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Publicado em: 22/06/2017 | Atualizado em: 28/08/2017
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Arte em azulejaria para colorir o Observatório do Valongo*


Aline Salgado

    
 Traçar o desenho de 60m x 4m, que terá 16 mil azulejos,
exige um trabalho de equipe (Foto: Divulgação/UFRJ)

No céu do Morro da Conceição, localizado no bairro da Saúde, Zona Portuária do Rio de Janeiro, os pesquisadores do Observatório do Valongo, unidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (OV-UFRJ), observam muito mais do que os astros que formam o sistema solar. As pipas, com seus diferentes tipos e cores, é que dão o tom especial àquela região de rica tradição histórica e arquitetônica, marco da ocupação inicial dos portugueses na cidade. Foi pensando em capturar esse espírito que envolve o Morro da Conceição, onde fica localizado o primeiro observatório astronômico do País, que a artista plástica Laura Taves criou o painel em azulejaria para colorir o muro externo do OV, próximo ao Jardim Suspenso do Valongo, na encosta oeste do morro. Embora esteja pronto desde 2013, o projeto ainda depende de recursos para sua colocação.

O projeto foi encomendado por Carlos Roberto Rabaça, professor de astronomia da UFRJ, e um dos organizadores do Projeto Mauá, o “portas abertas” do Morro da Conceição, na zona portuária do Rio de Janeiro. Por meio do financiamento da FAPERJ, através do edital de Apoio à Produção e Divulgação das Artes do Estado do Rio de Janeiro, de 2011, o pesquisador conseguiu recursos para a iniciativa, que visa promover a divulgação científica e a integração dos moradores da localidade e de bairros vizinhos às atividades realizadas dentro dessa unidade acadêmica da UFRJ.  

"Há seis anos iniciei um projeto para colocar o observatório mais em contato com a sociedade e a comunidade. Abrir mais as portas do Valongo, literalmente. Foi assim que comecei a dialogar com artistas do Morro da Conceição e tive a ideia para o projeto artístico", conta Rabaça.

A missão de dar vida ao que Rabaça imaginava foi entregue à artista plástica Laura Taves, que tem um ateliê na Zona Portuária. Ali, ela desenvolve trabalhos que combinam a produção artística a projetos educacionais e a ações sociais, culturais e urbanas.  Laura assinou diversas intervenções artísticas em espaços públicos, sendo uma delas o painel no Túnel João Ricardo, o túnel da Central do Brasil, e a arte na fachada do novo prédio anexo ao antigo edifício da Escola Tasso da Silveira, em Realengo. A unidade de ensino foi reformada logo após a tragédia, em abril de 2011, quando um ex-aluno matou a tiros 12 crianças da instituição. 

Estudantes participam do traçado do desenho do
painel (Foto: Divulgação/Laura Naves)

Mais de 16 mil azulejos formarão um grande painel de 60 metros de comprimento por 4 metros de altura. Juntos, os quadradinhos compõem uma cena estilizada do Sistema Solar, em azul e branco, com elemento em amarelo e laranja, simbolizando o sol e a lua, respectivamente. Espalhadas pela obra, representações de pipas carregam desenhos infantis, que recontam as origens da cidade do Rio e trazem mensagens otimistas sobre o futuro, idealizadas e desenhadas por moradores e alunos de escolas vizinhas ao Morro da Conceição.

“Uma das formas de se observar o céu, as pipas são um símbolo da cultura e tradição local. Por isso, decidimos preenchê-las com os desenhos dos jovens de escolas da região e moradores do morro. Ao todo, 80 pipas receberam o trabalho artístico da comunidade”, afirma Laura.

Desde 2013, o painel aguarda a disponibilização de recursos para ser exposto ao público. Laura Taves e Carlos Rabaça contam que a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), gestora da prefeitura do Rio na Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha, havia se comprometido a custear as obras de reestruturação do muro e a instalação da obra de arte, assim como a UFRJ. Até hoje, no entanto, o apoio não se concretizou. 

Carlos Rabaça em atividade com alunos de escola da
comunidade (Foto: Divulgação/Laura Naves)

Laura explica que a instalação dos 16 mil azulejos exige um corte especial, que tem que ser feito no momento da colocação do painel. "Não é simples como colocar um azulejo no banheiro!", salienta a artista. Para Rabaça, apesar da frustração, ainda há esperança: "Contamos em conseguir a sensibilização dos empresários e uma nova parceria, para, enfim, tirar o painel do ateliê".

Sobre o Observatório

O Observatório do Valongo descende do antigo Observatório Astronômico da Escola Polytechnica, fundado em 1881 pelo Dr. Manuel Pereira Reis, ao lado do Convento de Santo Antônio, no morro homônimo. Na época, o observatório teria a função principal de prover aulas práticas de Astronomia e Geodésia aos alunos da Escola Politécnica (Poli) e aos aspirantes da Escola da Marinha. Em 1901, iniciou-se a compra dos instrumentos que dariam início à montagem deste observatório.

Em 1907, chegou ao Brasil o Telescópio Refrator Cooke & Sons, equipado para fotografia astronômica, à época o maior refrator do País. Essa função-mor de instituição para ensino da Astronomia veio a ser a principal característica do observatório, mesmo após sua transferência para o Morro da Conceição, na década de 1920, devido às necessidades de urbanização da cidade do Rio de Janeiro. O novo observatório fundado foi nomeado, inicialmente, Observatório do Morro do Valongo.

Em 1928, as atividades no observatório entram em um processo de estagnação e em 1936 a direção da Poli decide extinguir oficialmente a cátedra de astronomia e geodésia. Os anos seguintes são marcados pela quase ausência de atividades acadêmicas no observatório. Em 1957, as instalações do observatório são cedidas ao Centro Brasileiro de Pesquisas Astrofísicas (CBPA), mas a cessão é revogada no ano seguinte, por conta de irregularidades cometidas por sua administração. Em 1958, os astrônomos do Observatório Nacional Mário Ferreira Dias, Alércio Moreira Gomes e Luís Eduardo da Silva Machado decidem recuperar o prédio e seus instrumentos para então, ali, criar o Curso de Graduação em Astronomia da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), do qual o Observatório do Valongo seria o sítio de aulas práticas. O curso foi o único no País a oferecer graduação na área até o início do século XXI.

Com a reforma universitária de 1967, o observatório foi incorporado à UFRJ, ligado ao curso de graduação em Astronomia, do Instituto de Geociências (IGeo). Só a partir de 2002, o Observatório ganhou status de unidade da UFRJ, sede dos cursos de graduação, mestrado e doutorado em Astronomia.

Para mais informações, ligue para (21) 2263-0685
(Com informações do OV/UFRJ).

*Reportagem originalmente publicada em Rio Pesquisa, Ano X, Nº 35 (Junho de 2016)

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