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Publicado em: 03/11/2016
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Doença de Chagas e o barbeiro: informação é a melhor forma de erradicação

Danielle Kiffer

Os cinco blocos elaborados por José Jurberg: material didático
que contém informações sobre o barbeiro (Fotos: Divulgação)

Mesmo depois de mais de um século de sua descoberta, a doença de Chagas ainda é considerada uma das principais endemias da América Latina, responsável pela infecção de 1,9 milhão de brasileiros, segundo dados de 2010 do Ministério da Saúde. A pergunta que fica é: como erradicar esse mal que existe há tanto tempo e continua fazendo vítimas? 

De acordo com um dos maiores pesquisadores do Brasil no assunto, o entomologista José Jurberg, coordenador e um dos fundadores do Laboratório Nacional e Internacional de Referência em Taxonomia de Triatomíneos (LNIRTT), centro de referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde, a melhor maneira de combater, ou pelo menos, prevenir a doença de Chagas é uma fusão de diversas ações, sendo uma delas a difusão da informação. Principalmente no interior do País, onde a incidência da doença é maior. “O barbeiro, inseto triatomíneo e um dos principais vetores de transmissão da doença, não será exterminado nos próximos milhões de anos. Por isso, é importante fazer com que as pessoas, principalmente aquelas que habitam áreas rurais, saibam como se prevenir”, justifica Jurberg. 

Para isso, com o apoio do edital Apoio à Produção de Material Didático, da FAPERJ, ele criou um material de divulgação que consiste em cinco miniblocos e um atlas iconográfico dos triatomíneos do Brasil como base para consultas e informações sobre os barbeiros e sobre a doença. Os cinco blocos trazem fotografias de cada espécie de barbeiro, com dados sobre suas principais características, incluindo seu tamanho real, seus principais habitats, morfologia e distribuição geográfica, formando uma coleção.

Espécie comum no Norte do País, o barbeiro do tipo
Pastrongylus rufotuberculatus se esconde em frestas da parede

Ilustrações descrevem o ciclo de vida do barbeiro, desde ovo até a fase adulta; fotos mostram seus principais esconderijos, como rachaduras nas paredes, telhados de palha, paredes de pau-a-pique e galinheiros. Há ainda a descrição das formas de transmissão da doença, que tanto pode ser pela picada do inseto ou ingerindo-se algum alimento contaminado por suas fezes, que contém o protozoário causador da doença, por transfusão de sangue ou até mesmo durante o parto.

“Atualmente são conhecidas 140 espécies de barbeiros em todo o mundo. No Brasil, estão assinaladas 63 espécies. A finalidade principal de nosso projeto é a educação de todas as comunidades sujeitas à doença. Com fotos coloridas e dados sobre cada uma dessas espécies disseminadas pelo País, nossos agentes de saúde podem divulgar essas informações e ajudar a prevenir o problema”, complementa o pesquisador. 

Cada um dos blocos abrange uma região do País. No bloco sobre o norte, encontramos as fotos de 35 espécies de barbeiro reconhecidas na região. Um deles, o Pastrongylus rufotuberculatus, mede de 24 a 28 milímetros e habita principalmente palmeiras e árvores, e eventualmente se escondem nas proximidades dos domicílios, como em galinheiros, por exemplo. 

A ideia de desenvolver esse material surgiu porque, no passado, Jurberg precisava dar a cada um dos agentes de saúde exemplares dos diferentes tipos de barbeiro do insetário do LNIRTT,  que mantém 45 espécies de barbeiros em 150 colônias, sendo considerado o maior do mundo em diversidade. “No fim das contas, esses exemplares não chegavam inteiros aos locais de destino e não serviam para fazer o reconhecimento da espécie.” Além disso, Jurberg achava necessário preparar um material que contivesse mais informações. “Assim, as pessoas ficam sabendo onde os barbeiros se escondem e podem tomar medidas para evitar o contato, melhorando as paredes de suas casas, exterminando os insetos perto das residências e evitando o consumo de alimentos como caldo de cana de açúcar, açaí, entre outros, em áreas de contágio”, complementa o pesquisador. Desde 2010 até agora, já foram distribuídos nove mil exemplares do Atlas, que está em sua terceira edição, e 14.740 exemplares dos blocos, que já estão na quinta edição. 

Doença de Chagas

Coordenador do LNIRTT, o entomólogo Jurberg
estuda há 56 anos 
a doença de Chagas 

Em 1909, a doença de Chagas foi descoberta pelo sanitarista brasileiro Carlos Chagas, que na ocasião combatia a malária no interior de Minas Gerais. O vetor da doença é  protozoário Trypanosoma cruzi – batizado assim por Chagas para homenagear o cientista Oswaldo Cruz. – que usa o barbeiro como hospedeiro. O nome "barbeiro" se deve ao costume do inseto picar as pessoas na região do rosto.

A doença de Chagas não é transmitida ao ser humano diretamente pela picada do inseto. A transmissão ocorre quando a pessoa coça o local da picada e as fezes eliminadas pelo barbeiro penetram pelo orifício que ali deixou. A transmissão pode também ocorrer por transfusão de sangue contaminado e de mãe para filho, durante a gravidez. No Brasil, foram registrados casos da infecção transmitida, por via oral, em pessoas que consumiram caldo de cana ou açaí contaminados por esses insetos. 

Laboratório de referência em taxonomia de Triatomíneos (LNIRTT)

O LNIRTT foi criado há 107 anos e em 1989 foi selecionado pelo Ministério da Saúde como um laboratório de referência. O local tem um grande insetário, com cerca de 24 mil espécies, sendo 45 espécies de barbeiros em 150 colônias. Segundo o coordenador do laboratório, o entomologista José Jurberg,  é um dos maiores do gênero no mundo,  A coleção está informatizada e seus dados disponíveis no site www.splink.org.br 

Jurberg estuda os triatomíneos e a doença de Chagas há 56 anos. Com tantos anos de pesquisa, ele tem 202 artigos publicados e três livros sobre insetos. Criou o curso de especialização lato sensu em entomologia médica na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e por sua contribuição à pesquisa e conhecimento sobre a doença de Chagas, em outubro o pesquisador foi laureado pela Academia Nacional de Farmácia (ANF).

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