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Publicado em: 29/09/2005
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Para não engolir sapos na ciência internacional

Perereca Scinax trapicheiroiPesquisadores brasileiros publicaram, semana passada, na revista Science (vol. 309, de 23 de setembro) um artigo questionando a inclusão, pela Avaliação Global de Anfíbios (Global Amphibian Assessment - GAA) de dezenas de espécies de anfíbios numa lista de animais em extinção que serve de base para a conhecida “lista vermelha” (“redlist”) da União Mundial para a Natureza (IUCN). De acordo com os especialistas do GAA, 110 espécies de anfíbios estão ameaçadas no Brasil. Para os pesquisadores brasileiros, entretanto, o risco envolve 24 espécies.

O GAA considera como ameaçado um animal encontrado apenas em uma extensão geográfica restrita. O artigo, publicado na seção Technical Comment e assinado por Bruno Pimenta, Célio Haddad, Luciana Nascimento, Carlos Cruz e José P. Pombal Jr. questiona esse critério. De acordo com Pombal, do Departamento de Vertebrados do Museu Nacional/UFRJ, esta é a situação da maioria dos bichos da floresta atlântica, e isso não significa que eles estejam ameaçados. “Como muitas espécies de anfíbios da Mata Atlântica freqüentemente apresentam uma distribuição geográfica pequena, não é possível usar sem flexibilidade o critério de tamanho da área de ocorrência. Se isso é feito, muitas espécies abundantes em trechos da floresta atlântica são incluídas, equivocadamente, em listas de espécies ameaçadas”, afirma Pombal, que recebe auxílio da FAPERJ na pesquisa “Taxonomia e biologia reprodutiva de anfíbios da Mata Atlântica”.

Segundo os critérios da IUCN, uma espécie não encontrada por muito tempo também pode ser classificada como ameaçada. Há uma tendência de se acreditar que os anfíbios estão intrinsecamente ameaçados na Mata Atlântica, uma vez que 92% do bioma já foi destruído. Entretanto, a maior diversidade biológica está justamente nas áreas mais acidentadas, sem ocupação humana.

perereca ameaçadaOutra crítica feita pelos autores brasileiros diz respeito à inclusão de espécies com pouca informação científica, referidas como DD (data defficient - dados deficientes). “Muitos anfíbios brasileiros estão nessa categoria. Sabemos que a espécie existe e que alguns poucos exemplares foram encontrados. Julgamos que estas espécies não apresentam dados suficientes para serem incluídas em qualquer lista”, diz Pombal. No artigo publicado por Simon Stuart et al em 2004 (Science 306), diversas espécies DD foram consideradas “em declínio rápido”. “Isto inflou artificialmente a lista. Pode até ser que estejam ameaçadas de extinção, mas o fato é que não sabemos nada a respeito”, observa.

De acordo com Stuart, espécies ameaçadas podem ser definidas com base em evidências ou como precaução – estratégia adotada pela IUCN por ser “realista”, segundo o autor respondeu na mesma edição.

As inclusões consideradas indevidas pelos brasileiros podem ter um efeito contrário aos interesses conservacionistas, agravadas pelas leis do país em relação ao estudo da vida selvagem. “Em casos de estudos onde há remoção de exemplares da natureza, e particularmente em áreas de conservação, a burocracia é imensa. Entretanto, é este tipo de estudo que fornece as informações necessárias sobre a distribuição geográfica e a classificação das espécies,fundamentais para se saber quais delas são ou não ameaçadas. No momento atual, a inclusão indevida de uma espécie na lista de ameaçadas prejudica o avanço do conhecimento sobre ela – fato reconhecido pela própria IUCN, que pretende recomendar aos governos que não dificultem as coletas científicas de espécies consideradas ameaçadas”, explica Pombal.

A discussão, que vem ocorrendo desde a divulgação da lista do GAA no ano passado, está em polvorosa, especialmente após a publicação da contra-argumentação brasileira.

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