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Publicado em: 17/02/2022 | Atualizado em: 18/02/2022
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Um olhar sobre a obra de Raul Pompeia: talento nas Letras e nas Artes

Débora Motta

Ilustração do próprio Raul Pompeia
para O Ateneu mostra a entrada do
protagonista da trama, Sérgio, no
internato, aos 11 anos (Acervo BN)

O escritor Raul Pompeia (1863-1895) costuma ser lembrado na história da literatura brasileira como o autor de O Ateneu, obra em que tece uma crítica de costumes à sociedade imperial e ao seu sistema educacional. O talento de Pompeia, contudo, ia bem além das Letras. Um minucioso estudo sobre o legado do autor desenvolvido pelo professor Gilberto Araújo de Vasconcelos Júnior, do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), revela que ele também foi um importante ilustrador. “Ele foi o primeiro artista a atuar de modo constante tanto no desenho como na ficção. Na história da literatura do Brasil temos outros escritores que também foram caricaturistas, como Aluísio Azevedo e Araújo Porto-Alegre, mas não com a mesma constância da produção de Pompeia, que passou a vida toda produzindo imagens e textos. Ele se tornou um ilustrador das suas próprias obras, o que não era comum no século XIX”, disse Araújo, que recebe apoio da FAPERJ por meio do programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE).    

De acordo com o pesquisador, a maneira como Pompeia concebia suas ilustrações não apenas reproduzia o que estava escrito. O desenho, para ele, era uma peça fundamental da composição. “Texto e ilustração criavam juntos os sentidos da obra. Todos os desenhos de O Ateneu foram feitos por ele mesmo”, contextualizou Araújo. O professor explicou que a primeira edição da obra, publicada em 1888, saiu sem ilustrações. Depois, de 1888 até 1894, Pompeia concebeu os desenhos, e entregou as ilustrações para Francisco Alves, um dos grandes editores do século 19 no Rio de Janeiro, que enviou o material para a impressão no parque gráfico de Paris, na França. Porém, depois de mergulhar na produção artística do autor garimpando diversos acervos, como o da Biblioteca Nacional, Araújo constatou que as ilustrações originais foram alteradas nesse processo. “Os desenhos originais foram alterados na França. Passaram inclusive tinta nanquim por cima das ilustrações, originalmente a lápis. Essa versão foi publicada em 1905, dez anos após a morte do autor. Minha pretensão é reeditar O Ateneu com os desenhos originais, apresentando essa faceta menos conhecida dos leitores em geral”, justificou.

Araújo se dedica ao estudo da obra de Raul Pompeia desde os tempos do seu mestrado, defendido na UFRJ em 2011, quando se debruçou sobre as Canções sem metro, livro póstumo do autor que reúne apenas poemas em prosa e que o pesquisador reeditou em 2013 para a Editora da Unicamp. “A obra de Pompeia é citada nos estudos de literatura brasileira, mas pouco explorada. Ele se tornou popularmente conhecido por ser o autor de um livro só, O Ateneu, mas a minha contribuição é mostrar que ele deixou uma produção extensa e multifacetada. Escritor, cronista, jornalista e ilustrador, foi ainda amigo de vários artistas plásticos no século XIX e crítico de Arte, apesar de sua morte precoce, por suicídio, aos 32 anos”, destacou.

Araújo destaca a vasta produção
artística de Raul Pompeia


Incompreendido em seu tempo, ele foi um republicano convicto, abolicionista e ateu desde jovem. Nascido em Angra dos Reis, fez os primeiros estudos no Colégio Abilio, uma escola particular frequentada pela elite imperial, situada à rua Ipiranga, em Laranjeiras, e que foi a inspiração para O Ateneu. Depois concluiu seus estudos no Colégio Pedro II, onde teve problemas com alguns professores, e publicou aos 17 anos a novela abolicionista Uma tragédia no Amazonas. Em seguida, foi para a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, onde se tornou próximo do abolicionista Luís Gama e começou a atuar na imprensa com caricaturas. “Pouco se vê desse material iconográfico de Pompeia. Tenho o objetivo de localizar esses jornais e estudá-los pelo viés das relações entre textos e imagens”, concluiu. Após novas divergências políticas na faculdade, por ter se mantido mais próximo ao grupo republicano do Marechal Floriano Peixoto, Pompeia transferiu seus estudos de Direito para Recife, onde começou a escrever O Ateneu. Em 1888, já no Rio, publicou esta obra, inicialmente no periódico Gazeta de Notícias. Ele foi ainda diretor da Biblioteca Nacional, em 1894, e professor de Mitologia na Escola de Belas Artes (EBA). Na Academia Brasileira de Letras, foi patrono da Cadeira número 33.

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