem-se às publicações como primeira autora (Obs: em artigos científicos, é comum a participação de vários cientistas, sendo o autor da iniciativa o "primeiro autor"). Ela estuda a evolução de galáxias e busca entender os processos de suas formações, por meio de observações da Via-Láctea e de universos distantes. 

Para a pesquisadora, a ciência sofre hoje com a falta de diversidade, de gênero, classe e raça. "São nichos que precisam ser explorados. Ao se abrir o leque para a diversidade, expandimos também as possibilidades de ideias na ciência", afirmou Karín, antes da cerimônia de premiação. 

Segundo ela, as mulheres carecem de ícones femininos na ciência, nomes que as inspirem a participar da comunidade científica já nos primeiros anos de vida escolar. "Minhas referências femininas também foram limitadas e, durante o meu doutorado, precisava fazer um exercício diário para impor minhas ideias em uma turma de maioria masculina", contou Karin, que era a única doutoranda do curso de Astronomia, realizado no prestigiado Caltech, California Institute of Techonology, nos Estados Unidos. 

As pesquisadores da UFRJ Cecília Salgado (E) e Karín
Menéndez–Delmestre (D) com Eliete Bouskela

Presente à cerimônia de premiação, a diretora de Tecnologia da FAPERJ, Eliete Bouskela, faz coro à constatação da cientista. Ela ressaltou que a situação da mulher na ciência é ainda bastante desigual, no Brasil e no mundo. "A Academia Brasileira de Ciências conta apenas com 13,8% de participação feminina. Já a Academia Brasileira de Medicina e a Academia Francesa de Medicina contam com cerca de 6%, cada uma. As mulheres começaram a aparecer agora no meio acadêmico e científico e a tripla jornada, trabalho-casa-filhos, ainda se configura como um obstáculo", avaliou. 

Eliete apontou que entre os pesquisadores de nível 2 há já uma equivalência de gêneros. No entanto, quando se avança na formação acadêmica, a participação feminina diminui. Atento a esse desequilíbrio, o presidente da ABC, Jacob Palis, disse que tem ampliado os esforços para aumentar a participação feminina na produção científica nacional.  

"A ABC luta com todo o vigor possível para que as mulheres ocupem lugares de destaque e esse prêmio é uma das iniciativas mais importantes nesse sentido. Torcemos para que as vencedoras continuem competentes e sigam na vida acadêmica", disse.

Segunda representante do Rio de Janeiro na premiação, a pesquisadora da UFRJ Cecília Salgado avalia que o preconceito com a mulher é um dos principais entraves para a evolução feminina na sociedade. "É preciso que se crie mais oportunidades para que as mulheres sejam inseridas e vistas na sociedade em posições de destaque. O preconceito não é exclusivo da ciência, está enraizado na sociedade como um todo", afirmou.

Com apenas 33 anos, Cecília, que fez o doutorado em Teoria de Números pela Universidade de Paris VII, está desenvolvendo, com mais dois colegas, uma pesquisa sobre códigos corretores de erros, fundamental na solução de falhas na transmissão de informação por sistemas de comunicação como linhas telefônicas ou discos rígidos. "Na Matemática não nos faltam exemplos sensacionais de cientistas mulheres, mas a população precisa conhecê-las mais e ver o trabalho de ponta que realizam", acrescentou. 

Durante a cerimônia de premiação, o presidente da L'Oréal Brasil, Didier Tisserand, apresentou alguns números da Unesco que reafirmam a necessidade de se estimular a participação feminina na ciência. Segundo os dados, há apenas 30% de mulheres cientistas no mundo, sendo somente 10% em posição de decisão. "O mundo precisa de ciência e a ciência precisa das mulheres. Este é ainda um mundo bastante masculino. É preciso que tenhamos uma diversidade de gênero na ciência, o que gerará uma diversidade nas pesquisas também. Através desse prêmio, buscamos encorajar mais cientistas a desenvolverem seus trabalhos de pesquisa", afirmou o executivo.

Ao lado de Didier Tisserand (à esq.), da L'Oréal Brasil,
o governador Pezão acompanha a cerimônia no Palácio

Já o governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão lembrou dos esforços da FAPERJ em promover a produção científica no estado. "Nos últimos oito anos  foram investidos R$ 2,5 bilhões em ciência, tecnologia e inovação no estado. Apesar de todos os esforços, as mulheres são ainda subaproveitadas e não podemos prescindir da força feminina", declarou. Junto com Pezão, participaram da cerimônia a primeira-dama do Estado, Maria Lucia Horta Jardim, o vice-governador, Francisco Dorneles e o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Gustavo Tutuca.

A Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Federal do Pampa (Unipampa) também tiveram representantes contempladas no prêmio. Uma das contempladas de São Paulo, a pesquisadora Alline Campos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), busca uma forma de produzir medicamentos mais efetivos e que produzam menos efeitos adversos, para tratar pacientes que sofrem de ansiedade e depressão.

Outra representante de instituições paulistas, Tábita Hunemeier, cientista do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da (USP), tenta elucidar em seu projeto as bases genéticas de características morfológicas dos nativos americanos (indígenas), para tentar encontrar variações genéticas que os diferenciam fisicamente das populações de outros continentes. Do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, a pesquisadora Elisa Brietzke estuda o envelhecimento precoce de indivíduos bipolares, com a progressão da doença. O objetivo futuro é desenvolver e testar medicamentos capazes de bloquear o seu avanço.  

Do Rio Grande do Sul, a cientista da Unipampa, Daiana Ávila, foi premiada por liderar um estudo sobre uma nova terapia para a Esclerose Lateral Amiotrófica, doença genética, degenerativa e sem cura. No Paraná, a pesquisadora Elisa Orth, do Departamento de Química da UFPR busca desenvolver novos catalisadores que acelerem eficientemente diversas classes de reações químicas para, assim, obter enzimas artificiais que poderiam ser usadas para resolver problemas genéticos — relacionados a doenças como câncer, fibrose, mal de Parkinson, mal de Alzheimer, entre outras.

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