Apesar de os 120 lugares somados às cadeiras extras colocadas no auditório do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), na Urca, zona sul do Rio, terem sido insuficientes para acomodar a quantidade de expoentes das mais diversas áreas da C&T fluminense interessados na palestra do ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, na segunda-feira, dia 5 de setembro, o encontro pôde ser visto e ouvido por um número ilimitado de pessoas.
A Rede Rio/FAPERJ possibilitou que a palestra fosse acessada, ao vivo, pela internet, por quem não encontrou lugar ou não pôde comparecer. Organizador da homenagem ao ministro, o secretário de CT&I do Estado do Rio de Janeiro, Wanderley de Souza, abriu o encontro mencionando a veiculação pela Rede Rio/FAPERJ, que agora tem a capacidade de transmissão de um gigabit por segundo.
O diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, fez uma avaliação positiva da transmissão. “Ela mostra a agilidade da Rede Rio/FAPERJ numa de suas possíveis aplicações a serviço da comunidade científica”, avaliou. Os usuários que acessaram as palestras são um exemplo de como a internet contribui para que a ciência não fique restrita aos muros universitários.
Eles puderam assistir a um panorama sobre a ciência e a tecnologia nacionais nos últimos 40 anos e as perspectivas para os próximos anos, traçado por Sérgio Rezende. Para Rocha Filho, o ministro mostrou de forma clara as metas e programas de sua pasta. “Destaco, sobretudo, a visão do ministro sobre a importância de se integrar a política de C&T com o desenvolvimento econômico do país”, afirmou.
Sérgio Rezende disse que, pela primeira vez no Brasil, está se construindo uma política de C&T ligada à indústria. “Essa política começou a ser implantada no ano 2000 e tem conseguido avançar”, afirmou o ministro, que citou como exemplo a aprovação da Lei de Inovação, que está para ser regulamentada.
O ministro falou das perspectivas para o próximo ano. Ele estima que os Fundos Setoriais recolham cerca de R$ 1,8 bilhão em 2006. Adiantou ainda que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) ordinário (sem os recursos dos Fundos Setoriais) terá R$ 60 milhões no ano que vem.
O ministro, contudo, não se limitou a falar do futuro. “Nos anos 1960, contavam-se nos dedos os pesquisadores pioneiros nas várias áreas do conhecimento. Não havia ambiente ou salário integral para se fazer pesquisa. A comunidade científica de hoje foi construída nos últimos 40 anos”, observou.
De acordo com Rezende, embora nos anos 1970 o Estado tenha assumido a operação de setores essenciais no Brasil, tudo era feito à margem do sistema de C&T. “Não era um plano no sentido de ter metas ou orçamento. As empresas do governo tinham uma política industrial que não se interligava com a inovação. Em 1980, as empresas já estavam instaladas, mas a política industrial continuava a correr em paralelo com a de C&T”, disse.
Segundo ele, nos anos 1990, tanto a política de C&T quanto a industrial ruíram. “A política industrial não resistiu porque, neoliberal, promoveu uma abertura indiscriminada do mercado e fez com que muitas empresas nacionais deixassem de ser nacionais”, opinou. Para ele, o setor industrial não estava preparado para competir no mercado internacional por não incorporar a inovação. “A C&T não está na cultura da sociedade. Temos que trabalhar em defesa da política de ciência e tecnologia”, afirmou.
Depois de discorrer informalmente sobre o quadro nacional de C&T e de sua atuação à frente do ministério, Sérgio Rezende foi homenageado pela comunidade científica fluminense num jantar na Churrascaria Estrela do Sul, no Plaza Shopping, em Botafogo.
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