FAPERJ assina protocolo com Academia Nacional de Engenharia

Em iniciativa inédita no âmbito de governo, a FAPERJ, por meio de sua diretoria, firmou nesta quarta-feira, 6 de abril, protocolo de intenções com a Academia Nacional de Engenharia (ANE), visando à cooperação mútua e a realização de programas e projetos que venham a contribuir para o desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio de Janeiro. O protocolo, firmado na sede da FAPERJ na presença de alguns dos principais expoentes da engenharia no país, terá duração inicial de dois anos, podendo ser renovado.

Durante a cerimônia de assinatura, o diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, afirmou que a iniciativa deve ser vista como um marco para o início de pesquisas e projetos que poderão, no futuro, se transformar em políticas públicas. “Acredito que esse protocolo é o primeiro passo para um projeto maior, estruturante e estratégico, voltado para o fortalecimento das engenharias em nosso estado”, disse Rocha Filho. O titular da FAPERJ lembrou ainda que as engenharias têm o seu papel na inclusão social e na agenda de desenvolvimento das nações. “Precisamos unir esforços para a revitalização da engenharia. Um conjunto de ações efetivas e articuladas neste segmento nos ajudará a combater a pobreza e a exclusão social no estado”, disse.

O presidente da ANE, Paulo Bancovsky, afirmou que o protocolo poderá contribuir para o desenvolvimento de uma política de amortecimento das pressões externas que o país vem sofrendo nos últimos anos. “Em razão de uma concorrência assimétrica com países mais avançados tecnologicamente, hoje a engenharia nacional está relegada a nichos de mercado. Precisamos reunir nossas competências e talentos e virar esse jogo para que possamos nos colocar novamente à altura dos desafios da engenharia neste início de milênio”, disse.

A solenidade de assinatura do protocolo contou com a participação de treze membros da ANE, representantes de diversas instituições públicas e privadas do estado e de coordenadores de área da FAPERJ, responsáveis pela avaliação de solicitações de auxílio encaminhadas à instituição. No texto do protocolo, estão previstas, além da realização conjunta de programas e projetos, a promoção de atividades de caráter de pesquisa, desenvolvimento e inovação no campo do conhecimento e práticas de tecnologia e de engenharia para o progresso e desenvolvimento do estado.

Participantes debatem sugestões para dar início à cooperação

Após a assinatura do termo, os participantes fizeram as primeiras sugestões para dar início à cooperação entre a FAPERJ e a ANE. O presidente do Conselho Empresarial de Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Fernando Sandroni, depois de destacar o bom desempenho da FAPERJ na atual gestão da Fundação, disse que é preciso centrar a discussão nos investimentos do setor público e privado. “Sem investimentos não é possível fazer engenharia. Devemos nos concentrar na área de investimentos públicos e privados para que possamos traçar uma linha de ação conjunta”, opinou. Sandroni endossou a proposta de Rocha Filho de que o convênio examine a possibilidade de levar uma pauta de sugestões à Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, prevista para o período de 24 a 27 de outubro, em Brasília.

Ao lembrar que o Rio de Janeiro ainda é a “caixa de ressonância nacional”, o engenheiro metalúrgico e professor Waldimir Pirro e Longo, disse que a assinatura do protocolo terá repercussão nacional. “É a primeira vez que a ANE recebe, por meio da FAPERJ, apoio do governo”, lembrou. “No passado, a engenharia formava em torno de 12% dos alunos, enquanto hoje forma apenas cerca de 8%. Vamos ter, em breve, um pólo de metalurgia no Rio e corremos o risco de ter de importar engenheiros”, disse. O presidente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro, Francis Bogossian, concordou com Pirro e Longo. Ele disse acreditar que o Rio pode ser a mola propulsora de uma iniciativa mais ampla, nacional, no campo da engenharia. “Precisamos trabalhar para um desenvolvimento nacional que contemple, de um lado, a absorção da tecnologia externa, e, do outro o desenvolvimento de tecnologias nacionais”, disse.

Montar um painel para discutir as propostas de forma mais efetiva foi uma das sugestões do engenheiro Paulo Ferreira de Souza Filho: “Espero que esse convênio se torne o núcleo de um esforço nacional. Precisamos debater o que será o futuro da engenharia no país dentro de 20 ou 30 anos, e, a partir daí, sugerir mudanças nas grades e currículos de nossas instituições de ensino”.

Ao fim da reunião, o diretor-presidente da FAPERJ lembrou que a governadora Rosinha Garotinho já manifestou seu desejo de ver um programa estruturado para o Estado do Rio no âmbito das engenharias. “O governo do estado tem uma política para a ciência e a tecnologia e quero frisar que não estamos aqui para tratar simplesmente da alocação de recursos. Nosso objetivo, nessa parceria com a ANE, é debater e promover ações que possam reverter em benefícios para a população do nosso estado”, disse Rocha Filho.

Na reunião, foram apresentadas diversas sugestões para o encaminhamento de propostas visando a implementação do termo de compromisso, com a participação de Fernando Venâncio Filho, Luiz Flávio Autran Monteiro Gomes, Rosseau Leão C. Filho, Ronald Carreteiro, Tércio Pacitti, Maurício Medeiros Alvarenga, Ari Marques Jones, Djenane Pamplona, Jacob e Clara Steinberg.